A prepotência e total desconhecimento histórico da revista Veja são de provocar náuseas no leitor menos atento. A reportagem mal elaborada, editorializada e completamente empobrecida de fontes intitulada ‘Che: há quarenta anos morria o homem e nascia a farsa’, exprime a campanha fascista encabeçada pelo mau jornalismo que a decadente Veja representa categoricamente. O desespero por levar a cabo sua estratégia mesquinha de destruir com a imagem do revolucionário argentino faz com que a Veja exalte suas fontes, em sua totalidade mercenários capitalistas refugiados em Miami e responsáveis por incontáveis ataques terroristas que mataram diversos civis cubanos desde o triunfo revolucionário de Cuba. A eles, a Veja dedica ‘grande credibilidade’, demonstrando sua conivência com quaisquer que sejam as práticas contra a liberdade.
A Veja se veste de prepotência e recria a história de acordo com interesses escusos embutidos no seu discurso. Na história contada pela revista, a situação difícil vivida pelo povo cubano nada mais é do que um fracasso revolucionário – que resiste há quase 50 anos a um bloqueio econômico desumano imposto pelos Estados Unidos, sequer mencionado pela reportagem. Os EUA protagonizam, sim, a história contada pela Veja, mas na condição de mocinho, justiceiro.
A Veja utiliza o próprio Partido Comunista da Bolívia como fonte oficial de seu relato injurioso, correndo o risco do leitor desapercebido não notar que esse partido não passava de uma aproximação fiel com política imperialista e desumana do governo stalinista soviético, o qual por inúmeras vezes fora rechaçado por Che devido ao seu caráter contra-revolucionário.
Recriar a história
Hoje, calçada na ignorância de uma legítima prática jornalística, a Veja não só atenta contra a memória do Che, mas ataca o espírito de liberdade e humanismo que representa historicamente Guevara.
A Veja não passa desapercebida aos olhos de muitos, que além de notarem uma miserável prática jornalística, percebem uma campanha fascista de destruição de uma conquista histórica do povo cubano.
Sabemos que a menção realizada por Che ao ‘um, dois, três, muitos Vietnãs’ faz referência à resistência do povo vietnamita à intentona desumana dos capitalistas norte-americanos em outros tempos, e não ao triunfo capitalista tão deliberadamente proposto pela Veja.
Até um assassino fora capaz de manifestar em sua loucura a grandiosidade representada por Che: guardar as mãos por anos, daquele que Sartre e Beauvoir definiram, como a própria Veja reconhece, como ‘o mais completo ser humano de nossa era’.
À Veja, as suas fontes, a nós, as nossas! Cabe ao leitor julgar se a história de fato ocorre, ou se cabe a um veículo, da estirpe deste, recriá-la de acordo com os seus mais medíocres interesses.
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Estudante de jornalismo