Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Diretor de Tropa de Elite faz mistério sobre adaptação para TV


Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 18 de outubro de 2007


TROPA DE ELITE
Alline Dauroiz


Candidato a seriado


‘O diretor de Tropa de Elite, José Padilha, tem motivos para não comentar sobre qual rumo o filme vai seguir se virar seriado de TV. Por meio de sua assessoria, o diretor disse que não se posicionará a respeito por uma ‘questão estratégica’.


A informação é que as duas grandes emissoras que negociam os direitos sobre a idéia e o título têm ofertas diferentes para conduzir a nova produção: uma sugere que o próprio Padilha assine a concepção do programa, enquanto a outra propõe que o diretor abra mão da direção. Dessa forma, argumenta o staff do diretor, qualquer opinião de Padilha neste momento sinalizaria a preferência por uma das propostas. Embora o diretor não revele o nome das interessadas, sabe-se que a disputa está entre Globo e Record.


A principal questão na adaptação do argumento de Tropa de Elite para a TV é saber se as concessões necessárias à transposição da telona para a telinha não vão derrubar a força do enredo. Ao criar um derivado de Cidade Deus para a TV, por exemplo, sob o título de Cidade dos Homens, a Globo e a O2 Filmes tiveram de aliviar toda a violência estampada no filme.’


 


TECNOLOGIA
Roberto Macedo


Um livrão sobre e-desenvolvimento


‘Esse e-desenvolvimento resume conceito que integra o jargão da área de tecnologias de informação e comunicação, ou TICs. É o uso intensivo dessas tecnologias para acelerar o desenvolvimento socioeconômico de um país e melhorar sua competitividade.


Para os interessados no assunto há agora as 1.004 páginas de um livrão recém-lançado. Intitulado e-Desenvolvimento no Brasil e no mundo – Subsídios e programa e-Brasil (São Paulo: Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico e Yendis Editora, 2007), tem três prefácios e 40 capítulos escritos por 61 autores, na sua maioria nomes conhecidos entre os que trabalham com TICs no Brasil. Três atuaram também como organizadores do livro: Peter Knight, Ciro Fernandes e Maria Alexandra Cunha.


O primeiro é um economista americano bastante conhecido no Brasil, também alcançado por sua carreira. Conviveu com vários economistas brasileiros que como ele passaram por programas de doutorado nos EUA no início dos anos 1970. Depois, seguiu carreira no Banco Mundial, em várias posições, inclusive na divisão que cuida do Brasil. Hoje trabalha como consultor, e acompanhei seu longo e intenso esforço no preparo do livrão, cobrando insistentemente os textos dos autores, sugerindo alterações, escolhendo a editora e buscando apoios.


Casado com brasileira, Peter Knight atualmente está enroscado na burocracia de seu processo de naturalização como cidadão deste país. Processos governamentais como esse e outros podem ser acelerados com um dos temas abordados pelo livro, o e-governo, onde as TICs oferecem inúmeras possibilidades, que se estendem da administração tributária à penitenciária, passando por várias outras. É difícil mencionar uma atividade governamental em que as TICs não teriam aplicação para facilitar ações, acelerá-las e ampliar a eficácia e eficiência dos serviços prestados.


Um exemplo de onde já se aplicam vem da recente notícia de que os premiados com o Nobel de Economia deste ano receberam a láurea por suas teorias sobre mecanismos de otimização de negociações. Ou seja, a busca das que trazem o melhor resultado possível para o maior número de pessoas, independentemente dos interesses dos que negociam. Os leilões eletrônicos, já utilizados no Brasil, facilitam a prática dessa teoria.


O e-governo é uma das sete partes do livro, aliás a maior delas, com 11 capítulos. As outras cobrem o programa e-Brasil (que explicarei em seguida), experiências internacionais, estratégia, comunicação e liderança no contexto desse programa, ‘infoestrutura’ e inclusão digital, cidades digitais e setores estratégicos. Estes incluem educação, saúde, segurança pública, justiça, comércio eletrônico nacional e internacional, software e serviços e televisão digital aberta.


Tanto o e-governo como algumas dessas partes e setores dependem muito de políticas públicas voltadas para o e-desenvolvimento. Assim, o programa e-Brasil é uma visão estratégica desse objetivo, juntamente com diretrizes e ações voltadas para alcançá-lo, propondo inclusive o ‘Decálogo do Candidato e-Brasil’ a todos os candidatos a mandatos políticos que se comprometam com o e-desenvolvimento. Os dez pontos cobrem especificamente as políticas públicas voltadas para a inclusão digital e para o uso das TICs nas áreas de educação, treinamento, segurança pública, justiça, comércio, compras governamentais e gestão de serviços públicos em geral, e fomento às mesmas tecnologias, tudo assentado numa estratégia, com coordenação administrativa e forte liderança política.


Estes dois últimos aspectos são particularmente importantes, pois, se as políticas não são tocadas a partir do nível mais alto da administração pública, é impossível aproveitar as economias de escala das TICs e as sinergias de seu uso em diferentes áreas do governo. Quando estas desenvolvem o trabalho isoladamente, é comum surgirem grupos que se isolam nas suas atividades, defendendo interesses próprios, prejudicando o e-governo como um todo e, na ponta da linha, os usuários dos serviços.


Essa preocupação com a política das políticas públicas não é comum em propostas de profissionais ligados a questões tecnológicas. Creio que se explica porque no grupo de autores há vários que ocupam cargos governamentais ou já passaram por eles, e conhecem a enorme distância entre boas idéias e sua aplicação pelo governo.


Assim, tanto pelo seu conjunto como pelos detalhes dos seus capítulos, trata-se inegavelmente de obra de consulta indispensável pelos interessados no tema, inclusive aqueles com interesse despertado por seu faro e objetivos políticos, os tais candidatos que o programa e-Brasil procura alcançar.


