Leia abaixo a primeira parte da seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.
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O Estado de S. Paulo
Quarta-feira, 9 de abril de 2008
CASO ISABELLA
Após ‘puxão de orelha’, promotor adota cautela
‘O promotor Francisco Cembranelli, responsável no Ministério Público Estadual (MPE) pela investigação da morte de Isabella, adotou em entrevista à Rádio Eldorado um discurso mais cauteloso sobre o andamento das investigações. Segundo ele, ‘todas as especulações da imprensa são muito precipitadas’ e é preciso aguardar os dados oficiais. Cembranelli reuniu-se ontem por duas horas com o delegado Calixto Calil Filho, do 9º Distrito Policial, que voltou a pedir sigilo nas investigações. Anteontem, o sigilo geral do caso foi revogado pelo juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri, que culpou o promotor por expor o caso à mídia.
Conforme Cembranelli, a informação de que as manchas encontradas no carro de Alexandre Nardoni, pai de Isabella, não são de sangue – atestada por peritos do caso – não consta do laudo e ainda não há posição oficial do Instituto de Criminalística (IC). ‘Nada foi comprovado. É especulação. Aguardo a posição oficial do Instituto de Criminalística’, disse. O promotor, que inicialmente acreditava que as investigações pudessem ser concluídas em 30 dias, evitou fornecer um novo prazo para o processo. ‘Sei que a sociedade quer respostas. Eu também quero. Mas temos de ter calma suficiente para a apresentação de um resultado que satisfaça a todos.’
Conforme o promotor, outros depoimentos ainda serão tomados pela polícia, sem data prevista. Cembranelli afirmou, porém, que é contrário à libertação do pai e da madrasta de Isabella, uma vez que o Ministério Público já teria considerado que os fundamentos para decretação da prisão ‘estão todos presentes’.
Na sexta-feira, o promotor afirmou, em entrevista coletiva, que a versão dos suspeitos era ‘fantasiosa’, com base na leitura dos depoimentos. Segundo ele, havia contradições nos relatos. Ele chegou a citar exemplos de divergências nos depoimentos, que corriam em sigilo.’
INTERNET
Mais internautas
‘O número de brasileiros com acesso à internet em sua residência vem crescendo em ritmo cada vez mais veloz. Em dezembro do ano passado, por exemplo, o total era 40% maior do que o de dezembro de 2006. Em janeiro deste ano, o aumento, na comparação com igual mês do ano anterior, foi de 50%. Em fevereiro, o crescimento foi de 56,7%. No início do ano passado, o Brasil tinha 14 milhões de usuários residenciais da rede mundial de computadores. Em fevereiro de 2008, os internautas residenciais do País somavam 22 milhões de pessoas – 8 milhões, ou 57%, mais.
Numa lista de dez países em que o Ibope e sua parceira NetRatings fazem pesquisas regulares sobre a utilização da internet, o Brasil foi o que registrou o maior número absoluto de novos internautas no ano passado, à frente, por exemplo, dos Estados Unidos, onde a internet ganhou 4 milhões de usuários, e da França, com 3,2 milhões de novos internautas. Estes países são considerados mercados maduros, com grande parte da população já conectada à rede mundial de computadores, razão pela qual o aumento do número de usuários é praticamente vegetativo.
Aos usuários domiciliares da internet devem ser acrescentados os que têm acesso à rede por meio de computadores instalados em locais públicos, como telecentros vinculados à administração pública e lan houses, estabelecimentos privados que oferecem esse serviço por uma tarifa acessível à maioria da população. Assim, chega a 40 milhões o número de brasileiros que, por algum meio, utilizam a internet pelo menos uma vez por mês.
Esse número coloca o Brasil, de acordo com pesquisa concluída no fim do ano passado pela ONU, na sexta posição em todo o mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (210 milhões de internautas), China (162 milhões), Japão (86 milhões), Alemanha (50 milhões) e Índia (42 milhões). A ONU calcula que 1,2 bilhão de pessoas têm acesso à internet, o que representa cerca de um sexto da população do planeta. Há dez anos, eram 70 milhões de internautas.
Quando se compara o número de pessoas que têm acesso à internet com a população total, porém, o Brasil perde posição. Apenas 21% dos brasileiros estão conectados à rede ou a utilizam em locais públicos; nos Estados Unidos, os internautas são 69% da população.
