O noticiário sonolento do feriadão foi interrompido no domingo (18/11) pela Folha de S.Paulo com a manchete sobre a doação, ao Partido dos Trabalhadores, de 500 mil reais pela multinacional Cisco através de ‘laranjas’. O partido contestou imediatamente e com veemência.
É evidente que a notícia foi produzida por um vazamento da Polícia Federal na Operação Persona. Mas, pergunta-se, por que razão nossa polícia judiciária precisa vazar uma notícia para a imprensa antes de concluída uma investigação? Para impedir que o caso seja engavetado por interesses políticos superiores? Mas a divulgação de uma investigação incompleta não pode produzir injustiças?
E por que a razão um veículo da importância da Folha aceita divulgar investigações que ela não conduziu? Se a denúncia for desmentida, quem será o responsável pela difamação?
Este caso vai dar o que falar, é grave e emblemático. Ele remete aos surtos denuncistas que dominam nossa imprensa há dez anos. Assim como o governo não pode interferir nos procedimentos da mídia, a mídia não deveria sujeitar-se a interesses ocultos, às vezes escusos.
Se a Polícia Federal teme que o governo abafe as investigações, quem deve colocar a boca no trombone é a Polícia Federal.