Dentre o que os políticos podem fazer, destaco o uso das TICs na educação, o que requer a ampliação da inclusão digital, em cima da tal ‘infoestrutura’ e, nesta, a disseminação do acesso à banda larga. A propósito, cabe um trecho de cordel de Gilberto Gil sobre o assunto: ‘Ou se alarga essa banda e a banda anda/ Mais ligeiro pras bandas do sertão/ Ou então não, não adianta nada/ Banda vai, banda fica abandonada/ Deixada para outra encarnação.’


Para concluir, uma e-dica para conhecer melhor o livrão. Antes de encarar o preço de R$ 98, razoável pelas características do texto, no portal www.e-brasil.org.br há um ícone que dá acesso a vários de seus aspectos, entre eles um resumo, os prefácios, os dois primeiros capítulos, o índice e minibiografias dos autores. E há também informações sobre um livrinho de 92 páginas cujo título começa com e-Brasil. Da mesma editora e dos dois primeiros organizadores citados, foi precursor do livrão e resume suas principais idéias.


Roberto Macedo, economista (USP), com doutorado pela Universidade Harvard (EUA), pesquisador da Fipe-USP e professor associado à Faap, foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda’


 


CULTO AO MITO
Demétrio Magnoli


Che aos 40


‘Há uma década, nos 30 anos da morte de Ernesto Che Guevara, Fidel Castro promoveu a exumação de seus supostos restos mortais na Bolívia, e um novo enterro, num mausoléu na cidade cubana de Santa Clara. De fato, a ossada talvez não pertença a Che Guevara, mas isso importa tanto quanto a veracidade dos milagres atribuídos aos santos: afinal, o revolucionário argentino asmático habita o universo dos mitos.


O mito é uma narrativa isenta das máculas da história. Os biógrafos de Che investigaram o homem que existe atrás do mito – e desvendaram uma figura destituída de empatia humana, um dogmático rude e um fanático incorrigível, que declarou certa vez: ‘Não posso ser amigo de ninguém que não compartilhe minhas idéias.’ Nos cinco meses de 1959 em que comandou a prisão de La Cabaña, Che supervisionou centenas de execuções sumárias, baseadas em meras afirmações dos oficiais de acusação, e justificou esses procedimentos pela proclamação: ‘Isto é uma revolução, as provas são secundárias.’ Nada disso arranhou o mito ou amenizou o culto à imagem eternizada na célebre fotografia de Alberto Korda, que adorna pôsteres, camisetas e até o biquíni de uma modelo.


Che fracassou como líder revolucionário, não uma, mas duas vezes, e não porque a realidade lhe pregasse peças imprevisíveis, mas unicamente em razão de sua incapacidade de separá-la das fantasias erigidas por seu dogmatismo. No Congo, envolveu-se com as forças de Laurent-Désiré Kabila, o senhor da guerra que tomou inicialmente por chefe de uma revolução. Na Bolívia, um país com tradições revolucionárias ligadas aos operários das minas de estanho, imaginou deflagrar um ‘novo Vietnã’ por meio de sua guerrilha na selva. Mas o mito resiste a tudo isso, pois seu núcleo emotivo se organiza em torno da idéia de martírio.


Na narrativa mítica, Che emerge como exemplo de revolucionário humanista e profeta do hombre nuevo, ao qual dedicou um ensaio, escrito em 1965. Na mesma época, em sua passagem como ministro da Indústria de Cuba, ele evidenciou, talvez mais ainda que nas aventuras no Congo e na Bolívia, um arrogante desprezo pelas expectativas das pessoas comuns, advogando a militarização da economia e das relações de trabalho. A estatização até mesmo de pequenas lojas e propriedades rurais familiares é a herança desastrosa que deixou para os cubanos. Esse fardo é amenizado apenas pelo ‘sociolismo’, termo local para o peculiar sistema de favores recíprocos e pequenos furtos cotidianos que propicia acesso a bens indispensáveis, cuja irradiação não seria possível sem o voluntário ‘desaparecimento’ de Che.


O hombre nuevo de Che era a sua própria imagem refletida no espelho: o revolucionário inflexível, movido unicamente pelo imperativo moral, imune a incentivos materiais. Pol Pot, o sanguinário ditador do Camboja, massacrou entre 1 milhão e 2 milhões de compatriotas no curso de uma campanha para a criação do ‘homem novo’. Che, para sorte dos cubanos, não teve a oportunidade de pôr em prática as suas idéias ‘humanistas’. Contudo, persistentemente, o mito sobrevive intacto à história. Mesmo Jorge G. Castañeda, autor de uma lúcida e rigorosa biografia do guerrilheiro, pendura uma frase laudatória na qual aponta Che como a personificação do ‘mais profundo significado’ do ‘fervente idealismo’ da geração de 1968 – algo que colide com cada linha de sua obra.


Um mito não é uma mentira, mas uma narrativa que condensa uma visão de mundo e de futuro. O mito de Che faz parte de um estágio adiantado da degeneração do pensamento comunista, no qual se reinterpreta perversamente, uma vez mais, o prognóstico do Manifesto Comunista segundo o qual ‘a libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores’. A missão libertadora, que em Lenin havia sido delegada a um partido e, com Stalin, a um Estado, tornava-se apanágio de um grupo de revolucionários exemplares, ‘homens novos’ precursores, que deviam servir de modelo à plebe inerte dos homens comuns. Nesse estágio, a polis, fonte da política, deixa a cena e dá lugar ao herói, que a todos salvará com seu sacrifício. A celebração da figura de Che equivale a uma condenação geral da política.


Romântico e reacionário, o mito de Che nasce no solo contaminado pela monstruosidade do ‘socialismo real’ da União Soviética, quando feneciam as grandes esperanças depositadas na classe operária, na luta de classes e nos partidos de massas. Mas esse mito só se difundiu tão amplamente porque desempenhou funções úteis para diferentes atores políticos. Na Cuba de Fidel Castro, que mimetizou o socialismo soviético e se subordinou à geopolítica de Moscou, o culto de Che cumpriu papéis de domesticação social (‘seremos como o Che’, repetem compulsoriamente as crianças nas escolas) e serviu para avivar a influência de Havana entre as correntes de esquerda latino-americanas desencantadas com a URSS. Nessas correntes, funcionou como justificativa teórica da ‘fuga para a frente’, rumo às aventuras guerrilheiras que deixaram um saldo humano trágico, mas permitiram circundar o impasse intelectual representado pela falência, então já evidente, dos partidos comunistas oficiais.