Mesmo assim, os avanços têm sido notáveis no Brasil. O crescimento do número de internautas parece justificar a afirmação dos responsáveis pela mais recente pesquisa Ibope/NetRating de que o País vive ‘o maior boom’ no total de acessos domiciliares à internet desde 2000.
A chamada Lei do Bem, que reduziu a tributação sobre diversos produtos, entre os quais computadores, permitiu a redução dos preços desses equipamentos. Isso estimulou as vendas. Entre 2005 e 2007, os domicílios que tinham computador passaram de 17% para 24% do total. A Lei do Bem permitiu também o crescimento do número de lan houses. O crescimento da economia, a queda dos índices de desemprego, os ganhos reais de renda também estimularam mais famílias a adquirir um computador. Desse modo, o grande obstáculo ao acesso domiciliar à internet, que era a falta de equipamento, foi superado por um grande número de famílias.
O Brasil é o país com maior tempo médio mensal de utilização residencial da internet, na lista das nações pesquisadas pela NetRating. Em média, o internauta domiciliar brasileiro ficou conectado à rede mundial de computadores 22h24 em fevereiro. Em seguida, vêm os internautas domiciliares dos Estados Unidos (19h52), França (19h40), Japão (18h29) e Reino Unido (17h46).
Esses números tornam a internet o segundo meio de comunicação mais abrangente do Brasil, atrás apenas da televisão. Chegou-se a dizer que esse é um meio elitizado, utilizado apenas pelas classes A e B. Mas a pesquisa mostra que as classes C e D utilizam amplamente a internet.
No ano passado, os brasileiros compraram mais computadores (10,5 milhões de unidades) do que televisores. As vendas continuam a crescer em 2008, o que justifica previsões de que, no fim do ano, haverá 45 milhões de internautas no País.’
DOSSIÊ
Investigação sob encomenda
‘Ficaram claros, por fim, os motivos do governo para reagir como reagiu à reportagem da revista Veja, na edição que começou a circular em 22 de março, que confirmou com dados objetivos os rumores, que corriam havia pelo menos um mês, de que o Planalto preparava um dossiê sobre gastos palacianos no período Fernando Henrique, conforme o Estado noticiou em 19 de fevereiro. Esses rumores foram inicialmente propagados pelos próprios operadores políticos do lulismo, com o intuito de calar as cobranças que a oposição fazia para que se discriminassem as despesas pagas com cartões corporativos para o presidente Lula, que cresceram 900% entre 2003 e 2007. E é bom lembrar o que empresários paulistas ouviram à época da titular da Casa Civil, Dilma Rousseff: ‘Não vamos apanhar quietos.’
Pois bem. A reação da ministra, expressa em nota oficial, foi negar a montagem do dossiê, alegar que a coleta de documentos sobre a gestão tucana obedecia a uma recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU), o que o órgão prontamente desmentiu, e – o mais importante, à luz dos recentes desdobramentos do escândalo – anunciar a abertura de uma sindicância interna para apurar o vazamento de informações sigilosas em poder do governo. No que parecia ser uma incoerência, a Casa Civil havia adotado um procedimento meramente burocrático para esclarecer o que, segundo a sua manifesta avaliação, configurava um episódio da maior gravidade. Em outras palavras, um caso de polícia. Agora que a Polícia Federal (PF) foi chamada a entrar no circuito, passados 17 dias da denúncia, depois detalhada pelo jornal Folha de S.Paulo, as peças se encaixam. Não havia nenhuma incoerência.
Àquela altura, o governo não queria ver os federais bisbilhotando a sua intimidade porque não tinha encontrado a maneira de abrir-lhes as portas sem correr riscos. Ou seja, da maneira prescrita no inquérito instaurado segunda-feira a mando da Casa Civil, que circunscreve o âmbito do trabalho policial ao vazamento de trechos do que constitui – por onde quer que se a examine – uma ação com finalidades políticas espúrias. A lógica do Planalto, exposta pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, a quem a PF responde, e pelo seu diretor, Luiz Fernando Corrêa, é a de que vazamento é crime, mas a manipulação de dados no âmbito das repartições, enquanto não vazar, não é crime. O argumento é no mínimo discutível. Se a divulgação de informações sigilosas do setor público representa um ilícito penal, outra coisa não seria a manipulação desses mesmos dados por servidores do Executivo, à revelia da Justiça, do TCU, ou ainda de uma CPI, dotada de atribuições parajudiciais.
