Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Luís Nassif


‘O início do governo eletrônico do Estado de São Paulo se deu na gestão Mário Covas, sob a responsabilidade do então secretário da Fazenda, Yoshiaki Nakano. Depois de alguns problemas de transição, com a saída de Nakano, o sistema está sendo consolidado pelo atual secretário da Fazenda, Eduardo Guardia, quadro a se prestar atenção.


Nestes anos todos, o sistema acumulou enorme disponibilidade de dados e um arcabouço tecnológico capaz de dotar o governo de todas as ferramentas para uma gestão moderna.


No portal do governo e da Secretaria da Fazenda, existem o Relatório de Execução Orçamentária e também os sistemas Sigel e Prestando Contas. Lá, é possível levantar todos os dados do Orçamento de acordo com a classificação econômica (Plano de Contas).


As despesas estão divididas em categorias e grupos. É possível identificar em Fontes de Recursos o que são recursos do Estado ou repasses do governo federal. São divididas também por Secretarias ou por Funções. Por exemplo, a Função Educação envolve os gastos da Secretaria da Educação, mais as despesas de Universidades -ligadas funcionalmente à Secretaria de Ciência e Tecnologia. Integrado ao sistema está o Siafísico, que controla todas as compras do Estado.


Para o Portal BEC (Bolsa Eletrônica de Compras), há um programa de gestão de qualidade de materiais e serviços, identificando itens problemáticos e trabalhando com certificação, dada por institutos de pesquisa. Há um cadastro de fornecedores e um cadastro unificado de materiais e serviços e bancos de preços, com 30 mil itens padronizados para o meio eletrônico. Agora, o BEC está sendo aberto para 130 municípios.


O controle de qualidade se dá em dois níveis. O primeiro, de quem recebeu o produto, atestando (ou não) sua qualidade. O segundo, dos próprios concorrentes, de olho para apontar manipulação das características exigidas. Um produto manipulado sujeita o produtor a até cinco anos proibido de fazer licitação com o Estado.


Com a base de dados, há uma modernização da auditoria e avaliação governamental. Com as ferramentas, é possível a qualquer secretaria analisar todas as contas, identificar variações, programas economias. Depois, ir abrindo sucessivamente cada número até, no limite, chegar à nota fiscal referente à despesa desagregada.


Onde falta avançar? Primeiro, na disseminação da cultura gerencial às diversas secretarias, problema que afetava também o governo Covas, quando inaugurou os primeiros sistemas de indicadores. Na ocasião, havia grande dificuldade para a Secretaria da Saúde trabalhar com indicadores. Hoje em dia, a Saúde utiliza bem o ferramental, tendo conseguido ganhos expressivos. Já a Educação -que é a maior fonte de gasto do Estado- é das secretarias que menos acessam o database.


O segundo desafio é a criação de indicadores qualitativos que permitam cruzar as informações financeiras com os resultados concretos. Finalmente, o ponto final do processo, a definição de metas de desempenho por parte do governador, já dispondo do fundamental: indicadores que permitem definir metas e cobrar resultados.’



INCLUSÃO DIGITAL


Pedro Dias Leite e Eduardo Scolese


‘Campanha tenta impulsionar PC popular ‘, copyright Folha de S. Paulo, 23/11/05


‘O governo federal vai lançar uma campanha publicitária em dezembro para tentar impulsionar até antes do Natal o Programa Computador Para Todos. Até agora, o programa, que combina incentivos fiscais aos produtores de micros com financiamentos mais baratos para os compradores, ainda engatinha: apenas 38 pessoas tinham se cadastrado até ontem para ter acesso às taxas de juros mais baixas, de pelo menos 17 milhões que poderiam tê-las.


Os incentivos estão previstos na lei aprovada pelo Congresso a partir da chamada ‘MP do Bem’. Pelos próximos quatro anos e meio, as empresas terão isenção de PIS/Cofins para as máquinas que custem até R$ 1.400 e tenham as configurações impostas pelo governo, como software livre (Linux). Os computadores com custo até R$ 2.500 e de qualquer configuração também são beneficiados. O incentivo fiscal baixa o preço dos micros em até 10%.


O acesso ao financiamento mal saiu do papel. Há duas linhas, uma para clientes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal e outra para o público geral.