O mito é negação da história, mas os mitos têm sua própria história. Gary Prado, um dos antigos oficiais bolivianos envolvidos na captura de Che, acredita que a adoração do guerrilheiro caído ‘tornou-se uma fábula, um negócio, apenas um show’. Ele repete o senso comum, que está errado. Depois da queda do Muro de Berlim e do fim da URSS, o culto de Che passou a servir, paradoxalmente, como referência de um socialismo livre das manchas indeléveis deixadas pelo totalitarismo stalinista e, também, de um projeto distinto daquele implantado em Cuba, que perdeu quase todo o antigo brilho aparente. A vantagem insuperável do homem que morreu na Bolívia, há 40 anos, é precisamente a circunstância de não ter sobrevivido.


Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP. E-mail: demetrio.magnoli@terra.com.br’


 


MODERNIDADE
Renato Cruz e Márcia De Chiara


Sony deixa de fabricar TVs de tubo no País


‘A TV com monitor de plasma ou de cristal líquido (LCD, na sigla em inglês) começa a aposentar a TV de tubo no País, repetindo o movimento que começou na década de 70 de substituição da televisão preto e branco pela TV a cores. A japonesa Sony será a primeira companhia a desativar a produção no Brasil do televisor com tubo de imagem convencional (CRT).


Até o fim do ano que vem, a empresa deve passar a fabricar no País somente televisores com tela de LCD, disse ontem o gerente de Produtos da Linha de Televisores da companhia, William Lima. ‘Tínhamos 15 modelos de tubo no começo do ano e hoje temos somente quatro’, afirmou o executivo. A empresa lançou novos modelos de LCD, aumentando de sete para 17 as opções na tecnologia.


Além do Brasil, a Sony ainda fabrica TVs de tubo no México e na Ásia. ‘Ainda existe demanda’, afirmou Masakazu Sonoda, presidente de Televisão da Sony América Latina, sobre o mercado mundial. ‘Continuaremos a produzir televisores de tubo por talvez quatro ou cinco anos.’


Ontem, Masakazu Sonoda e Yoshito Ezure, presidente da Sony para a América Latina, lançaram os novos televisores da linha Bravia, de LCD. A Sony terá no mercado, até novembro, cinco modelos com alta definição, prontos para a transmissão da TV aberta digital, que começa em 2 de dezembro na cidade de São Paulo. O consumidor terá que comprar também um receptor, que custará R$ 999, para assistir ao sinal nos televisores da linha Bravia.


Na opinião de Lourival Kiçula, presidente da Eletros, associação que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos, a TV de tubo deverá ter mercado no País por, no mínimo, cinco anos. Ele acredita que o poder aquisitivo da maioria dos brasileiros ainda é insuficiente para comprar um equipamento de tecnologia mais sofisticada, apesar da rápida queda nos preços dos televisores.


‘A estratégia da Sony não é uma tendência entre os fabricantes representados pela Eletros’, disse Kiçula. A expectativa de produção e vendas de televisores de plasma e LCD para este ano é de um milhão de unidades, num universo de 9 milhões de aparelhos, isto é, uma pouco mais de 10% do total.


A avaliação do presidente da Eletros é compartilhada pelo diretor Comercial da Semp Toshiba, Luís Freitas. ‘A TV de tubo é o maior mercado para o potencial de consumo da maioria dos brasileiros’, afirmou o executivo.


Também a Philips, outra gigante do setor que divide o mercado com a Semp Toshiba, não tem intenção de deixar de produzir esse tipo de equipamento no País.


Apesar do forte apelo da nova tecnologia, a troca de aparelhos é lenta. Kiçula lembrou que até o ano 2000 ainda se fabricava TVs preto e branco no País.’


 


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Skype anuncia acordo com o MySpace


‘O site de relacionamentos MySpace assinou um acordo com a companhia de telefonia via internet Skype para que seus usuários possam realizar conversas de voz gratuitamente. O acordo, cujo valor não foi revelado, permitirá conectar as plataformas, com o lançamento do produto ‘MySpaceIM com Skype’, e criar uma comunidade virtual de mais de 330 milhões de pessoas (220 milhões procedentes do Skype e 110 milhões do MySpace).’


 


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Festa para quem venceu em Cannes


‘Uma festa para celebrar os prêmios obtidos pelas agências e publicitários brasileiros durante o Festival Internacional de Publicidade de Cannes é realizada há cinco anos, em São Paulo, desde que o jornal O Estado de S. Paulo representa o evento no Brasil. A motivação tem sido a de reunir toda a equipe envolvida com a conquista dos troféus, disputados em junho. A maioria dos profissionais responsáveis pelas peças vitoriosas em Cannes não viaja à França para receber a premiação.


Os 30 Leões obtidos por brasileiros na 54ª edição do Cannes Lions 2007 – seis de ouro, quatro de prata e 20 de bronze – foram repassados aos integrantes das agências vitoriosas na noite de terça-feira, no La Luna Club. ‘O primeiro Leão a gente nunca esquece’, brinca, parafraseando um slogan clássico da propaganda, Silmo Bonomi, diretor de criação da MatosGrey/G2.


A equipe de Bonomi recebeu um Leão de Bronze por uma ação de promoção de vendas desenvolvida para o cliente Harley-Davidson. Eles criaram uma caixa, batizada de Liberdade, que ao ser aberta liberava vento, imitando a sensação de quem pilota uma motocicleta.’Fizemos uma mala direta dirigida a 30 clientes potenciais, dos quais 18 se motivaram a comprar uma Harley’, conta Bonomi. ‘A empresa gostou tanto da ação que encomendou mais 100 caixas da Liberdade.’