De mais a mais, a anuência da Polícia Federal a conduzir um inquérito em termos preestabelecidos pelo governo leva forçosamente a pensar que, em detrimento da incumbência que lhe é própria, de buscar a verdade, ela fará as vezes de instrumento das conveniências de quem a convocou – depois de muito relutar, ressalte-se. Algo parecido com a relação entre o contratante e o contratado de um serviço. Se não é disso que se trata, é ao menos o que a opinião pública tenderá a considerar, erodindo a imagem positiva que se habituou a ter dos federais nos últimos anos, por sua isenção em apurações de grosso calibre. Além desse problema de fundo, há o aspecto técnico propriamente dito. Não está claro se uma investigação sobre um vazamento pode dispensar – e ainda assim chegar a bom termo – o conhecimento pleno da feitura do que se vazou, incluindo os participantes e a cadeia de comando da operação.
A descoberta do autor do vazamento e de suas motivações dificilmente poderá passar ao largo da origem do objeto vazado, assim como o esclarecimento de um roubo parece depender da identificação do dono dos bens roubados. Ou, numa comparação chã, será possível saber por que uma torneira vaza sem desmontá-la?
De todo modo, se o governo nega taxativamente que tenha cometido qualquer delito ao criar um ‘banco de dados’ sobre os gastos presidenciais na gestão anterior, não haveria por que esconder as responsabilidades pelo que seria uma iniciativa limpa e legítima. Mas o governo Lula nunca se distinguiu por saber apagar os incêndios que ele próprio ateia. ‘
Lisandra Paraguassú e Christiane Samarco
Dilma baixa lei do silêncio no Planalto
‘A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, impôs a lei do silêncio no Palácio do Planalto sobre o caso do dossiê com os gastos do ex-presidente Fernando Henrique e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Apesar disso, o vice-presidente José Alencar defendeu ontem o comparecimento de Dilma no Congresso para prestar depoimento na CPI dos Cartões . ‘Eu penso que ir a uma CPI para prestar esclarecimentos à Nação, desde que haja honestidade absoluta de propósitos daqueles que são também responsáveis, porque foram eleitos pelo povo e estão representando o povo, é uma coisa normal’, afirmou Alencar.
Alencar defendeu a ida da ministra à CPI minutos depois de ela se negar a falar sobre o dossiê. Após uma solenidade no Planalto, cercada de jornalistas, ela disse que não falará sobre o tema enquanto a Polícia Federal não concluir a investigação, aberta na segunda-feira.
Além da ministra, silenciaram todos os outros funcionários da Casa Civil citados como participantes da reunião do dia 8 de fevereiro – quando teria sido tomada a decisão de coletar os dados para o dossiê. Ou não atendem ao telefone ou dizem, no máximo, que só o jornalista Nelson Breve, da assessoria de imprensa da Presidência, está autorizado a falar com os jornalistas.
Da reunião do dia 8 participaram, entre outros, Erenice Guerra (secretária-executiva da Casa Civil), Norberto Queiroz (secretário de Administração), José Aparecido Nunes Pereira (secretário de Controle Interno), Maria de La Soledade Castrillo (chefe de gabinete de Erenice) e Gilton Saback Maltez (diretor de Orçamento e Finanças).
Em rápida entrevista no Palácio do Planalto, Alencar afirmou que tem ‘a maior confiança na ministra Dilma’ e não acredita que ela esteja desgastada. ‘Ela tem demonstrado ser uma mulher muito firme em seus deveres e em suas obrigações’, afirmou.’
TV BRASIL
Conselho apura se TV pública sofre censura
‘O presidente do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Luiz Gonzaga Belluzzo, afirmou ontem que a coordenadora de telejornais da TV Brasil, Jaqueline Paiva, será convocada para depor sobre a acusação de estar interferindo na emissora em nome do Palácio do Planalto. O depoimento se dará na comissão de corregedoria que está sendo instalada para investigar as denúncias do jornalista Luiz Lobo, demitido da empresa na semana passada. Lobo, que era editor do Repórter Brasil, noticiário noturno da emissora, acusou Jaqueline de editar textos conforme interesses políticos do governo. A EBC, que opera a TV pública, alega que o jornalista foi demitido por não querer assinar contrato e chegar para trabalhar apenas às 16 horas.