A Caixa, que lançou o programa no dia 7, recebeu só 18 propostas. O Banco do Brasil, com a linha aberta desde o dia 1º, recebeu 20. Os dois bancos têm 17 milhões de clientes com o crédito pré-aprovado. As taxas de juro são de 2% ao mês (contra mais de 5% no mercado), com prazo de até 24 meses.


A outra linha de crédito será financiada pelo BNDES, que deixou R$ 300 milhões à disposição. O banco emprestará o dinheiro aos próprios varejistas, que então repassará os juros mais baixos a quem quiser comprar os computadores. Há 19 empresas credenciadas para receber esse dinheiro.


Quando o programa foi lançado, há alguns meses, a expectativa do governo era dobrar o número de computadores de mesa vendidos no país, de 1 milhão para 2 milhões. O assessor especial da Presidência César Alvarez disse esperar que a meta seja cumprida.


Segundo ele, as vendas de micros já cresceram desde que os incentivos começaram a valer, em julho. Ainda não há números disponíveis sobre esse aumento nem sobre o valor da campanha.


De acordo com Alvarez, será ‘de médio porte’, com enfoque nas rádios.


Vetos


A lei 11.196, antiga ‘MP do Bem’, foi publicada ontem no ‘Diário Oficial’ da União com apenas 11 vetos presidenciais, um a menos que o anunciado pelo governo na última segunda-feira, após ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Proposta inicialmente com o objetivo de estimular as empresas exportadoras, a chamada ‘MP do Bem’ foi aprovada depois de um embate de mais de cinco meses com o Congresso Nacional, que ampliou os setores beneficiados com a redução de tributos.


Em cerimônia no Palácio do Planalto na segunda-feira, após discurso de Lula, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, disse que seriam feitos 12 vetos por razões técnicas ou jurídicas.


Após a cerimônia, porém, a Receita Federal anulou o veto ao artigo 36 da MP 255, que autorizava o ministro da Fazenda a introduzir um mecanismo de ajuste nos preços de transferência. O objetivo é evitar que a oscilação do câmbio prejudique os exportadores, cujo rendimento em real diminui com a valorização do real, ou o fisco, já que a arrecadação é feita com base na declaração do lucro das operações de comércio.


O Ministério da Fazenda anunciou que o artigo seria vetado porque o mecanismo só poderia ser instituído por meio de lei. O veto acabou não sendo necessário porque a Receita Federal identificou um mecanismo de ajuste parecido em uma lei já existente, a Lei 9.430.


Além de incentivos aos exportadores, a nova lei estimula o setor de construção civil, amplia os limites de enquadramento das empresas no Simples e amplia para 240 meses o prazo de refinanciamento de dívidas dos municípios com a Previdência.’



Patrícia Duarte


‘Bancos aceleram financiamento do programa Computador para Todos’, copyright O Globo, 23/11/05


‘O BNDES, o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal (CEF) estão acelerando os financiamentos que fazem parte do programa Computador para Todos, que prevê a venda de máquinas ao preço de até R$ 1.400 voltadas para a população de baixa renda, com financiamento especial em até 24 vezes. O anúncio foi feito ontem, um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionar a medida provisória 255, a chamada MP do Bem, que prevê, entre outros pontos, a inclusão digital, assim como os benefícios e isenções fiscais para o projeto.


De acordo com o coordenador do programa pelo governo federal, Cézar Alvarez, uma campanha publicitária será colocada no ar na segunda semana de dezembro, para tentar atingir as vendas de Natal, apesar do curto espaço de tempo. Ele acredita que, até junho de 2006, serão vendidos cerca de 1 milhão de computadores com essas características.


BNDES reservou para varejistas R$ 300 milhões


Alvarez explicou que o BNDES oferece linhas de crédito para varejistas, no total de R$ 300 milhões, com o objetivo de financiar a venda das máquinas para os consumidores. Apenas um varejista, até agora, teve uma linha aprovada pelo banco, mas ele não revelou o nome. Nesses casos, o financiamento tem juros de 2% a 3% anuais e, se houver a necessidade de um banco repassador, o custo adicional da operação não pode ultrapassar 2% mensais.


