É inegável o avanço na acessibilidade de informações sobre as mais longínquas comunidades deste planeta. Aspecto proveniente do aumento dos recursos midiáticos disponível na atualidade. Ao mesmo tempo, penso que há um fator preocupante, dada a predominância do global, sem fronteiras, no noticiário.
Acredito que se torna pertinente questionar como estes fatos chegam às diferentes comunidades do globo terrestre. Qual a importância destas informações? E ainda, a velocidade dessas informações fragmentadas melhora de algum modo a vida dessas comunidades?
Descontextualizados, fatos e fotos servem apenas de números e retalhos. Nem mesmo os últimos recursos cibernéticos, que dão uma roupagem e atenção especial às instantâneas notícias do mundo, são capazes de tornar as mesmas úteis a nós, cidadãos, muitas vezes carentes de informações de nosso próprio quintal.
Quando digo informação, estou me referindo à informação contextualizada. Acredito que pouco ou nada adiantam pedaços de informações em tempo real. Penso que a contribuição deste fatiamento seria muito maior, se ele não existisse.
Em quase todos os municípios brasileiros, muitos cidadãos desconhecem a história de sua cidade, bairro, vila ou região. Em sua maioria, eles não sabem das ações do legislativo, executivo e judiciário de suas cidades. Esquecem, em muitas ocasiões, a memória do local onde habitam. É claro, isso tudo, graças aos últimos conceitos midiáticos que pregam a velocidade e o global, acima de tudo.
Desconexas e descompromissadas
Ao público infantil, estes veículos midiáticos buscam a todo custo trazer os últimos lançamentos dos mais badalados quadrinhos do mundo, ou comics – como prefere o público norte-americano.
Estas novidades são fáceis de serem visualizadas; basta um olhar atento pelas prateleiras das bancas, ou uma rápida navegada pelos sítios eletrônicos especializados na nona arte do mundo, ou nos principais veículos on-line.
Até então, tudo válido. E ainda, se não fosse a quantia insuficiente de histórias e temáticas voltadas para a realidade nacional, estes velozes lançamentos seriam ótimos meios do público leitor se relacionar com outras culturas.
No entanto, o que ocorre é um sufocamento veloz e desleal das temáticas internacionais. Muitas delas totalmente desconexas e descompromissadas com os interesses e preocupações dos leitores de países de terceiro mundo, como o Brasil.
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Jornalista, pós-graduando em Linguagem, Cultura e Ensino pela Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), Foz do Iguaçu, PR