O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) entregou o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa a jornalistas do Brasil, China, Uzbequistão e a uma advogada especializada em mídia do Zimbábue, em uma cerimônia na terça-feira (22/11), em Nova York. A premiação é conferida a profissionais que lutam para cumprir o seu trabalho e defender a liberdade de imprensa em meio a intimidações, ataques físicos e prisões.
O brasileiro Lúcio Flávio Pinto, editor do Jornal Pessoal, de Belém (PA), publicou matérias sobre tráfico de drogas, devastação ambiental e corrupção política e empresarial na região amazônica. Por tais matérias, ele chegou a ser fisicamente agredido e ameaçado de morte, além de enfrentar uma enxurrada de ações civis e criminais a fim de silenciá-lo, o que o impediu de ir à cerimônia em Nova York.
O chinês Shi Tao é um ex-freelancer para publicações online e editor do jornal econômico Dangdai Shang Bao. Ele cumpre sentença de dez anos de prisão por supostamente ‘ter vazado segredos de estado para o exterior’. Tao teria divulgado notas de uma ordem oficial emitida pelo Departamento de Propaganda da China com instruções para a mídia sobre como cobrir o 15º aniversário do massacre da Praça da Paz Celestial. Seus artigos sobre reforma política, publicados em sítios fora do país, teriam desagradado às autoridades chinesas. O Yahoo! contribuiu com o governo chinês para ajudar na prisão do jornalista.
Galima Bukharbaeva, ex-correspondente no Uzbequistão do Institute for War & Peace Reporting (Instituto de Informação para a Guerra e a Paz) e agora exilada nos EUA, arriscou a vida cobrindo o assassinato de centenas de manifestantes pelas tropas do governo na cidade de Andijan, em maio deste ano. Galima enfrenta ações criminais por suas reportagens sobre a crise de Andijan, a tortura policial no país e a repressão a ativistas islâmicos.
Beatrice Mtetwa é uma advogada especializada em mídia no Zimbábue e, embora tenha sofrido agressões e prisões, continua a defender a liberdade de imprensa em seu país. Ela conseguiu que vários jornalistas que enfrentavam acusações criminais fossem libertados, incluindo dois repórteres britânicos presos durante as eleições presidenciais em abril.
O jornalista cubano Manuel Vazquez Portal havia ganhado o prêmio em 2003, mas só agora, após ser libertado da prisão em Cuba, pôde recebê-lo pessoalmente em Nova York. Ele foi um dos 75 ativistas cubanos encarcerados naquele ano acusados de trabalhar com oficiais americanos para enfraquecer o governo de Fidel Castro – o que é negado pelos dissidentes e pelos EUA.
O âncora de TV americano Peter Jennings, que morreu em agosto deste ano, recebeu uma homenagem póstuma – o Burton Benjamin Memorial Award – por toda uma vida de realizações e luta em favor da liberdade da imprensa. Informações de Peter James Spielmann [AP, 22/11/05].