– Mas para o consumidor, (a cobrança de juros) não pode passar de 3% ao mês – afirmou o coordenador do programa.


No caso do BB e da CEF, que têm à disposição R$ 250 milhões em recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), os financiamentos são concedidos diretamente ao consumidor, no valor de até R$ 1,2 mil. Mas o interessado precisa ser correntista de um dos bancos. Por enquanto, as duas instituições liberaram os recursos para aproximadamente 40 pessoas. O potencial gira em torno de 17 milhões de correntistas que já têm crédito pré-aprovado.


Empresas cadastradas terão isenção de PIS e Cofins


O Computador para Todos também prevê acesso à internet com preços mais baixos. Está sendo concluído um decreto que cria serviço de inclusão digital, pelo qual as operadoras de telefonia fixa cobrarão, por pelo menos um ano, R$ 7,50 mensais para garantir 15 horas de acesso em qualquer horário ao cliente. Para tanto, a residência onde está instalada a linha não pode ter feito acesso à internet nos últimos seis meses pelo telefone fixo.


– A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) terá de fazer a regulamentação e isso deve demorar de 60 a 90 dias – explicou Alvarez.


Além de melhores condições de crédito, a MP do Bem trouxe benefícios para a cadeia produtiva dos computadores, com isenção total da cobrança de PIS e Cofins, o que acaba barateando a máquina em quase 10%. Para tanto, explicou o coordenador, as empresas precisam se credenciar junto ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Até agora, 19 delas estão com o processo em andamento ou concluídos.’



Tânia Monteiro


‘Crédito para PC tem pouca procura ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 23/11/05


‘É baixa a procura pelo financiamento oferecido pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal para a compra do computador popular. Do início do mês até agora, apenas 20 propostas foram apresentadas ao BB e, na Caixa, apenas 18 pessoas formalizaram suas propostas. Por isso, o governo federal decidiu realizar campanha promocional a partir da segunda semana de dezembro nas rádios e televisões para divulgar o programa, disse ontem o assessor especial da Presidência, Cezar Alvarez.


As duas instituições financeiras juntas têm 17 milhões de clientes com crédito pré-aprovado para esta finalidade e recursos da ordem de R$ 250 milhões. A expectativa do governo é que o Natal ajude a aumentar a procura.


O computador popular terá uma redução de preço da ordem de 9,25%, por causa da isenção de impostos constantes da chamada MP do Bem, transformada em lei na última segunda-feira.


A MP reduz para zero as alíquotas da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da contribuição ao Programa de Integração Social (PIS), como parte do programa Computador para Todos. De acordo com Alvarez, o computador tem um preço médio de R$ 1.750, com as isenções, este preço caiu para R$ 1.400, embora já se encontre no mercado por R$ 1.200. A isenção, porém, atinge computadores de até R$ 2.500, para concorrer com os equipamentos contrabandeados.


Ao fazer a propaganda, o governo quer incentivar as famílias que ganham pouco mais de três salários a comprarem o computador, dentro de seu projeto de ampliar o acesso da população à internet. ‘A intenção de consumo de um equipamento como esse é muito forte, porque significa perspectiva de acesso ao conhecimento, trabalho, instrumento de apoio na economia informal e lazer’, afirmou o coordenador. Para facilitar o acesso, esclareceu ele, a taxa de abertura de crédito cobrada pelo bancos não será superior a R$ 40, enquanto normalmente costume ser de R$ 80 ou R$ 90. A taxa de juros sobre o empréstimo será de 2% ao mês. Os financiamentos são em até 24 prestações e a estimativa é que a parcela seja de R$ 70 (com juros).


Além dos clientes do BB e CEF terem linhas de crédito nos bancos, o varejista também pode solicitar crédito no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o compromisso de que irá repassar o recurso para o consumidor final, por meio do crediário da loja, com taxas de juros de até 3% ao mês, conforme informou César Alvarez. A empresa terá cerca de 30 meses para quitar o empréstimo e seis meses de carência para começar a pagar o BNDES, que tem R$ 300 milhões para aplicar no programa. Até agora, segundo Alvarez, apenas uma empresa teve crédito aprovado no BNDES.