‘Ela (Jaqueline) vai ser chamada para se explicar’, disse Belluzzo ao Estado. ‘Temos de ver se ela agiu pelo Palácio do Planalto. Quero ouvir todas as manifestações.’
Lobo alegou que as reportagens da TV Brasil só podiam falar em ‘suposto dossiê’ ao se referirem ao caso do vazamento de dados sobre despesas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Também disse ter sido repreendido porque, numa reportagem sobre problemas no sistema de saúde, não foi citado o corte no Orçamento causado pelo fim da CPMF.
Jaqueline é casada com o jornalista Nelson Breve, assessor do governo federal, mas isso, para o presidente do conselho, não é, em princípio, problema. ‘Não podemos alegar essa circunstância para levantar suspeição’, afirmou. ‘Temos de averiguar o comportamento de Jaqueline, saber se ela interferiu de maneira indevida na emissora.’
A diretora da EBC, Tereza Cruvinel, informou que enviou ontem a Belluzzo ‘relatório circunstanciado’ sobre o caso, expondo a saída de Lobo, as acusações do jornalista, ‘os fatos’ e fornecendo links para o telejornal. ‘Queremos que vejam a qualidade do nosso jornal, não as futricas de uma demissão administrativa’, afirmou. O Estado não pôde localizar Jaqueline Paiva.
O presidente do conselho defendeu serenidade nas apurações. ‘Não quero saber de perseguições ideológicas’, afirmou. ‘Mas divergências de opinião pode haver. É assim mesmo.’ Segundo Belluzzo, Lobo terá de demonstrar a suposta interferência do Planalto na EBC. Ele considera que a investigação será ‘uma coisa educativa para a mídia brasileira’.
SANÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem a lei que cria a TV pública – que tem como princípio ‘trabalhar com autonomia em relação ao governo federal para definir produção, programação e distribuição de conteúdo’. Houve um único veto – ao artigo que colocava à disposição da emissora os sinais de eventos esportivos com a participação de equipes brasileiras, no Brasil ou no exterior. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência avaliou que o artigo criaria incertezas sobre o que seja ‘representação oficial do Brasil’.
COLABOROU LISANDRA PARAGUASSÚ’
ELEIÇÕES
Site recebe denúncia de propaganda irregular
‘Já está disponível o serviço de denúncia online do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. Pelo site www.tre-sp.gov.br é possível denunciar propaganda irregular. O serviço se restringe à propaganda de rua e recebe somente ocorrências de propaganda eleitoral irregular em vias públicas ou estabelecimentos comerciais, veiculada em outdoor, cartazes, banners, faixas e inscrições. Propaganda eleitoral só pode ser veiculada a partir de 6 de julho.’
PEDOFILIA
MPF vai à Justiça para Google liberar dados
‘O Ministério Público Federal promete entrar hoje com mais uma ação civil pública contra a Google Brasil, por causa da resistência da empresa em repassar dados de usuários suspeitos de pedofilia e de incitar crimes de ódio no site de relacionamentos Orkut, que tem 30 milhões de usuários no País. Desde 2006, mais de 100 mil páginas do site foram denunciadas por disseminar esses conteúdos.
O Grupo de Combate a Crimes Cibernéticos, unidade do MPF especializada na investigação de pedófilos e racistas na internet, afirma que, em novembro, a empresa criou serviço de mensagens e álbuns restritos a convidados autorizados pelos usuários que, na prática, serviu de abrigo a troca de imagens de pornografia com crianças. Entre 29 de novembro e 31 de março, a ONG Safernet, que recebe e repassa à Polícia Federal e ao MPF denúncias de pedofilia e ódio racial, registrou 3.261 álbuns restritos no Orkut suspeitos de ter esses conteúdos.
