A equipe editorial da BBC recebeu, na semana passada, um edital com novas diretrizes a serem respeitadas nas coberturas jornalísticas da rede britânica. Uma das regras diz respeito ao ‘uso da linguagem nas reportagens sobre terrorismo’. O termo ‘terrorista’ deve ser evitado pelos jornalistas e, sempre que possível, substituído por palavras menos capciosas.
‘As diretrizes não proíbem o uso da palavra. Entretanto, pedimos cuidado quando for usada por uma voz da BBC. Há sempre meios de transmitir o horror e as conseqüências humanas de atos de terror sem usar a palavra ‘terrorista’ para descrever os perpetradores. E há importantes fatores editoriais que devem ser considerados antes que seu uso para descrever indivíduos ou um determinado grupo seja justificado’, afirmava o documento distribuído aos jornalistas da rede.
Com o desenvolvimento das novas mídias digitais, não existem mais barreiras entre público nacional e internacional. Pessoas de qualquer país e cultura podem ter acesso a qualquer informação, o que torna ainda mais importante o cuidado no uso de termos controversos, ressaltou a BBC. ‘Isso não significa que devamos enfraquecer nossa cobertura ou evitar transmitir a realidade e horror de fatos; mas nós devemos considerar o impacto que o uso da nossa linguagem pode vir a ter, para nossos diferentes públicos, na nossa objetividade. Temos que tomar cuidado para não dar a impressão de que estamos fazendo algum julgamento de valor implícito’.
O documento sugere o uso dos termos ‘ataque a bomba’, ‘bombardeiro’ ou ‘assassino’ e indica que jornalistas peçam o auxílio de seus superiores quando decidirem que é imprescindível usar a palavra ‘terrorista’.
Logo após o atentado no sistema de transporte público de Londres, em julho, o diretor geral da BBC, Mark Thompson, desmentiu alegações de que a rede havia proibido o uso da palavra ‘terrorismo’ em sua programação. Segundo Tara Conlan [The Guardian, 16/12/05], a questão teria sido discutida em encontro do conselho da BBC, em julho, e em setembro teria sido iniciada a revisão e implementação das diretrizes editoriais sobre o uso dos termos ‘terrorismo’ e ‘terrorista’.