Ainda de acordo com Cézar Alvarez, as empresas credenciadas para pegar empréstimo do BNDES para a compra de computadores precisam ser credenciadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia para identificar o computador que irá receber o crédito. Com isso, o governo quer impedir que, eventualmente um equipamento contrabandeado e vendido no mercado negro receba o crédito.’



Renato Cruz


‘Fabricantes já vêem melhora de vendas ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 23/11/05


‘O PC para Todos ainda não se provou como programa de inclusão digital, de acesso de pessoas de baixa renda à tecnologia, mas já teve resultados positivos como política industrial. A redução de impostos baixou o chamado mercado cinza, que usa peças contrabandeadas e sonega impostos, levou os fabricantes a lançarem máquinas mais baratas e incentivou a demanda por computadores.


A consultoria IDC prevê que este ano o mercado brasileiro de PCs chegará a 5,2 milhões de unidades, um crescimento de 30% sobre 2005. A participação dos fabricantes ilegais caiu de 74% em 2004 para 65% em agosto. Desde o governo passado a indústria defendia um pacote de medidas contra o mercado cinza. A ‘MP do Bem’ está fazendo com que gigantes internacionais voltem ao varejo no Brasil. A HP anunciou no começo do mês sua primeira linha para o consumidor final. A chinesa Lenovo, que comprou a Divisão de PCs da IBM, se prepara para fazer o mesmo.


O PC popular, com preço de até R$ 1,4 mil, ainda está difícil de ser achado nas lojas. Mas a partir da semana que vem, o quadro começa a mudar. A Positivo Informática, maior fabricante de PCs do País, despacha amanhã seu primeiro lote homologado, com 6 mil máquinas, para o Ponto Frio. ‘Outras redes estão para fechar os pedidos’, afirmou João Marcelo Alves, diretor de Marketing da Positivo. ‘Na primeira quinzena de novembro já vendemos 30% mais computadores que no fim de outubro.’


O PC para Todos, que se chamou PC Conectado, acabou saindo sem o serviço especial de acesso à internet, com 15 horas a R$ 7,50. ‘Vai levar pelo menos 2 meses para as operadoras oferecerem este acesso’, afirmou Cezar Alvarez, assessor da presidência e coordenador do projeto. Foi publicado um decreto presidencial genérico, que dá poderes ao Ministério das Comunicações para decidir sobre os programas de inclusão, e o governo prepara um segundo, para criar o serviço.


Os provedores de acesso à internet reclamaram que o serviço foi negociado com as operadoras. ‘Não incluiremos o preço de um provedor pago no pacote’, afirmou Alvarez, para quem este tipo de negociação deve ser feito entre as empresas. O serviço deve ter uma numeração especial, que permitirá às empresas cobrarem a tarifa diferenciada. A regulamentação do setor impede que as operadoras ofereçam acesso diretamente.’



INTERNET


Carolina Mandl e Roberta Campassi


‘Submarino poderá ter 100% das ações em bolsa’, copyright Valor Econômico, 22/11/05


‘O Submarino deve voltar a fazer uma oferta pública de ações em 2006. De acordo com Flávio Jansen, presidente da companhia, os fundos de investimento da GP e da T.H. Lee Putnam Ventures podem vender a posição que ainda mantêm no site de compras. Com isso, o percentual de ações em bolsa pode chegar a 100%. ‘Existe a indicação de que os fundos vão reduzir a participação. Não existe um cronograma, mas isso deve ocorrer no próximo ano’, afirma o executivo.


Em uma oferta primária e secundária realizada em abril deste ano, os fundos da GP Investimentos, que detinham 54,9% do Submarino, e os da Lee Putnam Ventures, com 16,6%, colocaram no mercado cerca de 48% do controle da empresa em uma oferta no Novo Mercado, segmento máximo de governança corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo.


A idéia inicial dos antigos controladores era vender mais de 50% do capital da empresa em bolsa. Seria o primeiro caso de uma empresa apenas com ações ordinárias a ter o controle pulverizado na Bovespa. Porém, naquele momento, o apetite dos investidores não foi suficiente para tanto. O preço dos papéis da companhia caiu nos primeiros meses após a estréia.