Outra iniciativa de marketing bem sucedida no palco das premiações publicitárias, e também na vida real, por trazer resultados efetivos, foi a ação desenvolvida pela MPM Propaganda para a SulAmérica Seguros, também premiada com um bronze. ‘Foi o nosso segundo Leão’, diz o diretor da agência, Aaron Sutton. ‘A idéia de pôr no ar, em São Paulo, uma rádio dedicada exclusivamente a monitorar o trânsito abocanhou vários prêmios publicitários este ano’, festeja ele. ‘Mas o melhor deles, sem dúvida, foi posicionar a SulAmérica em segundo lugar nas pesquisas de marcas mais lembradas, em apenas seis meses. A empresa ocupava a quinta posição e imaginávamos que chegaria nessa posição em dois anos.’


O Festival de Cannes é a premiação de maior prestígio do mercado publicitário mundial. Todos os anos, mais de 10 mil delegados da indústria da propaganda e de áreas afins comparecem ao evento para premiar as melhores peças de criação em diversos meios de comunicação. Mais de 22 mil peças publicitárias são exibidas e julgadas durante o evento.’


 


LITERATURA
Francisco Quinteiro Pires


‘Eu posso ser um portador do mal’


‘Antes de ser anunciado anteontem vencedor do 5º Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, Gonçalo M. Tavares preferia silenciar sobre o favoritismo. ‘A literatura serve para iluminar a maldade, um assunto ainda por entender’, era o que falava sobre sua obra Jerusalém. Depois de premiado, indicou o que toda sociedade teria a dizer a si mesma: ‘Estar atento e não te esqueças.’ Para ele, as coisas mais estúpidas se repetem se não se der a devida atenção à(s) História(s). ‘Ninguém está afastado de ser o portador do mal.’


E quem fosse atento perceberia os sinais da vitória do escritor português Gonçalo M. Tavares, de 37 anos. No lounge, onde confraternizaram convidados e finalistas do prêmio, uma mesa servia de pouso aos livros dos concorrentes, e o primeiro a esgotar foi Jerusalém. Logo depois, durante o discurso sobre as mudanças na premiação, que pela primeira vez permite literatos estrangeiros de língua portuguesa, o presidente do Grupo Portugal Telecom, Henrique Granadeiro, anunciou, sem revelar o nome, sua preferência por ‘um’ dos três autores vindos de fora do Brasil – o moçambicano Mia Couto e o angolano Ondjaki também concorriam -, mas essa meia inconfidência não estragou a surpresa.


O júri final do Prêmio Portugal Telecom de Literatura, um dos mais importantes do País ao lado do Jabuti, privilegiou uma temática comum, apesar dos estilos diversos dos três premiados. Jerusalém (Companhia das Letras), Macho não Ganha Flor (Record), de Dalton Trevisan, e História Natural da Ditadura (Iluminuras), de Teixeira Coelho, falam de um universo no qual se apresentam a brutalidade, a violência e o horror.


Trevisan levou R$ 35 mil pela coletânea de 22 contos nos quais desfila uma legião de monstros morais. Sua ausência foi justificada em um texto escrito, no qual afirmou que não há ‘nada a dizer fora dos livros’, ‘o conto é maior do que o contista’ e ‘quem me dera o estilo do suicida no último bilhete’.


Em História Natural da Ditadura, pelo qual recebeu R$ 15 mil, Teixeira Coelho luta contra a desmemória do brasileiro a respeito da ditadura militar e a ligeireza em dizer que o autoritarismo está totalmente extinto. ‘Podemos dormir com a democracia e acordar numa ditadura.’ O objetivo de Teixeira Coelho é ‘tentar evitar que algo aconteça’, intenção parecida com a de Gonçalo M. Tavares, que ganhou R$ 100 mil. ‘Daqui a quatro meses, não sei em que condições estarei, eu posso ser um portador do mal’, diz o escritor português, preocupado em despertar a atenção e a memória dos indivíduos.


Jerusalém compõe a tetralogia Reino – Um Homem: Klaus Klump, A Máquina de Joseph Walser e o inédito Aprender a Rezar na Era da Técnica. Ele trata o corpo como morada da dor. Os impulsos de seus personagens são orientados pela razão, pela tortura e pelo afeto, enquanto lidam com os limites da sanidade. Gonçalo sente que algo está ‘borbulhando’ em escala mundial. Crises sociais e econômicas, ele lembra, estão na origem de grandes guerras e de regimes totalitários. O fosso entre ricos e pobres é como um elástico esticado – cada vez mais distantes, as pontas não se tocam -, e ele pode estourar a qualquer momento, pois a tensão está no limite.’


 


Ubiratan Brasil


Livro sobre família disfuncional ganha Booker Prize


‘Nem o olhar enigmático de Ian McEwan, tampouco o tímido sorriso de Lloyd Jones – o foco de todas as câmeras estava concentrado nos grandes olhos e no cabelo joãozinho da irlandesa Anne Enright, anteontem à noite, em Londres, tão logo ela foi anunciada como a vencedora do Man Booker Prize deste ano, derrotando aqueles, considerados favoritos, com o romance The Gathering.


Seguindo o que já parece ser uma tradição, o mais importante prêmio literário do Reino Unido vai para um azarão. Foi assim com Kiran Desai no ano passado, John Banville na temporada anterior e outros antes. Escolhas, porém, que não desmereceram o Booker Prize. É o que esperam os juízes em relação a The Gathering, ainda sem previsão de publicação no Brasil. ‘Trata-se de um livro muito poderoso, incômodo, às vezes até furioso’, comentou o presidente do júri, Howard Davies. ‘É a visão implacável de uma família afligida, escrita com uma linguagem dura e impressionante.’


Diretor da London School of Economics and Political Science, Davies chamou Anne Enright, uma ex-produtora de TV de 45 anos que publicou seu primeiro romance em 1995, de uma autora ‘impressionante’, que escreveu uma poderosa obra com um final ‘absolutamente brilhante’. ‘Tem uma das melhores últimas frases de todos os romances que já li’, afirmou.


Davies disse ainda que foram necessárias duas horas e meia de discussões até chegarem ao vencedor do prêmio de US$ 100 mil. Anne Enright descreveu o livro como o ‘equivalente intelectual a um dramalhão de Hollywood’. ‘Não se trata, portanto, de uma obra facilmente adaptável para o cinema’, disse.


