A mídia está devendo uma explicação à sociedade desde quinta-feira passada, quando o governo anunciou em grande estilo os novos depósitos de petróleo na bacia de Santos.
Na verdade trata-se de uma notícia requentada, anunciada em julho do ano passado, no auge da temporada eleitoral. Como bom vendedor, o governo agora preferiu esquecer que o produto era de segunda-mão e apresentou-o como novo, zero quilômetro.
Os portais, rádios e telejornais de quinta comeram mosca porque no dia seguinte, sexta, O Globo mostrou que a nova descoberta era uma velha descoberta.
E até domingo, passados quatro dias, nenhum veículo – inclusive o próprio Globo – cobrou do governo um esclarecimento. Exceto alguns colunistas isolados.
A omissão não diminui a enorme importância da descoberta, mas desvenda os procedimentos de propaganda do governo. E talvez explique porque o caudilho Chávez gozou o presidente brasileiro chamando-o de ‘magnata do petróleo’.
Chávez sabia que o novo campo é o mesmo do ano passado, mas aos operadores políticos e especuladores do mercado de capitais não interessava diminuir a repercussão do anúncio.
E por que a mídia não denunciou a manipulação?
Simplesmente porque o fim de semana é um buraco negro: o que se publica não é o que acontece, o que acontece não é o que se publica.