Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Estudos atestam dependência de pais e filhos

Dois estudos publicados na edição da novembro da revista Pediatrics fazem um retrato da relação das crianças dos EUA com a televisão – e, por conseqüência, do comportamento dos pais diante desta relação.

Um dos estudos, realizado por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, buscou determinar se as novas diretrizes da Academia Americana de Pediatria sobre TV são aplicadas e respeitadas na prática. Entre outros fatores, a Academia sugere que os pais devem limitar o tempo das crianças com mais de dois anos de idade na frente do aparelho de televisão a não mais de duas horas diárias, e que crianças não devem ter TVs no quarto.

Os pesquisadores entrevistaram 180 pais e filhos sobre seus hábitos com relação à mídia. As crianças estudadas tinham entre seis e 13 anos. A pesquisa mostrou que a maioria destas crianças passa pelo menos três horas por dia diante da TV.

‘Fazer com que os pais tenham consciência de quanto tempo seus filhos passam diante de uma tela é importante’, afirma a coordenadora do estudo, Amy Jordan, pesquisadora do Centro Annenberg de Pesquisas de Política Pública, da Universidade da Pensilvânia. ‘Quando os pais começam a contar, descobrem que este número chega a quatro ou cinco horas diárias’.

TV por toda a parte

A casa média estudada pelos pesquisadores tinha quatro aparelhos televisivos, e dois terços das crianças tinham TVs nos quartos. Pelo menos metade das residências tinha televisões na sala de jantar ou na cozinha. Grande parte dos pais afirmou não ter nenhuma regra com relação à TV, e poucos disseram restringir a quantidade de tempo que os filhos passam na frente dela. ‘Eu acho que a mídia se tornou uma parte muito integrada da vida da maioria das famílias americanas. Mudar isso radicalmente seria um choque para o sistema familiar’, diz Amy. ‘As crianças dependem da TV para diversão e distração, enquanto os pais a vêem como uma babá barata’, completa.

Muitos dos pais disseram que achariam melhor se suas crianças assistissem a menos televisão, mas não sabiam como fazer esta mudança e temiam que os filhos fossem ficar entediados sem programas de TV ou vídeo games. O que estes pais não compreendem, diz a pesquisadora, é que ficar entediado também é uma parte importante do desenvolvimento infantil. É neste momento, em que as crianças não estão sendo passivamente distraídas, que elas podem usar sua criatividade e explorar algo novo. ‘É aí que elas podem jogar um lençol sobre a mesa de jantar e construir com forte, ou brincar de se esconder, ou descobrir o jardim. Isso é bom para seus corpos e mentes’, afirma Amy.

Má-influência

O segundo estudo, comandado por Madeline Dalton, diretora do Centro Hood para Crianças e Famílias, concentrou-se especificamente nos hábitos das crianças com relação aos filmes com classificação ‘R-rated’ – permitidos para menores de 17 anos, desde que acompanhados pelos pais ou por um adulto responsável.

Madeline e sua equipe entrevistaram, por dois anos, mais de 2.600 pais e filhos nos EUA. As crianças tinham entre nove e 12 anos. Segundo a pesquisa, 45% dos pais não deixavam que seus filhos assistissem a estes filmes, que não são recomendados para menores de 13 anos. Do grupo que podia assistir a este tipo de filme, um terço estava sempre acompanhado dos pais, mas dois terços assistiam, por vezes, sozinhos.

‘Eu fiquei bastante surpresa em como poucos pais estabelecem restrições e monitoram a que filmes os filhos assistem’, diz Madeline. Segundo o estudo, crianças com restrições a estes filmes têm cerca de 40% menos risco de fumar ou beber na adolescência. Para as crianças que assistiam aos filmes na companhia dos pais, o risco de fumar diminuía, mas o risco de beber continuava o mesmo. Segundo Madeline, os pesquisadores não sabem ao certo analisar as razões, mas acreditam que, como o índice de pais que bebem é maior do que o de pais que fumam, os pais costumam passar mensagens mais negativas sobre cigarro do que sobre o álcool. Informações de Serena Gordon [HealthDay News, 6/11/06].