Vazamentos costumam molhar muita gente. Tanto os vazamentos hidráulicos como os jornalísticos. Quando no domingo (18/11) a Folha de S.Paulo reproduziu as denúncias sopradas pela Polícia Federal contra empresas ligadas à multinacional Cisco – sem qualquer trabalho prévio de apuração – deveria ter pressentido os graves riscos que corria.
Na terça-feira (20), duas edições depois, a Folha foi obrigada a reproduzir na íntegra, e com chamada na primeira página, duas contestações à sua primeira matéria nada confortáveis.
Nenhuma fonte está acima de suspeitas, a não ser quando o jornal e os jornalistas verificam antes a veracidade das informações que oferece. A Folha confiou cegamente na PF e agora paga uma multa por sua ingenuidade.
Qualquer que seja o desfecho final do caso Cisco, o desastrado vazamento teve uma função didática: mostrou aos jornalistas que não existe jornalismo investigativo sem investigações.