O ‘grande público’ é movido pelas sensações. Sejam em formas tangíveis ou não. Basta haver identificação, intrínseca ou explícita, que o material produzido é assimilado. Atualmente, grande parte da sociedade absorve, consome e promove os produtos da indústria midiática. A opinião pública ainda é extremamente vulnerável às influências exercidas sobre ela. O governo e principalmente as empresas privadas fazem uso disso, demonstrando grande interesse em possuir o espaço publicitário. Seja televisivo, radiofônico, impresso ou online.
Na mecânica dessa indústria criam-se e recriam-se seres que se tornam ídolos, semideuses, heróis e até referenciais ideológicos. Julgados pelos valores da população, são os olimpianos. Essa nomenclatura não se popularizou no Brasil. Aqui os conhecemos como celebridades. São as grandes figuras da fama e da mídia. Sejam atores, políticos, esportistas, religiosos, artistas de cinema ou modelos, entre outros. Semideuses que povoam a mídia e arrastam multidões.
O pensamento do filósofo Edgar Morin faz menção clara a essa categoria: ‘no encontro do ímpeto para o real e do real para o imaginário.’ A partir da década de 1950, após a 2ª Guerra Mundial, os Estados Unidos conseguiram, através da mídia, disseminar sua cultura e influenciar substancialmente o mundo ocidental. Grande ferramenta dessa disseminação foi o cinema. O país norte-americano intensificou a proporção da influência olimpiana em escala mundial até os dias atuais.
‘O gosto médio tem nivelado por baixo a cultura nacional, todo mundo lê o que todos lêem, todo mundo ouve o que todos ouvem, todo mundo escuta o que todos escutam’, diz o escritor paraibano Ariano Suassuna. Ele afirma que essa cultura escraviza e deteriora a cultura nacional e critica a influência nociva da mídia em geral na cultura brasileira.
Questão da fidedignidade
Na matéria de capa do mês de julho – ‘A indústria da fama’ –, a revista Imprensa tratou da magnitude do mercado da fama no Brasil. Um nicho que movimenta milhões e que mantém uma estrutura faraônica. São revistas especializadas, grifes, campanhas, canais, sites, livros, biografias, álbuns, roupas, alimentos e inúmeros outros produtos que levam a imagem dos olimpianos.
O jornalista e biógrafo Fernando Morais recentemente terminou de escrever a biografia do escritor Paulo Coelho, O Mago (grande exemplo de influência olimpiana). Escreveu também livros retratando a história de nomes como Assis Chateaubriand (Chatô), Olga Benario (Olga) e a Ilha (que retrata a história de Cuba). Atualmente trabalha na produção da biografia de marechal Casimiro Montenegro. Produto encomendado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Um exemplo de que as celebridades tornaram-se produtos.
Por tratar-se de uma indústria, é necessária a utilização de estratégias de marketing e agressividade de mercado. Vemos então o porquê de o mercado publicitário estar em ascensão. Entretanto, o assédio e a invasão de privacidade dos olimpianos revelam a hostilidade da indústria da fama. São inúmeros os casos de flagras através das câmeras dos paparazzi. Desde modelos na praia até esportistas na noite. Um caso que acabou em tragédia, apesar de ter mais de uma versão, é o da princesa Diana, morta num acidente após seu automóvel ser seguido por fotógrafos em busca de fotos bombásticas.
Inseridos no mercado da fama estão inúmeros profissionais da comunicação responsáveis por retratar e entrevistas esses personagens. Levanta-se então a questão da responsabilidade desses comunicadores. A profissão jornalística tem como essência prestar serviço à sociedade, prezando pela imparcialidade e pela verdade das informações. São inúmeras as publicações jornalísticas que fazem fortuna em cima das celebridades. Mas até que ponto essas informações são confiáveis? E as colunas sociais, como estão tratando a questão da fidedignidade dentro de um mercado tão complexo como esse?
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Estudante de Jornalismo, Osasco, SP