Conteúdo e entretenimento nem sempre caminham juntos. A constatação pode ser verificada ao consultar a maioria dos mecanismos de entretenimento nos mais distintos meios de comunicação. A performance e a agilidade dos quadros são muito mais valorizadas do que o próprio conteúdo. Presencia-se, nestes casos, a bajulação da forma sem conteúdo, ou seja, a forma deformada.
A deformação rotineira das mensagens de distração parece ser o caminho do sucesso, conceito que é seguido à risca por inúmeras publicações informativas. As estratégias adotadas são explodir em massa informações, mesmo que o recebimento das próprias custe a morte de seu receptor.
Os jovens cidadãos, público-alvo das mensagens de diversão, encontram-se enfadados de tantas ‘informações’ inoportunas que lhes chegam a todo o momento – via celular, correio eletrônico, TV ou cinema, entre outros veículos. Muitos não sentem diretamente essa exposição, da qual pouco ou nada se aproveitam.
A overdose informativa à qual são submetidos milhões de adolescentes poderia contribuir para o engrandecimento intelectual dos mesmos, se aplicada com princípios mais específicos e culturais. Método que não apenas bombardeasse, mas ensinasse a resolver problemas e incitasse à reflexão crítica.
Aflorar a perspicácia
Caso esses princípios não comecem a fazer parte dos quadros de diversão – os quais são predominantes entre os meios de comunicação –, estaremos fadados a termos ainda mais jovens avulsos dos processos de decisão dos diferentes segmentos da nossa sociedade.
O público, na visão de muitas mídias, ainda é visto como adormecido ou passivo a todo o funcionamento dos distintos mecanismos formais ao progresso da nação. O procedimento cego-midiático – que visualiza os jovens apenas como consumidores – é um obstáculo a idéias experimentais que buscam espaço digno para estabelecer o diálogo informativo.
Uma das saídas para rompermos com as quitandas, mercearias e mercados do entretenimento barato e rápido ao público jovem, seria pensar em mídias divertidas com conteúdos inteligentes. A sede de informação dessa parcela da sociedade é grande e, diante disso, cabe aos editores e chefes-mor repensarem suas posições editoriais.
É necessário oferecer conteúdo. Claro que a forma é importante, porém mais do que isso é fundamental aflorar a perspicácia do receptor da mensagem sem subjugar sua capacidade intelectual.
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Jornalista, pós-graduando em Linguagem, Cultura e Ensino pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Foz do Iguaçu, PR