‘Desde a criação dessa ferramenta, houve explosão de denúncias, pois garantiram aos pedófilos o que eles sempre quiseram: privacidade e impunidade’, atacou o procurador da República Sérgio Gardenghi Suiama. ‘O Orkut responde hoje por 90% das denúncias que recebemos. Não é possível fixarmos nosso trabalho em um site’, reclamou Suiama. Segundo o procurador, a Google foi notificada para que apresentasse soluções, como permitir o acesso de autoridades aos álbuns, repassar dados de usuários e preservar as imagens em um banco de dados para uso como prova em ações criminais, mas a empresa não se manifestou.
Esses pedidos são semelhantes aos exigidos em outra ação movida pelo MPF contra a Google Brasil. A ação teve decisão em liminar na Justiça Federal em setembro de 2006, que estipulava prazo para o repasse de dados de usuários suspeitos e multa de R$ 50 mil por dia de descumprimento. A empresa, no entanto, recorreu, e o caso está parado no Tribunal Regional Federal de São Paulo.
A Google Brasil disse em nota que ‘reitera seu compromisso em colaborar com as investigações das autoridades brasileiras’ e que ‘vai responder ao pedido do MPF dentro do prazo (hoje), como já vem respondendo aos pedidos anteriores’. Hoje, dois procuradores do MPF, a PF, o presidente da ONG Safernet, Thiago Tavares, e o presidente da Google Brasil, Alexandre Hohagen, depõem na CPI da Pedofilia, no Senado.’
OLIMPÍADAS
Pequim começa a endurecer com os estrangeiros
‘O governo chinês decidiu endurecer o controle dos estrangeiros que vivem em Pequim e pretende que só permaneçam na cidade durante a Olimpíada aqueles que têm uma justificativa para estar no país, como um contrato de trabalho. A polícia está realizando batidas para checar passaportes e o governo não está renovando vistos de turismo ou de negócios para uma data posterior a 1º de julho.
Aparentemente, o objetivo é saber exatamente quem está na cidade e por qual razão. Como todos os residentes de Pequim, os estrangeiros são obrigados a se registrar na delegacia de polícia de seu bairro. Mas centenas de pessoas de outros países vivem na capital chinesa sem contrato de trabalho formal e permanecem na cidade com vistos de turistas ou de negócios. Portanto, não estão registrados na polícia como residentes. A rigor, a situação é irregular, mas até o mês passado esses vistos eram renovados sem problema por despachantes que anunciam seus serviços em revistas e contam com a cumplicidade de funcionários da imigração.
Outra opção era viajar até Hong Kong ou um país vizinho e obter um novo visto, de pelo menos três meses. Agora, a renovação só é possível até 1º de julho. Quem não tiver um visto de trabalho ou de estudante terá que deixar o país.
O governo também suspendeu a emissão de vistos de múltiplas entradas para pessoas que viajam à China e limitou o tempo de permanência a 30 dias. O máximo de entradas permitidas agora são duas. A medida afeta principalmente quem mora em regiões vizinhas e viaja ao país com freqüência a negócios.
Daryl Bending, da agência Concord Travel, declarou ao jornal South China Morning Post que nem mesmo residentes permanentes de Hong Kong estão obtendo vistos de múltiplas entradas. ‘A razão apresentada é a Olimpíada, mas há indícios de que depois dos Jogos as coisas retornarão ao normal??, disse Bending, segundo o jornal editado em Hong Kong.
Um jornalista brasileiro que vive no mesmo condomínio da correspondente do Estado recebeu a visita de um grupo de policiais na manhã de anteontem. Perguntaram a razão de ele estar na China e só saíram depois de ver seu passaporte e o registro de residência na delegacia de polícia.
O Estado conversou com um europeu que entrou na China em dezembro com visto de turista de três meses. Como muitos estrangeiros que vivem em Pequim, ele dá aulas de línguas e faz trabalhos temporários, sem contrato formal. A polícia esteve em seu apartamento duas vezes na semana passada. Na primeira, ele não estava e, na segunda, havia acabado de conseguir um visto de negócios, que vencerá no fim de junho e custou US$ 140 em um despachante. Depois disso, os seguranças da portaria de seu prédio passaram a exigir que ele mostrasse seu registro de residência na polícia. Um deles sugeriu que carregue uma cópia do documento sempre que sair de casa.
Agora, esse europeu planeja viajar a Hong Kong quando seu visto vencer e conseguir um visto de turista de 30 dias. Pretende fazer isso sempre que sua permissão vencer. Com isso, espera conseguir ficar na cidade durante a Olimpíada.