Só em outubro é que os fundos alcançaram o objetivo de deixar o controle da empresa em circulação em bolsa. Eles alienaram 13% da participação que detinham no Submarino. ‘Depois da oferta, já havia espaço para aumentar a liquidez dos papéis por isso os fundos aproveitaram para vender mais ações’, explica Jansen, que participou ontem do 6º Congresso Brasileiro de Governança Corporativa, promovido pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).


Desde o lançamento dos papéis, as ações do Submarino valorizaram 52%. Segundo Jansen, agora os fundos de investimento GP e T.H. Lee têm o objetivo de diminuir ainda mais a participação no Submarino.


O conselho de administração do Submarino deve ser alterado para refletir essa nova realidade de ter seu capital pulverizado. ‘Passaremos a ter mais membros independentes’, diz. Com sete membros, a composição do conselho deve ser mudada na assembléia que será realizada no próximo ano.


Em seu estatuto social, o Submarino previu que caso um acionista queira deter 20% ou mais do capital da empresa, ele precisará fazer uma oferta por 100% do capital da companhia. O preço será determinado pelo laudo de avaliação feito por empresa independente.’



David Carr


‘Nova ferramenta do Google é ameaça real aos classificados ‘, copyright O Estado de S. Paulo / The New York Times , 22/11/05


‘A série de manchetes decepcionantes sobre a imprensa, na semana passada, está começando a se parecer com um engavetamento na estrada. Havia tantas ferragens que era difícil até para o mais determinado observador saber onde olhar.


Quarta-feira, Bob Woodward, o homem que construiu sua carreira sobre a proteção de uma única fonte no caso Watergate, foi surpreendido tentando proteger outra. Quem poderia imaginar que um dos jornalistas responsáveis pela criação do sufixo ‘gate’ para definir escândalo acabaria com ele grudado ao seu próprio nome? No mesmo dia , Walter Pincus, um dos colegas de Woodward no jornal The Washington Post, foi acusado de desacato à corte por se recusar a identificar suas fontes num processo movido por Wen Ho Lee, cientista que havia trabalhado num laboratório de armas nucleares americano.


E enquanto outros jornalistas talvez não enfrentem a cadeia ou paguem multas, seu futuro parece ser tão sombrio quanto o dele. O Los Angeles Times anunciou cortes de 85 funcionários da redação, enquanto o Chicago Tribune está cortando cem postos de trabalho na empresa inteira. E a direção do grupo Knight Ridder está sendo pressionada por acionistas para colocar a empresa à venda.


E o pior disso tudo? A pior coisa para a indústria dos jornais foi o anúncio de que o site de busca Google estava levando ao ar o Google Base, um banco de dados alimentado por usuários no qual as pessoas podem inserir qualquer coisa antiga que quiserem. Pode ser um poema sobre seu gato ou a receita do bolo de maçã da avó.


Ou, mais ameaçadoramente para a indústria dos jornais, as pessoas podem começar a baixar anúncios para vender seu carro. A comunidade virtual Craigslist deu aos seus usuários uma opção gratuita na seção de classificados. Se o Google Base acelera o processo, os debates nas escolas de jornalismo sobre fontes anônimas e a queda de leitores podem acabar parecendo estranhas.


O Google Base reverte a polaridade do modelo de consumo da empresa. Em vez de simplesmente mandar robôs automatizados pela rede à procura de respostas relevantes para pedidos de busca, o Google convidou seu grande universo de usuários a enviar e rotular informações que sejam organizadas e dispostas em categorias relevantes, que parecem uma grande mexida no negócio dos anúncios classificados, avaliado em US$ 100 bilhões por ano.


Isso pode ser uma coisa boa para os consumidores, mas para os jornais, que devem um terço de sua receita aos anúncios classificados, pode ser mais uma estocada no peito do que apenas mais um prego no caixão.


‘Muitos jornais tiveram monopólios históricos em seus respectivos mercados quando se trata de anúncios classificados’, disse Christa Quarles, analista da Thomas Weisel Partners, banco mercantil de San Francisco. ‘Os jornais locais ficaram bem isolados de grandes ataques e essa pode ser a gota d’água.’’