O livro, o quarto de Anne, é narrado do ponto de vista de uma das protagonistas, Veronica Hegarty. Ela decide pesquisar a história da família numa tentativa de encontrar sentido para a morte de seu irmão Liam, um alcoólatra que decide se suicidar jogando-se ao mar. Mas, no caminho, Veronica acaba descobrindo algumas verdades difíceis. ‘Sempre há um bêbado ou alguém que sofreu quando criança nas sagas de famílias disfuncionais’, comentou Anne. ‘Ao mesmo tempo, existe também alguém que conquista o sucesso. ‘Não há como não pertencer a uma família.’


Seu livro anterior é um trabalho de não ficção, Making Babies: Stumbling into Motherhood, publicado em 2004, que relata a sua própria experiência de ter um filho. Sobre o que fará com o prêmio, Anne foi irônica: ‘Comprei um vestido novo e agora terei como pagar.’’


 


FOTOGRAFIA
Simonetta Persichetti


Claudia Jaguaribe e os modos de ver


‘A paisagem está na moda. Tanto no discurso dos ambientalistas como nas imagens dos fotógrafos. Mas cada um tem seu próprio olhar, sua própria maneira de (re) ver a natureza, ou o meio ambiente. Em Quando Eu Vi, exposição da fotógrafa Claudia Jaguaribe, nos encontramos frente a um estranhamento do olhar. Parece até que a paisagem urbana está cansando nosso olhar. Talvez por isso os fotógrafos estejam em busca de outras paisagens: ‘Acho que a natureza é uma coisa comum para a humanidade. É uma necessidade de reatar, algo que nós perdemos’, comenta Cláudia.


E se o perdemos, o fizemos há muito tempo. Os antigos gregos já afirmavam que a filosofia é a busca da finitude humana e diziam que era no cosmos que encontraríamos nossas respostas.


Mas, lógico, que a conversa hoje é outra. Provavelmente hoje buscamos enxergar diferente: ‘Mal ou bem é do pó ao pó, portanto quando você não tem mais a natureza….’, completa.


Pode ser. A exposição de Claudia nos traz essa busca: de um lado minimalista (são poucas imagens); por outro, cada fotografia sintetiza bem o que ela que discutir e nos mostrar. Ela percorreu várias matas e por meio da manipulação criou novas visualidades de um mesmo lugar. Algumas imagens nos trazem o efêmero; a paisagem que a todo o momento pode desaparecer está suspensa no ar. Outras mais densas nos levam para dentro do lugar onde ela esteve. Claudia brinca com a própria idéia da natureza, da paisagem. Imagens que ao mesmo tempo dialogam com realidade/ficção, efêmero/ permanente. Imagens fantásticas que nos perturbam. Claudia constrói um espaço, um cenário para que nosso olhar possa participar: ‘Todo olhar é carregado de uma determinada narrativa. Não consigo olhar para nada sem que me venha um arquivo mental. Não acredito na coisa pura. Meu trabalho é sempre resultado do meu repertório’, explica. ‘Tudo o que eu vejo é transformo é meu real, é minha realidade.’


O nome da exposição deriva deste pensamento: ‘Quando eu vi… mas você pode ir e ver outra coisa, isso não importa.’


Claudia sempre trabalhou suas imagens, muito antes que isso virasse moda ou se tornasse caso de discussão. Para ela a fotografia é uma das formas que tem para contar, para trazer suas inquietações, para conversar com as pessoas. Idéias que nascem de repente. Claudia fotografa sempre. É o caso desta exposição. Há muito ela vinha fotografando natureza, mas sem foco, simplesmente para satisfazer suas indagações. Mas há um ano encontrou o foco e partiu para este trabalho: ‘Fotografar a natureza é muito perigoso’, comenta. ‘Cair na banalidade ou no nada é muito fácil. Não era isso que eu queria!’ O foco passou a ser a natureza como uma narrativa. Mas o arquivo não foi a base. Era o rascunho. Quando achou o caminho saiu para fotografar o que realmente queria. Nas imagens ela brinca com a percepção. Poucos personagens estão inseridos e ao olhar você não consegue decifrar de pronto se o personagem está na imagem ou ele mesmo olhando para foto, assim como você. Modos de ver, modos de olhar. No texto de apresentação da mostra, Juliana Monachesi escreve: ‘A perda de referencial na contemplação da natureza que as obras recentes de Claudia Jaguaribe colocam em questão não está propriamente no registro que a artista fez da Mata Atlântica em diferentes pontos do País; também não está no trabalho de manipulação digital que algumas das fotografias apresentam; nem tampouco está no olhar do visitante diante das imagens mais enigmáticas. Essa falta de referência que se instaura concomitantemente à sensação de familiaridade diante destas paisagens é um sintoma da cultura atual.’ E ela acerta. Esta proposta da Claudia de aprendermos a olhar o que achamos que já conhecemos se coloca quando fitamos ou nos encontramos frente às suas fotografias. O minimalismo também é necessário. Numa época em que a fotografia contemporânea chega gritando e abrindo espaço aos trancos e barrancos, Claudia nos propõe a quietude do ver, da degustação. O que ela nos traz é a perda da perspectiva, coisa que não faz mais sentido no mundo contemporâneo.


A paisagem não por si só, mas sua existência a partir do momento que o homem a percebe como tal. Questões que ela mesma coloca: ‘O que é o natural? O que é construção do homem? A paisagem não é o equivalente exato da natureza assim como a própria fotografia não é o exato do seu objeto. Como percebemos uma natureza ao mesmo tempo longínqua e prestes a desaparecer?’ A resposta pode estar nesta exposição, afinal como afirmava o filósofo Paul Viril: ‘A paisagem é antes de tudo uma criação da estética da paisagem.’ E é isso que as imagens da Claudia Jaguaribe nos propõem.


