Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Substituído editor crítico ao governo

Desde que assumiu a presidência da Rússia, há cinco anos, Vladimir Putin é acusado de usar a estatal Gazprom para neutralizar qualquer tentativa de crítica ao governo feita pela mídia nacional. A fórmula é simples: o braço de mídia da Gazprom, gigante do setor de energia, compra os veículos de comunicação que apresentam alguma ameaça.


Em 2001, foi a vez da emissora de TV NTV, adquirida pela companhia após transmitir programas que satirizavam políticos e tratavam da guerra na Chechênia. Este ano, foi comprado o Izvestia, um dos mais antigos jornais da Rússia.


Publicado desde 1917, o diário expressava a posição oficial do governo durante o período soviético, mas foi transformado num veículo liberal moderado em 1991. No ano passado, o jornal criou polêmica ao publicar fotos das vítimas do massacre na escola em Beslan. Na ocasião, o editor Raf Shakirov foi demitido – diz-se que – por pressões feitas por membros do governo à então proprietária Prof-Media.


Esta semana, foi anunciada a saída do editor-chefe do Izvestia, Vladimir Borodin, que recentemente publicou uma série de artigos críticos ao governo. Borodin será substituído por Vladimir Mamontov, veterano do mundo dos tablóides e ex-editor-chefe do Komsomolskaya Pravda, dedicado a explorar fofocas de celebridades e a sujar o nome dos oponentes do Kremlin.


Observadores de mídia afirmam que Borodin estava fazendo um trabalho bom demais para ser tolerado pelas autoridades. Representantes da Gazprom negaram que a troca de editor tenha tido motivação política. Mamontov afirmou que pretende trabalhar para aumentar a circulação do Izvestia, mas ressaltou que isso não significa que o diário será transformado em um tablóide. Informações de Tom Parfitt [The Guardian, 9/11/05].