Talita Moreira


‘Operadoras de TV avançam no setor de banda larga’, copyright Valor Econômico, 22/11/05


‘Está no ar uma guerra de promoções entre as principais operadoras de TV a cabo. A Net abriu seu serviço de banda larga a quem não é assinante dos pacotes de TV, reduziu preços e aumentou a velocidade do acesso à internet. A TVA havia lançado poucas semanas antes ofertas que combinam conexão mais barata e rápida à rede mundial de computadores.


Durante muito tempo, fornecer acesso à internet funcionou como complemento ao negócio central das empresas: vender pacotes com programação de TV. Mas, aos poucos, a banda larga está deixando de ser um apêndice e começa a se tornar um negócio realmente importante para as operadoras – repetindo no Brasil um cenário que já é nítido em outros mercados.


‘Queremos, no mínimo, manter o ritmo de crescimento (na base de internet) que temos apresentado até agora’, afirma o diretor de produtos e serviços da Net, Márcio Carvalho, que anunciou na sexta-feira a extensão do serviço a quem não é assinante dos pacotes de TV.


Até então, a Net só podia vender banda larga a seus próprios clientes, por limitações regulatórias. A companhia, no entanto, foi à Anatel e adquiriu licenças de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) para as principais regiões onde atua – o que lhe permitiu desvincular as ofertas.


A Net, que tem como seus principais acionistas a Globopar e a Embratel, segue um passo que já havia sido dado pela TVA – dona de licenças de SCM.


Para seduzir os consumidores, as operadoras estão acelerando – literalmente – suas ofertas. A Net vai migrar as conexões de 300 quilobits por segundo (kbps) para 2 megabits por segundo (Mbps), pelo mesmo preço. Pacotes com velocidades maiores serão elevados para até 8 Mbps.


Até o final deste mês, quem assinar o serviço da TVA (grupo Abril) pagará menos e terá direito a pacotes mais rápidos que os convencionais. A promoção é válida para novas adesões, segundo o diretor financeiro da TVA, Carlos Eduardo Malagoni. ‘Para os clientes atuais que nos procuram, negociamos um novo pacote ou oferecemos outros serviços’, explica.


Segundo Carvalho, dentro de pouco tempo a Net vai deixar de vender pacotes abaixo da casa dos megabits. Um dos objetivos da companhia – agora que pode vender banda larga e TV separadamente – é oferecer internet a pequenas e médias empresas. A rede da operadora alcança um mercado potencial de mais de 6 milhões de clientes. ‘Queremos valorizar a venda conjunta de TV e banda larga. Mas as pessoas que se interessarem poderão ficar só com a internet. Isso abre nosso mercado’, diz.


A TVA também vende os dois serviços separadamente, mas dá benefícios para incentivar a assinatura conjunta, afirma o diretor comercial, Vito Chiarella Neto. Segundo ele, é estratégia da empresa oferecer pacotes com TV, internet e telefonia – segmento em que a TVA começou a atuar neste ano.


A guerra de preços e velocidades é a aposta das operadoras de TV para avançar no crescente mercado de banda larga, hoje dominado pelas empresas de telefonia. Poucos dias atrás, a Telefônica, concessionária do Estado de São Paulo, lançou um pacote com 8 Mbps por R$ 199 mensais – mesmos preço e velocidade da versão mais cara e rápida da nova oferta da Net.


As três concessionárias de telefonia fixa (Telefônica, Telemar e Brasil Telecom) detêm juntas 2,7 milhões de acessos de banda larga, ou cerca de 85% dos assinantes do país, segundo informações que constam dos balanços do terceiro trimestre. No fim de setembro, a Net contabilizava 302 mil clientes de internet e a TVA, 45 mil.


É uma situação bem diferente, por exemplo, da que se nota nos Estados Unidos – onde as operadoras de TV são as maiores provedoras de banda larga e estão se tornando concorrentes importantes das teles também nos serviços de voz, usando a tecnologia de protocolo de internet (IP).


O mercado de banda larga é atraente porque é o segmento da telefonia que mais cresce hoje e, dentro de poucos anos, deverá suplantar o número de acessos à internet por linha discada.


No Brasil, as empresas de TV por assinatura podem ser muito menores, mas não são menos ameaçadoras para as teles, observa Alexandre Gärtner, da consultoria Voga Advisory. ‘Elas têm uma base menor, mas detêm os melhores clientes, que representam cerca de 80% da receita (residencial) das teles’, diz.


