Foi presa e libertada sob fiança a jornalista e defensora dos direitos humanos mexicana Lydia Cacho Ribeiro. Autora do livro Demônios do Éden, no qual denuncia as ligações entre um grupo de ricos empresários e uma rede de pedofilia, ela foi presa sob acusação de difamação e libertada 30 horas depois, após pagar 106 mil pesos – o equivalente a US$ 10 mil. A acusação foi feita pelo empresário libanês do setor têxtil Nacif Borge, que aparece no livro de Lydia como contato do líder da gangue de pedofilia, o milionário hoteleiro Jean Succar Kuri, também libanês. Entidades de defesa da liberdade de expressão alegam, entretanto, que a prisão da jornalista parece ter sido em represália à publicação do livro.
Desde o lançamento de Demônios do Éden, em maio, Lydia tem recebido ameaças de morte, assim como os 40 membros do Centro para Atenção Integral à Mulher, organização da qual ela é diretora. A jornalista, que também é colunista das revistas semanais Día Sete e Tentaciones, foi presa em frente ao Centro, em Cancún, e levada de carro – em uma viagem que durou 20 horas – até o estado de Puebla.
Depois de ser solta, Lydia afirmou que, até o fim desta semana, apresentaria evidências que comprovem a veracidade das informações contidas em seu livro. A jornalista enfatizou que sua investigação é sustentada em testemunhos de vítimas e documentos. ‘Não é minha opinião’, disse. Ela se comprometeu ainda a manter a identidade de suas fontes em sigilo.
Lydia negou que o episódio a tenha amedrontado, e completou que, ano que vem, divulgará uma nova reportagem investigativa relacionada ao tráfico de mulheres no México.
‘Enquanto esta detenção levanta, por si só, diversas questões perturbadoras, a questão central é que jornalistas não deveriam enfrentar acusações criminais pelo que escrevem’, afirmou a diretora-executiva do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, Ann Cooper. ‘A ameaça de prisão e condenação criminal sob acusações de difamação afeta seriamente a habilidade da imprensa mexicana em trabalhar livremente.’ Informações do Comitê para a Proteção dos Jornalistas [20/12/05] e Periodista Digital [17/12/05].