(SERVIÇO)Claudia Jaguaribe. Galeria Baró Cruz. Rua Clodomiro Amazonas, 526, Itaim-Bibi, telefone 3167-0830. 3.ª a 6.ª, 11 h às 19 h; sáb. até 17 h. Até 19/11′


 


Kelly Lima


Livro e mostra em nome do Redentor


‘Com uma idéia na cabeça e 43 câmeras antigas na mão, a artista plástica e fotógrafa Rosângela Rennó levou fotógrafos cariocas a representarem com esses equipamentos o ‘fim da fotografia analógica’, registrando uma última imagem do Cristo Redentor. Intitulado como A Última Foto, o trabalho que reuniu essas imagens, chega às livrarias, e parte desse acervo pode também ser conferida em exposição aberta na galeria Caixa Cultural, no Rio, até o fim deste mês.


A idéia da artista foi utilizar as máquinas adquiridas para coleção pessoal em feiras, mercados e lojas de antiguidades especializadas, ao longo da última década, para fazer uma última fotografia de um dos principais ícones brasileiros e discutir em cima dessas imagens duas questões polêmicas.


Uma delas é a própria escolha do monumento carioca, um dos principais símbolos brasileiros, para ser o alvo das fotografias. Ainda muito tempo antes de o Cristo ser eleito como uma das maravilhas do mundo moderno – e sem nenhuma ligação com essa votação -, a escolha do Cristo Redentor como objeto das fotografias surgiu a partir da polêmica que envolve a questão dos direitos sobre imagens de obras realizadas por outros artistas, públicas ou privadas. Os herdeiros do escultor Paul Landowski, artista que modelou o rosto e os braços do Cristo Redentor, têm procurado cobrar direitos autorais pela reprodução de caráter comercial da obra, quando esses direitos pertencem à Arquidiocese do Rio de Janeiro, proprietária do monumento.


À parte a escolha do Cristo, a outra polêmica trata da mudança de paradigma imposta pelo advento da fotografia digital na era contemporânea. Rosângela lacrou a lente das máquinas com tinta após a sua utilização pelos fotógrafos para os trabalhos, e as emoldurou ao lado de cada imagem escolhida para a exposição. São câmeras reconhecidas pela extensa vida no fotojornalismo, como a Nikon F2 ou a Canon AE-1; as do tipo box (América Box e Box Tendor), que permitem a sobreposição de imagens; outras que já foram populares, como a Olympus Pen ou Kodak 35; até as lendárias Rolleiflex e demais de médio formato.


As imagens, ora primam pelo tradicionalismo e pela imponência do monumento, como na tomada aérea em preto-e-branco feita pela própria Rosângela, ou ainda no tradicional retrato em cor do Cristo contra um céu intensamente azul, de Rochelle Costi; ora se valem de representações da estátua, com fez Nino Andrés, que utilizou as miniaturas vendidas aos turistas no alto do Corcovado, ou Luiz Garrido, que aproximou a estátua do profano ao registrar em cor a miniatura do Cristo empunhada por uma mulher com unhas vermelhas e colocada sobre seu seio descoberto, desenhando com a sombra dessa imagem na parede a exata silhueta da cadeia de montanhas em que o Morro do Corcovado está inserido na paisagem carioca.


Há ainda quem optou por ‘reduzir’ o tamanho do monumento na paisagem carioca, como Patrícia Gouveia, que fez uma tomada noturna com o casario da Urca em primeiro plano; ou aqueles que preferiam fotos conceituais ou recortes do monumento.


As fotografias trazem ainda marcas da passagem do tempo deixadas nas câmeras, como registros de fungos, riscos, ou até mesmo um furo no foiler do equipamento inglês utilizado pela artista Cláudia Tavares, que permitiu uma nesga de luz instigante no registro noturno do monumento.


Além de convidar uma extensa gama de fotógrafos hoje em alta no mundo da fotografia, como Rogério Reis, Eder Chiodetto, Thiago Barros e Zeca Linhares, Rosângela chamou também para o debate, especialistas, professores e fotógrafos, entre eles o já lendário Thomas Farkas, ou ainda Milton Guran e Antônio Fatorelli, respectivamente coordenadores de cursos especializados na teoria da imagem, nas universidades Cândido Mendes, e UFRJ, para teorizarem sobre o assunto no livro A Última Foto.’


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 18 de outubro de 2007


ROLEX E EXTORSÃO
Clóvis Rossi


O padre e o ‘correria’


‘SÃO PAULO – Imagino que o rapper Ferréz voltará em breve às paginas desta Folha para repetir, sobre o caso da extorsão ao padre Júlio Lancelotti, o que escreveu sobre o Rolex de Luciano Huck. Ferréz terminava assim: ‘No final das contas, todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria ficou com o relógio. Não vejo motivo pra reclamação, afinal, num mundo indefensável, até que o rolo foi justo pra ambas as partes’.


O extorquido (padre Júlio) ficou com a sua vida, o ‘correria’ ficou com o seu Mitsubishi Pajero, o mundo continua indefensável e, por extensão ‘o rolo foi justo para ambas as partes’, certo?


Errado, dirá o adepto da esdrúxula teoria de que é correto roubar da ‘elite’ e só da ‘elite’. Funcionaria até como distribuição de renda (sei que a teoria é ridícula, mas o ridículo no Brasil tem longa vida e ampla difusão). Mas a sociologia tipo Ferréz justifica a criminalidade a partir das duras condições de vida dos ‘correrias’.


Se é assim, está justificada a extorsão ao padre Júlio. Afinal, o chefe dos chantagistas é um ex-interno da Febem, e todo mundo sabe quão dura é a vida dos internos e dos ex-internos da Febem.


O único ‘erro’, digamos assim, dos chantagistas foi não terem escolhido Luciano Huck ou Ana Maria Braga ou Ivete Sangalo ou outro desses personagens que enriquecem obrigando o ‘povo’ a ver seus programas ou seus shows.


Pena que o ‘erro’ derruba toda a sociologia. Padre Júlio não é rico nem da elite, mas nem por isso deixou de perder o seu Rolex. Sociologia calhorda à parte, vamos aos fatos como eles são, na frase magistral do belíssimo artigo de Alba Zaluar, publicado segunda-feira: ‘Defender o roubo como recurso de distribuição de renda revela um enorme desconhecimento das redes e tramas do submundo do crime, onde grassa o capitalismo mais selvagem de que se tem notícia’.’


