A organização Repórteres Sem Fronteiras [18/10/05] acusou o governo iraniano de aumentar o controle sobre a internet em medidas recentes que incluem a contratação de uma empresa iraniana, Delta Global, para estabelecer um novo sistema de censura online. A organização noticia que, embora o Irã esteja desenvolvendo um modelo opressivo de administração da internet, o país participa ativamente dos debates sobre a governança da rede presentes na Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, que terá sua próxima edição na Tunísia, em novembro.
‘Estas novas medidas apontam para um endurecimento ideológico no governo iraniano e um desejo do novo presidente, Mahmoud Ahmadinejad, de centralizar sua autoridade. As medidas também mostram que existem facções dentro do partido dos conservadores, já que o último sítio proibido, Baztab.com, é administrado por partidários do líder supremo do Islã, aiatolá Khamenei’, afirma a RSF. O editor do sítio Baztab.com, Foad Sadeghi, afirmou que o mesmo foi banido devido à divulgação de artigos sobre negociações nucleares no país. O bloqueio temporário do sítio parece refletir um racha entre os que apóiam o presidente e aqueles que ainda são fiéis ao aiatolá. O presidente, com o apoio dos militares, está tentando controlar o aparato interno do governo e impor seu mentor, aiatolá Mesbah, como sucessor de Khamenei.
A RSF mostrou-se também preocupada com as declarações de Rahim Moazemi, chefe-executivo da empresa Delta Global, sobre o aumento da vigilância online e da censura – o que seria prejudicial para os internautas e blogueiros iranianos. Moazemi teria afirmado que ele terminaria com a ‘anarquia dos provedores de acesso à internet’ ao centralizar o sistema de filtragem da rede. Ele também teria alegado que a tecnologia de sua empresa era capaz de bloquear o acesso a todas as ferramentas usadas para driblar a censura.
O sistema de censura à internet no Irã não é homogêneo e varia de acordo com os provedores – assim, um sítio pode ser acessível em uma cidade e bloqueado em outra. Desde o começo de setembro, o acesso a pelo menos quatro sítios que incluem cobertura de temas relativos à mulher no Irã foi bloqueado.