Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornais viram a página

A mídia impressa parece ter cansado de explorar caso Isabella; pelo menos não tem sido mais motivo de primeira página nos principais jornais do país.O crime, que antes aparentava ser produto de venda nas primeiras páginas, hoje virou notinha do caderno ‘Cotidiano’.

Como é dito no jargão popular, a fila andou. Infelizmente, o caso Isabella não é o primeiro que sai das capas dos jornais sem antes ter um desfecho. Aliás, por onde andam mesmo Carla Cepollina, Pimenta Neves, o juiz Lalau, entre outros que um dia serviram para para vender tantos exemplares dos jornalões? Quem quiser obter notícias sobre estes que citei, pesquise muito, pois pelo que parece notícia que deixou de vender deixa de ser relatada.

É notável, pelo menos por aqueles que observam a imprensa, que grande parte da mídia brasileira age desta forma com freqüência, mesmo porque os jornais não estão preocupados em saber por quem Isabella foi morta, nem mesmo a revista eletrônica dominical quer informar, filmando os olhos marejados de lágrimas da madrasta, se os pais são ou não culpados. O que eles querem mesmo é vender e se o assunto não interessar mais à população vampiresca que aguarda disposta a sugar os culpados, com as pedras nas mãos, prontas para apedrejá-los, julgá-los, matá-los e fazer justiça com as próprias mãos, se esta população de curiosidade efêmera perder o interesse pelo assunto, pronto, os jornais viram as páginas e deixam sem respostas os que buscam por notícias.

Respeitar o receptor

Por tudo isso se faz necessária uma reflexão sobre o exercício do jornalismo e a necessidade de questionamentos. Formamos opiniões para que? Será que não propomos debates muitas vezes desnecessários, já que não demonstramos em nossas escolhas por pautas a importância que para nós, jornalistas, elas realmente possuem?

Para tanto, não sugiro aqui massacrar o leitor com artigos, editoriais e reportagens sobre um mesmo assunto; pelo contrário, a pluralidade deve existir sempre. O que precisamos é pelo menos respeitar o receptor, mostrando-lhe que independentemente dele comprar ou não o jornal, a notícia será notícia sempre, ou estarei sendo utópica demais?

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Estudante de Jornalismo da faculdade Uninove, 5º semestre