O Google anunciou na quarta-feira (2/11) que completou a primeira grande
expansão no banco de dados do seu projeto de biblioteca virtual, o Google Print,
adicionando textos completos de mais de 10 mil obras que não estão mais
protegidas sob direitos autorais, selecionadas nas coleções das bibliotecas das
universidades americanas de Michigan, Harvard, Stanford e na Biblioteca Pública
de Nova York. A adição das obras representa o primeiro grande grupo de material
disponível eletronicamente destas bibliotecas que, juntamente com a biblioteca
da universidade de Oxford, na Inglaterra, fizeram um acordo com o Google no ano
passado para permitir que o conteúdo de partes ou de toda a coleção de seus
livros seja escaneado e disponibilizado na rede.
Os textos completos podem ser acessados no sítio do Google
Print. Os usuários podem salvar páginas individuais e copiar
trechos do material. A impressão ainda é limitada a páginas individuais por vez,
de acordo com Adam Smith, gerente-sênior de produtos do Google.
De graça, alvo de críticas
O Google Print foi muito criticado por detentores de direitos autorais e
editoras e chegou a ser processado pela Associação de Editores Americanos e pela
Authors Guild, grupo que representa milhares de escritores nos EUA. Em agosto, o
Google chegou a interromper temporariamente a digitalização dos livros para dar
às editoras e detentores de direitos autorais a oportunidade de notificar
especificamente quais volumes eles não queriam que fossem escaneados – no
entanto, eles não concordaram com a decisão, alegando que cabe ao Google obter
permissão de copiar as obras. O Google afirmou esta semana que voltaria a
escanear os trabalhos protegidos sob direitos autorais em novembro, para
disponibilizar partes deles na rede.
Pagando, apoio das editoras
Assim como o Google, a livraria virtual Amazon
anunciou na quinta-feira (3/11) que está desenvolvendo projetos que tornam
acessíveis aos internautas páginas, seções ou capítulos dos livros. Um dos
projetos, batizado de Amazon Pages, seria baseado em sua tecnologia Search
Inside the Book (busca dentro do livro), que permite que o internauta compre, a
um preço reduzido, as páginas, seções ou capítulos que quiser, após realizar uma
busca pela palavra-chave – como, por exemplo, uma única receita de um livro de
receitas ou um capítulo específico de um manual. Outro, chamado de Amazon
Upgrade, permite que as pessoas encomendem um livro na versão online.
A Random House, maior editora dos EUA, apoiou o projeto, mas propôs um modelo
de micropagamento, através do qual os leitores pagariam US$ 0,05 por página
vista – destes, US$ 0,04 seriam para a editora dividir com o autor do livro. A
iniciativa pode fazer com que as editoras e escritores que processaram o Google
vejam no sistema de busca uma maneira de lucrar, fornecendo cópias mais antigas
de livros que ainda estão protegidos sob direitos autorais, mas não estão mais
disponíveis nas livrarias.
Jeffrey P. Bezos, executivo-chefe da Amazon, afirmou que a decisão de
permitir que partes dos livros sejam baixadas, copiadas ou impressas vai ser
tomada pela editora ou pelo autor do livro.
Paul Aiken, diretor-executivo da Authors Guild, considerou o anúncio da
Amazon ‘um desenvolvimento positivo’. ‘Esta é a maneira que deve ser: dar aos
consumidores acesso aos livros, mas com lucro para editoras e autores.
Conceitualmente, algo similar pode ser possível para o programa do Google’,
opinou Aiken.
Nate Tyler, porta-voz do Google, disse que a empresa recebeu bem a notícia do
programa da Amazon. ‘Amazon é um parceiro valioso e nós temos links para ela
para que as pessoas possam comprar livros que busquem no Google Print’, afirmou.
Informações de Edward Wyatt [The New York Times, 3 e 4/11/05].