 


PROVOCAÇÕES
Luiz Francisco


Entrevista de Dirceu na TVE ganha destaque no ‘Diário Oficial’ da Bahia


‘O deputado federal cassado e ex-ministro José Dirceu ganhou destaque no ‘Diário Oficial’ da Bahia. Em sua edição de anteontem, na primeira página, há uma fotografia do petista para anunciar a primeira parte de uma entrevista que seria veiculada ontem à noite no programa ‘Provocações’, na TVE (emissora do governo estadual). A segunda parte está prevista para ir ao ar na próxima quarta-feira.


Apontado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, como um dos responsáveis pelo mensalão, Dirceu teve sua entrevista contemplada com um texto jornalístico na contracapa do ‘Diário Oficial’. Não há referência ao mensalão.


O texto destaca que José Dirceu ‘já foi condenado e cumpriu pena’. ‘Dirceu, que é advogado, comenta acusações contra ele e diz que nunca conseguiram provar nada contra sua pessoa.’


O secretário de Comunicação da Bahia, Robinson Almeida, disse que o critério para a publicação foi ‘jornalístico’. ‘Deixamos a última página para divulgar programações culturais do Estado.’’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


De elite


‘A Globo até a tarde contava três mortos, ‘entre eles um menino de quatro anos’, depois o UOL entrou com ‘ao menos nove’, já em manchete. E a Folha Online com 12, também a manchete nos telejornais.


Mas foram as imagens e sua edição, a partir do fim do dia na Globo, que tornaram a ação um espetáculo. ‘Uma criança e um policial morreram’, disse Fátima Bernardes, na ação ‘que deixou outros dez mortos, todos bandidos, segundo a polícia’. Nas cenas, em fuga, ‘dois traficantes armados’, segundo a âncora.


Já o ‘Brasil Urgente’, falando em ‘guerra’, afirmou que os dez mortos eram ‘criminosos’. E escancarou que ‘o Core’, que comandou a operação, ‘equivale ao Bope’, a tropa de elite do filme. Coincidência ou não, editou longa reportagem sobre o Core feita dias antes.


No início da noite, na manchete do Terra, ‘Mesmo morrendo criança, não há alternativa, diz secretário’.


SEM COMÉRCIO


Em novo artigo no jornal ‘The Hindu’, com destaque de capa, e depois nos telejornais daqui, Lula espalhou seu otimismo com o fórum Índia, Brasil e África do Sul, que ‘veio para ficar’ e caminha para ‘área de livre comércio’.


Já a cobertura nos sites indianos ‘Times’ e ‘Tribune’ e no sul-africano ‘Business Day’ focou a permanência de barreiras entre os três e a lentidão dos líderes, a dificultar o ‘comércio Sul-Sul’. Eles teriam que fazer ‘concessões’ -e seus empresários, que se voltar mais para os parceiros.


A SOMBRA DE DOHA


Mas foi a Rodada Doha que concentrou a atenção. É a ‘sombra’ sobre a reunião, no destaque da americana AP.


Já a britânica Reuters deu que, entre os diplomatas por lá, um acordo de comércio global é ‘visto como próximo’ -e até, segundo um enviado do Itamaraty a Washington, ‘extremamente próximo’.


Por outro lado, segundo a Agência Estado já surgem as primeiras ‘divergências com a Índia’, sobre proporção nas reduções de tarifa em Doha.


CARAVANA DO ETANOL


Da nova edição da ‘New Scientist’ a sites de Angola, próxima parada de Lula, a cobertura segue no etanol.


Sob o título ‘Brasil leva a caravana dos biocombustíveis à África’, a revista ouviu a organização Land Trust, que questionou como ‘um erro’.


‘NÃO PÁRA QUIETO’


Na Veja On-line, Lula volta sexta ‘e domingo põe o pé no Aerolula’ para o evento que oficializa o país como sede da Copa. Com governadores etc.


COMUNISTA AO VIVO


O congresso do PC chinês foi em parte transmitido ao vivo, pelo site do estatal ‘Diário do Povo’. Seguem no ar as cenas da abertura, com aplausos em claque, silêncio aos ‘mártires da revolução’ e referências ao ‘socialismo com características chinesas’ e a Deng Xiaoping.


‘Cada vez mais aberto’ era o destaque de ontem nas versões em inglês e espanhol do jornal. E também no Vermelho, o site do PC do B, saudando a ‘abertura progressiva’ de seus colegas comunistas.


GLOBO, TELES…


Em longa reportagem na Globo, ‘Senado aprovou o projeto que obriga operadora de telefonia a atendimento pessoal aos consumidores’. Dizia um, ‘não agüento mais’.


E O SENADO


E o site Tela Viva deu que ‘a briga pela paternidade da Lei de Comunicação Eletrônica de Massa’, sobre TVs e teles, ‘chegou ao Senado’. O texto está hoje com a Casa Civil.’


 


FUTEBOL VIP
Danuza Leão


Noite de fru-fru no Maracanã


‘Foi igualzinho ao dia que Sinatra cantou no Maracanã; umas gotas de chuva assustadoras, mas que pararam em homenagem à seleção. Só que, para os mais desavisados, parecia o camarote da Brahma. E, quando tocava um sambinha antes do jogo, todo mundo dançava. Só faltava cantar o samba-enredo. Mas gente que só vai ao Maracanã em dia de evento é assim mesmo.


Eram duas áreas para os convidados no camarote da CBF: a VIP e a VIP VIP. Nesta estava, naturalmente, Luciano Huck -com belo relógio… Nike, pulseira de couro. E Fátima Bernardes, William Bonner (de camisa 10 da seleção com seu nome nas costas), Regina Casé, Danielle Winits, Silvia Pfeifer (linda!), Carolina Dieckmann e Glória Maria, é claro.


No início da noite, estavam espalhados, mas quem era só VIP não sossegou enquanto não conseguia a pulseirinha que levava ao paraíso. Já Fernanda Montenegro fez o contrário: quando caíram as primeiras gotas, foi, modestamente, da área VIP VIP (descoberta) para a área só VIP (coberta).


