Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Em foco, a direita brasileira

Está nas bancas desde o dia 25/11 edição especial da revista Caros Amigos: ‘A direita brasileira’. Quase desconhecida, apesar da presença poderosa, esta eficiente entidade é analisada em seus vieses na política, na economia, na educação, na Justiça, na religião, nas Forças Armadas e na mídia. No texto de abertura, o jornalista Renato Pompeu diz:

A direita brasileira é uma das mais espertas do mundo, porque entregou a pesquisa universitária à esquerda, para que esta estudasse os movimentos populares e assim ela ficaria bem informada – enquanto praticamente não há quem estude a própria direita e as elites em geral.

Caio Navarro de Toledo, professor de Ciência Política da Unicamp, avalia por que o pensamento político contemporâneo insiste na ‘negação da validade da distinção entre esquerda e direita’. Luiz Gonzaga Beluzzo analisa medidas e conseqüências da política econômica de direita ao longo da história. João dos Reis, professor do Departamento de Educação da UFSCar, resume como, historicamente, a lógica mercantil foi sendo inserida nas diretrizes educacionais do país. Na Justiça, o cientista político Andrei Koerner, professor da Unicamp, esmiúça o ‘direito da direita’, no qual ‘princípios e objetivos são omitidos ou manifestados de maneira seletiva’. Os artigos são acompanhados de reportagens sobre o estado da arte do conservadorismo em cada área.

Um trecho do capítulo sobre a mídia, intitulado ‘O grande partido da direita’, do jornalista José Arbex Jr., autor de Showrnalismo e O jornalismo canalha, da Editora Casa Amarela:

A imprensa é o mais sério e conseqüente partido da burguesia. Se a genial constatação feita por Antonio Gramsci tem validade universal, no Brasil ela assume contornos bem mais dramáticos e radicais, por uma razão muito simples: nada há, no país, que limite a capacidade de ação dos donos da mídia. Basta o seguinte exemplo para demonstrá-lo, por efeito de contraste. Nos Estados Unidos, país sede do capitalismo, é proibida a propriedade cruzada dos meios de comunicação. Isso significa que um mesmo empresário ou grupo não pode exercer, simultaneamente, em dada região, o controle de mais de um veículo. Em outros termos: se um sujeito é dono da emissora de televisão, não pode, ao mesmo tempo, possuir outra de rádio e nem um jornal impresso naquele local. Imagine o que aconteceria se alguém propusesse lei semelhante no Brasil. Seria imediatamente tachado de ‘ditador’, ‘censor’, ‘comunista’. No Brasil, os coronéis da mídia imperam, e não toleram qualquer freio, qualquer restrição ao seu poder de mando – exatamente, e não por acaso, como os proprietários do latifúndio. (…)