Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A tragédia e a comédia

O Brasil inteiro quer saber quem matou a menina Isabella, o caso tem os ingredientes de uma tragédia grega, mas está sendo tratado como folhetim policial. Sobretudo depois do prejulgamento do pai por uma delegada apressadinha.


Poucos, porém, estão interessados nos desdobramentos do dossiê dos cartões corporativos, além de jornalistas e políticos. Este caso tem lances estranhos e dúbios, bem no estilo de Shakespeare.


Na quinta-feira (3/4), o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que já admitira ter visto o dossiê antes da sua publicação pela Veja, ao se defender declarou que uma revista séria não publicaria um documento tão grave baseado em apenas uma fonte.


Com isso atrapalhou-se ainda mais: reconheceu que teria sido um dos informantes do semanário. Além do mais revelou enorme ingenuidade, porque no Brasil, ao contrário do que disse, não é rara a divulgação de graves denúncias baseadas num único documento, geralmente apócrifo.


Ao contrário dos jornalistas que têm o direito de preservar as fontes para garantir a sua liberdade, um parlamentar da oposição não pode esconder os detalhes de suas relações com o governo sob pena de passar a impressão aos eleitores de que foi cooptado ou é um agente duplo.


Veja tem o direito de ficar calada. O tucano Álvaro Dias tem a obrigação de abrir o bico.