Romário foi visto virtualmente, mas não deu o ar da graça de corpo presente entre os VIPs VIPs.


Muito biscoitinho Globo, pãezinhos de queijo (frios), salsicha para comer no pão ou passadas na farinha -moda nova-, sanduíche em geral e chope, muito chope, tudo nos conformes. E louras, muitas louras de cabelos compridos e lisos, todas rigorosamente iguais. De onde elas brotam?


Não tem nada melhor do que o Maracanã cheio, todos torcendo pela seleção, sem um só equatoriano para torcer pelo nosso adversário. Isso é que é ter espírito esportivo. Mas o pior foi quando uma vipérrima disse que ia ver o segundo tempo de casa, pela TV. ‘No campo, eu não entendo nada’, disse ela.’


 


OUTRO CANAL
Daniel Castro


Governo paralisa concessões educativas


‘O governo federal praticamente suspendeu a distribuição de concessões de TVs educativas, que funcionam como moeda política. A suspensão só não foi total porque nos últimos anos foram concedidas ‘três ou quatro’ TVs para universidades públicas, segundo o Ministério das Comunicações.


Há dezenas de pedidos de canais educativos parados no ministério. Quase todos têm a intermediação de algum político. Esses canais, embora de baixa potência, são muito visados porque interpreta-se que não precisam de concorrência pública e são distribuídos gratuitamente _ao contrário das TVs comerciais. Há centenas deles em operação pelo país, outorgados a fundações nem sempre educativas, com programações muito pouco educativas.


O governo paralisou a distribuição porque há pelo menos duas decisões judiciais contrárias. Na semana passada, a juíza federal Denise Avelar, de Araraquara (SP), determinou em sentença a cassação do canal 17 local, outorgado em 2002 à Fundação Educativa e Cultural Julius August Marischen.


Para a juíza, canais de TV, inclusive educativos, só podem ser outorgados por meio de licitação, como prevê o artigo 175 da Constituição. Mas, apesar dessa norma constitucional, o governo vinha se amparando no decreto 236/67, segundo o qual ‘a outorga de canais para televisão educativa não dependerá de publicação de edital’.


ENQUANTO ISSO No ‘Diário Oficial’ de ontem, o ministro Hélio Costa abriu consulta pública para a distribuição, em vários Estados, de seis retransmissoras de TV _que não podem gerar programação nem comerciais, apenas reproduzir. Serão concedidas a TVs comerciais, de graça.


AUTOCENSURA 1 A Record decidiu por conta própria reclassificar ‘Caminhos do Coração’. Classificada inicialmente pelo Ministério da Justiça, por sinopse, como livre, a trama exibe desde a semana passada o selo de imprópria para menores de 12 anos.


AUTOCENSURA 2 A Record, na verdade, se antecipou ao Ministério da Justiça, que já se preparava para abrir um processo administrativo e reenquadrar a produção.


FALA, ZÉ 1 O ator José de Abreu, 61, lança hoje seu blog no BlogLog (Globo/Boni). Defensor do governo Lula (‘Esse cara tem uma estrela muito boa. Tenho fé, esperança, sou otimista’, diz), Abreu não escreverá apenas sobre política e cultura.


FALA, ZÉ 2 A idéia inicial de Abreu é justamente dar dicas de internet e PCs. ‘Sou viciado em tecnologia, já montei e testei computador’, contou num intervalo de gravações de ‘Desejo Proibido’, próxima novela das seis. ‘Trabalhei na IBM na época da ditadura. Era da [organização de esquerda] VAR-Palmares e tinha uma vida legal’, lembra.


OUTRO LADO Já Aguinaldo Silva está usando seu blog para se defender das críticas a ‘Duas Caras’.’


 


CINEMA
Monica Bergamo


Acervo S/A


‘O Ministério da Cultura vai liberar um lote com 56 filmes para vender a cineclubes, escolas e casas de cultura. O projeto, Programadora Brasil, que disponibilizou 126 títulos em fevereiro, tem na lista clássicos como ‘São Paulo S/A’ (1965), ‘O Homem que Virou Suco’ (1980) e ‘Macunaíma’ (1969).


OS PÁSSAROS


Roteirista de ‘Amarelo Manga’ e diretor de ‘Cartola’, o cineasta Hilton Lacerda teve uma crise alérgica no set do longa ‘Filmefobia’. Motivo: em uma das cenas, um dos personagens do filme fica trancado numa sala com 120 pombos.’


 


TELEVISÃO
Laura Mattos


Roberto Justus usa até topete para lançar novo ‘Aprendiz’


‘Publicitário que é, Roberto Justus deu um jeito de chamar a atenção para o novo penteado na entrevista coletiva de ‘Aprendiz 5 – O Sócio’, da Record. Disse aos jornalistas que havia tirado o topete. ‘Em vez de pentear para o lado, passo a mão e jogo para trás. Minha mulher falou que fiquei mais jovem.’


Publicitário que é, mudou o cabelo, que lhe rende espaço na mídia, às vésperas da coletiva, mas garantiu não querer flashes: ‘Não é para escrever no jornal: ‘Justus muda cabelo e busca sócio’.


Fora o topete (que, aliás, persiste), o apelo do novo ‘Aprendiz’ é o prêmio de R$ 2 milhões. A Record exibirá uma propaganda na qual satiriza o ‘Big Brother Brasil’, que paga R$ 1 milhão. As inscrições foram abertas ontem pelo site www.rederecord.com.br/aprendiz5osocio, e a previsão de estréia é 6/5.


Desta vez, o candidato não deve apresentar uma proposta de negócio a Justus, como ocorreu na quarta edição. O vencedor será sócio do publicitário em um empresa aberta por ele no ano passado. Metade do prêmio será para comprar suas ações (deverá ser pelo menos 15%). A Record também lançou anteontem um programa de perguntas e respostas. ‘O Jogador’, apresentado por Britto Jr. e Ana Hickmann, estréia na próxima terça.’


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