Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Parentes de prisioneiros sírios falam à mídia

Parentes do jornalista e escritor Michel Kilo e do advogado e ativista pelos direitos humanos Anwar Al Bunni detalharam, na semana passada, as condições de prisão e as ameaças que as famílias dos dois ‘prisioneiros de consciência’ – termo definido pela Anistia Internacional para se referir a qualquer pessoa presa devido à raça, religião, língua, orientação sexual ou crença – vêm sofrendo. O depoimento dos familiares dos sírios ocorreu em uma coletiva na Assembléia Nacional Francesa, apresentada pela deputado do Partido Verde Noël Mamère e organizada pela ONG Repórteres Sem Fronteiras, pelo Comitê da Declaração de Damasco-Beirute (documento assinado por cerca de 300 intelectuais sírios e libaneses, que exige que a Síria melhore as relações com o Líbano) e pela Associação de Amigos de Samir Kassir, jornalista de oposição libanês assassinado em junho do ano passado.

‘As portas da Assembléia Nacional, coração da democracia francesa, estão permanentemente abertas, especialmente para aqueles que não têm permissão para falar em outros lugares’, discursou Mamère, que também é vice-prefeito de Bègles e ex-repórter de TV. ‘Registramos uma média de 10 prisões de jornalistas sírios por ano, desde o começo dos anos 90. O Estado controla a mídia e ainda torna difícil o acesso à informação’, afirmou o secretário-geral da RSF, Robert Ménard. Segundo Ménard, é impossível acessar determinados sítios de oposição na Síria. ‘Três ciberdissidentes estão atualmente na prisão por pedir democracia e respeito pelos direitos humanos, tornando a Síria a maior prisão do Oriente Médio para internautas’, informou.

O filho de Kilo, Ayham Kilo, disse que as condições de prisão de seu pai – de 67 anos – não são ruins. Kilo tem permissão para receber visitas regulares da família na prisão de Adra, onde se encontra desde o dia 17/5. A família está preocupada com a recente recusa para executar uma ordem de liberdade provisória emitida por um juiz, mas espera que as condições em que ele se encontra na prisão continuem aceitáveis.

A família de Bunni foi alvo do regime do Partido Nacionalista Árabe Baath logo que Hafez al-Assad assumiu o poder com um golpe de estado militar, na década de 70. Seu filho e sucessor Bashar al-Assad, presidente da Síria desde 2001, é considerado pela RSF um dos 35 predadores da liberdade no mundo. Antes de Anwar Al Bunni, outros membros da família já haviam sido presos e torturados em prisões sírias. ‘Mas, como bons cidadãos sírios, temos que agradecer a Alá que eles não foram mortos’, afirmou Kamal Al Bunni, irmão de Anwar. De acordo com ele, Anwar teria sido agredido por dois dias após sua prisão, em 17/5. Depois de ter sido colocado junto com presos comuns na penitenciária de Adra, ele iniciou uma greve de fome, de 28/10 a 4/11, com outros prisioneiros políticos para protestar contra a detenção ilegal e a ameaça às suas famílias. Curiosamente, alguns dos advogados que o defendem já foram libertados por ele no passado. Informações da Repórteres Sem Fronteiras [14/11/06].