Outro estrangeiro contou que a polícia telefonou para o proprietário do apartamento que aluga pedindo informações sobre seu visto. Vários outros relataram ter recebido visitas de policiais e muitos se preparam para sair do país e só voltar depois do fim dos Jogos.’
TELEVISÃO
Tropa e o esperado efeito CHiPs
‘Prevista para entrar no ar, pela TV Globo, possivelmente em 2009, a série derivada do filme Tropa de Elite poderá fazer pela polícia do Rio o que CHiPs, o lendário seriado exibido nos Estados Unidos entre 1977 e 1983, fez pela da Califórnia. Assim espera Rodrigo Pimentel, ex-policial que foi um dos autores do roteiro de Tropa e agora trabalha na versão para a TV.
‘CHiPs teve um efeito motivacional para os policiais, porque eles foram humanizados’, ele explica. ‘A polícia rodoviária da Califórnia (CHiPs é abreviação de California Highway Patrol) era uma das mais corruptas dos Estados Unidos e passou a ser amada. As pessoas abraçavam os policiais na rua.’
Pimentel acredita que, com Tropa, a imagem da polícia fluminense também já tenha sofrido mudanças. Lembra que, por conta do sucesso dos personagens Capitão Nascimento, Matias e Neto, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a população chegou a aplaudir um carro da unidade.
Mas e o que dizer da chamada PM ‘convencional’, retratada no filme de José Padilha como corrupta e ineficiente? ‘Imagina mostrar a casa do policial, falar que ele ganha R$ 800! Eles estão em campanha salarial e podem fazer mil passeatas, mas ninguém se sensibiliza. Todos os nossos personagens fazem ?bico?. Mostrar isso na televisão é muito forte’, diz Pimentel.
A TV Globo informa que a série já foi aprovada, mas não há previsão para que entre em sua grade. Com ela, espera-se que a história dos ‘caveiras’, que conquistou o Urso de Ouro em Berlim, fique ainda mais popular.
A produção ficará com a Zazen, de Padilha e Marcos Prado. O personagem central será o de André Ramiro (Matias). Morto no filme, Neto (Caio Junqueira) poderá reaparecer, em flash-back. Mais detalhes Pimentel não conta.
CHiPs, que virou mania em todo o mundo, em especial entre as crianças, era centrado na dupla de policiais Frank Poncherello e Jon Baker, vividos por Erik Estrada e Larry Wilcox. Eles combatiam o crime sobre motos, mas também tinham vidas comuns sem a farda, o que ajudou a fazer com que fossem vistos como cidadãos como quaisquer outros.’
Michelle Portela
Classificação começa confusa
‘O primeiro dia de validade da Portaria 1.220/07, do Ministério da Justiça, gerou confusão entre as emissoras. A portaria estabelece que a partir do dia 7, última segunda-feira, as emissoras situadas nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia, Acre, Amazonas e oeste do Pará deveriam atrasar em uma ou duas horas a exibição de alguns programas, para se adequar à classificação indicativa destinada a eles.
No entanto, as emissoras só modificaram suas grades de programação ontem, dia 8. A Globo, por exemplo, transmitiu a novela Duas Caras às 20 horas, em Manaus (AM). O programa é recomendado para maiores de 14 anos e, portanto, só pode ser transmitido a partir das 21h, em qualquer lugar do País, de acordo com a classificação. A capital amazonense tem fuso horário diferente de Brasília, com uma hora a menos.
Em comunicado oficial, a Globo afirmou que ‘a partir de amanhã (ontem), dia 08 de abril, as afiliadas da TV Globo em Estados com fuso horário diferenciado ao de Brasília terão sua programação atrasada em uma ou duas horas em relação à rede nacional, respeitando, assim, os horários determinados pelo Ministério da Justiça’.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Globo informou que está cumprindo a lei, mesmo que com um dia de atraso. E que caso haja alguma irregularidade, aguardará o Ministério Público entrar em contato. Desde a manhã de ontem, os telespectadores da Globo em Manaus já puderam sentir mudanças na programação.
PORTARIA
Inicialmente, o prazo de adequação terminaria em janeiro, mas foi prorrogado por meio de portaria publicada pelo Diário Oficial da União, a pedido de representantes das emissoras.’
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