Enquanto os jornais profissionais passam por uma crise nos EUA, com demissões de funcionários e queda na circulação, os jornais universitários estão prosperando, noticia Nick Summers [Newsweek, 05/12/05].
Atualmente, jornais de algumas universidades assemelham-se muito aos diários profissionais, não apenas na aparência, mas também nas redações. Os escritórios do Daily Bruin, jornal da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, têm mais de 100 computadores de última geração – como os de um jornal profissional de tamanho médio. O Indiana Daily Student tem uma folha de pagamento anual de US$ 380 mil. O Harvard Crimson investiu recentemente US$ 400 mil em máquinas de impressão colorida e consultores de design.
A importância destes jornais cresceu tanto que eles se tornam até parâmetro para a escolha da universidade. Foram eles, por exemplo, que convenceram a estudante Z.L.R. Stavis, de 21 anos, a mudar da Faculdade do Colorado para Barnard, onde trabalha para o Columbia Daily Spectator. ‘Academicamente, a Faculdade do Colorado está mais bem classificada do que a Barnard. Mas o jornal deixava a desejar’, explica.
Jornais que conseguem suas receitas com a venda de espaços publicitários parecem se destacar mais do que aqueles financiados pelas próprias universidades e administrados pelo corpo docente. Publicar edições com muitas páginas – a de 18/11 do Daily Spectator tinha quatro seções e 26 páginas – torna-se mais fácil porque o público universitário atrai anunciantes. Enquanto jornais profissionais estão perdendo leitores, estima-se que 95% dos universitários lêem o jornal produzido no campus.
‘Trabalhamos com 1.800 jornais, atingindo 11.4 milhões de estudantes. Não é um nicho pequeno’, afirma Samantha Skey, da Alloy Media+Marketing, empresa que conecta jornais universitários a anunciantes nacionais. Um anúncio colorido de página inteira pode custar mais de US$ 2.500 – o que é muito dinheiro para uma publicação universitária, mas uma parte pequena do valor de um anúncio similar em um diário de uma grande metrópole. Peças publicitárias de estágios, bancos, empresas tecnológicas e estúdios de cinema levam milhões de dólares aos jornais feitos por estudantes a cada ano. Como os jornais são registrados como não-lucrativos, o dinheiro que sobra depois que as despesas são pagas é reinvestido em equipamentos e custos extras de produção.
Críticos ressaltam, entretanto, que o grande orçamento dos jornais universitários não significa necessariamente a produção de um jornalismo de melhor qualidade. ‘Você pode encontrar uma cobertura de qualidade também em uma universidade menor’, afirma Tom Rolnicki, diretor-executivo da Associated Collegiate Press, mais antiga organização americana para estudantes universitários de jornalismo.