Um editor, que denunciava corrupção política, enfrenta uma longa recuperação e está escondido junto com a família, duas semanas após ser atacado por pistoleiros. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas apelou hoje [8/4] às autoridades brasileiras para que conduzam uma completa investigação sobre o caso.
Dois agressores não-identificados atiraram duas vezes em Maurício Melato Barth, proprietário e editor do jornal quinzenal Info-Bairros, atingindo suas pernas, em frente à casa do jornalista em Itapema [SC], cidade localizada na Região Sul do país, por volta das 20h do dia 23 de março.
Conforme Barth informou ao CPJ, os médicos disseram que ele enfrentará até 15 meses de tratamento para que consiga andar normalmente. Desde que deixou o hospital, há uma semana, o editor e sua família estão escondidos. O Info-Bairros deixou de ser publicado, e Barth disse não saber quando poderá retomar o trabalho.
Barth disse ao CPJ que o ataque ocorreu após a publicação de uma série de artigos denunciando a corrupção governamental em Itapema, cidade com aproximadamente 30 mil habitantes no estado de Santa Catarina. O jornalista disse ter recebido ameaças anônimas, por telefone, antes do atentado.
O delegado encarregado do caso acredita que os pistoleiros não tiveram a intenção de matar, mas de intimidar Barth e enviar-lhe uma mensagem, segundo a imprensa local. Os investigadores também informaram não ter descartado motivações relacionadas à vida pessoal do jornalista.
Barth disse acreditar que seu trabalho no jornal motivou o ataque. André Gobbo, editor do Jornal Independente, de Itapema, disse ao CPJ que também acredita que o ataque esteja ligado à cobertura sobre corrupção local feita pelo Info-Bairros.
O Brasil continua sendo um lugar perigoso para jornalistas, que muitas vezes são alvo de políticos corruptos, criminosos e traficantes de drogas. Quatro jornalistas brasileiros foram mortos pelo seu trabalho nos últimos cinco anos, de acordo com pesquisa do CPJ.
‘Nos condenamos o violento ataque contra Maurício Melato Barth’, disse a diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper. ‘Apelamos às autoridades para que conduzam uma rigorosa investigação e processem os responsáveis’. [Nova York, 8 de abril de 2005]
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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, radicada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todas as partes do mundo