O negócio de TV por assinatura no mercado brasileiro não cresceu como se imaginava, o que deixou as empresas numa situação financeira delicada. Agora, a fase mais complexa parece ter ficado para trás. Net e TVA concluíram, no início deste ano, a renegociação de suas dívidas e já fizeram os investimentos mais pesados em implantação de rede.


A próxima tacada das operadoras é a telefonia. A TVA lançou em meados deste ano um serviço de voz sobre IP. A Embratel também usará a rede da Net para oferecer telefonia local com base nessa tecnologia, que permite reduzir a quase zero os preços das ligações interurbanas. ‘De 2006 em diante, veremos o impacto desses serviços’, aposta Malagoni.’



Folha de S. Paulo


‘Google lança busca de produto em loja física’, copyright Folha de S. Paulo / Bloomberg , 23/11/05


‘O Google, operador da ferramenta de busca mais utilizada da internet, lançou um serviço que permite aos usuários fazer buscas de produtos comercializados por estabelecimentos próximos de suas casas e comparar seus preços.


A partir de hoje, o site Froogle disponibilizará listas de preços de produtos comercializados em lojas norte-americanas e em sites varejistas.


As lojas poderão fornecer listas dos produtos de que dispõem por meio do Google Base, um banco de dados on-line lançado na semana passada, disse Debbie Jaffe, gerente de marketing de produtos.


O serviço deve intensificar a concorrência entre os sites de comparação de preços, que são administrados por empresas como a Yahoo! e a Microsoft e permitem que seus usuários comparem na internet os preços praticados por várias lojas.


O Google lançou o serviço Froogle em dezembro de 2002 e obtém sua receita por meio dos anúncios que aparecem acima dos resultados de busca de produtos.


‘Qualquer comerciante que tenha um site poderá incluir seu conteúdo’, disse Jaffe. ‘Agora, os usuários poderão ir até o Froogle e decidir se querem comprar on-line ou ir até uma loja.’


Ao buscar um produto como uma câmera digital, por exemplo, o usuário poderá comparar os preços de pontos de venda próximos de sua casa com aqueles oferecidos por lojas virtuais. As lojas físicas não serão capazes de fornecer atualizações em tempo real para informar se os produtos estão disponíveis em estoque.’



SEXO NA TV


Taíssa Stivanin


‘Virgindade é alvo de série ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 23/11/05


‘Não precisa ser alta, magra ou bonita e, na verdade, nem mais virgem. O que a produtora Raccord precisa é de boas histórias envolvendo a primeira vez e gente que se lembre delas. As melhores serão contadas em uma série de cinco episódios, de 30 minutos cada um, que estão previstos para ir ao ar em maio de 2006. Batizado de ‘Projeto Virgens’, o programa vai abordar o assunto por cinco focos.


O primeiro episódio fala da primeira vez entre homem e mulher. Vai promover o reencontro, 25 anos depois, de um casal que perdeu a virgindade juntos.


O segundo discute a primeira vez entre homossexuais ou pessoas que vivenciaram a experiência com o mesmo sexo.


O terceiro é ambicioso e já tem candidatas: vai acompanhar o casamento de uma noiva ainda virgem e revelar suas expectativas sobre a noite de núpcias. Tudo de uma maneira muito chique, claro. ‘É uma forma de eternizar uma história’, diz a diretora Rosane Svartman.


O quarto episódio reúne gerações diferentes para falar do assunto: mãe, filha, avó, pai, filho, avô.


O tema mais ousado será abordado no último programa. ‘Trata da primeira vez em filme pornô’, explica Rosane. A produção quer encontrar atores e/ou atrizes que estão filmando pela primeira vez.


A equipe também está em busca de pessoas que vão experimentar sexo virtual pela primeira vez. Os episódios vão ‘mixar’dramaturgia – parte das histórias será encenada com atores em cerca de cinco minutos – , cenas com os personagens reais e discussões sobre o assunto. ‘É uma mistura de reality, docudrama e depoimento’, diz a diretora. Até o fim do ano, a Raccord está recebendo os ‘currículos’ de quem quiser participar. O e-mail da produção é projetovirgindade@raccord.com.br.’