Quantos ambientalistas e quantos desenvolvimentistas militam em cada redação? Ontem (quarta-feira, 14/05) e hoje (quinta, 15/05) os principais colunistas examinaram a saída da ministra Marina Silva sob o ponto de vista estritamente político: a crise anunciada afinal materializou-se. Difícil saber o que pensam na intimidade sobre as questões ambientais.
Como as empresas jornalísticas apostam no crescimento acelerado, padrão chinês, seus porta-vozes também se engajam no desenvolvimentismo sem freios. Adoram a expressão responsabilidade social, mas detestam controles e regulamentos.
Para mostrar imparcialidade, os grandes veículos mantêm em geral um colunista da linha ecológica, o Estadão é exceção, tem três (Washington Novaes, José Goldenberg e Marcos Sá Correa, sendo que Washington Novaes é uma instituição, o decano do jornalismo ambiental).
Disto se conclui que Marina Silva demitiu-se não apenas porque lhe faltou o apoio do presidente Lula, mas porque não encontrou na mídia, ao longo da sucessão de batalhas que travou, o suporte necessário para enfrentar os adversários históricos.
As revistas coloridas alarmam-se com o degelo das calotas polares e a sorte dos ursinhos brancos. A mesma emoção não aparece na luta pela preservação da Amazônia.
Se o novo ministro, Carlos Minc, não contar com o apoio imediato e ostensivo da mídia na defesa do meio ambiente, melhor começar a escolher o seu sucessor.