Alguns países estão insatisfeitos com o controle americano da internet, devido ao fato de grande parte do sucesso da economia global depender do bom funcionamento da rede e também devido à não-receptividade dos EUA em relação às preocupações estrangeiras nos últimos anos. Embora possa haver soluções multilaterais para esta questão, no momento, apesar das reclamações, seria para melhor interesse de todos manter o controle da internet no local onde ela foi fundada – os EUA –, opina o New York Times em editorial [30/10/05].
Os representantes dos EUA terão uma oportunidade – na qual serão necessárias firmeza e diplomacia – para diminuir as preocupações de seus aliados e até de seus inimigos na Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, que acontece este mês na Tunísia. Idealmente, talvez uma única nação não deva realmente deter o controle da internet e, em especial, da regulação dos domínios da rede. No entanto, este controle por parte dos EUA vem funcionando muito bem, defende o jornalão americano. Uma possibilidade seria passar o controle para a ONU, mas isto também significaria ‘muitos cozinheiros na cozinha’, com alguns deles de países nos quais a liberdade de expressão é algo questionável, como China e Irã.
Desde 1998, o Icann – associação sem fins lucrativos, sediada na Califórnia, ligada ao Departamento de Comércio americano – lida com as complexidades de nomes de domínios, números de protocolo da internet (IP) e outras questões técnicas, para que o fluxo virtual de informações seja organizado e, acima de tudo, possível.
Pressupõe-se que o governo americano não interfira nas decisões da associação. Mas isto não ficou exatamente claro na mais recente discussão sobre uma possível criação de um domínio exclusivo para sítios com conteúdo pornográfico (.xxx em vez de .com). Aqueles que se opunham ao novo domínio, incluindo o conservador Conselho de Pesquisa Sobre a Família, enviaram quase seis mil cartas para o Departamento de Comércio em protesto à proposta. O Departamento enviou então uma carta ao Icann pedindo o adiamento da decisão. Este tipo de comportamento pode ser considerado uma pressão política, o que dá abertura para críticas internas e externas quanto ao controle da internet.