Neste domingo (20/8), a ombudsman do Washington Post analisou uma ‘briga’ ocorrida na semana passada entre dois funcionários do jornal: o repórter Paul Farhi e o colunista esportivo Tony Kornheiser. O colunista estreou em um programa na TV, o Monday Night Football, e Farhi criticou a estréia do jornalista. Porém, Kornheiser não teve espírito esportivo e revidou as (más) críticas em sua coluna e em um programa televisivo. Tal atitude foi percebida pelos leitores. ‘Realmente, é incrivelmente não profissional e infantil. Se Kornheiser não consegue aceitar críticas, ele não deveria estar na televisão’, opinou um leitor.
Segundo Deborah, um sério princípio jornalístico estava relacionado ao incidente – e neste ponto é tarefa do ombudsman intervir. Antes de analisar o caso, Deborah relembra como tudo começou. Em artigo publicado na terça-feira (15/8), Farhi escreveu: ‘Tony Kornheiser agiu com cautela em sua estréia do Monday Night Football, dando poucos passos em falso, mas oferecendo pouco ao debate. Em alguns momentos, não estava claro se ele na verdade estava lá. Ainda é cedo para avaliar, como os treinadores falam. Mas na sua estréia, Kornheiser, colunista esportivo do Post e co-apresentador do programa Pardon the Interruption, da ESPN, não foi satírico nem provocador’.
Na quarta-feira (16/8), Kornheiser deu o troco em sua coluna. ‘Ao ler a crítica da minha performance, eu acho que o que mais me fez feliz foi não ter vomitado. E se eu o tivesse, teria sido na ‘pessoa detestável’ da seção Style’, afirmou ele, referindo-se a Farhi. A palavra (putz, em inglês) usada pelo colunista para se referir a Farhi também é um termo para se referir ao órgão sexual masculino. Para o vice-editor para esportes Matthew Vita, Kornheiser não quis usar a palavra de maneira ofensiva, embora algumas pessoas pudessem pensar desta maneira.
Para a ombudsman, o termo não deveria ter aparecido no jornal. Mas, como foi publicado, teria sido melhor se Kornheiser tivesse parado por aí. O que, infelizmente, não ocorreu. No programa de rádio na ESPN, ele continuou a ‘vingança’ usando termos também ofensivos para se referir a Farhi, e concluindo: ‘Pensei que meu próprio jornal pudesse ter sido mais gentil e eu não seria golpeado por trás por este homem’. Neste ponto, avalia a ombudsman, Kornheiser ultrapassou o limite.
Cruzando a linha
O Post manteve uma boa relação com o colunista ao longo dos anos e encorajou seu trabalho no Pardon the Interruption, que ele co-apresenta com o colunista esportivo Michael Wilbon, assim como sua estréia no Monday Night Football, observou Deborah. ‘Também é correto afirmar que Kornheiser ofereceu muito ao jornal e é um célebre colunista, embora suas colunas não sejam publicadas com a mesma freqüência que antes’, disse ela. ‘Mas isto não significa que o Post deva ser flexível com ele – ou qualquer um do jornal – nas críticas. Se os repórteres do Post não podem cobrir os noticiários ou fazer críticas sem medo, o jornal colocará sua credibilidade em risco’.
Deborah afirma que o Post deveria criticar a estréia de Kornheiser no Monday Night Football para saber como foi sua atuação. ‘Um funcionário do jornal não pode aparecer em um programa nacional importante sem ser criticado. Kornheiser sabia disto. A crítica poderia ser feita em esportes, mas fez mais sentido ser feita pela seção Style’, disse a ombudsman.
O colunista defendeu-se de sua atitude, alegando que nem ‘por um segundo’ questionou o direito de Farhi de criticá-lo. Farhi disse não ter se ofendido com os comentários de Kornheiser. ‘Tony critica os outros há 30 anos. Então ele recebe um pouco do seu próprio remédio e explode. É irônico’, disse.
O editor-executivo Len Downie afirmou que assim como ‘Paul Farhi teve a prerrogativa de criticar a performance de Tony, Tony tem a liberdade, como um colunista na seção de opinião, uma personalidade de TV e um comentarista, de expressar sua opinião’.
Na opinião de Deborah, o conselho de Farhi a Kornheiser foi perfeito: ‘Tony, cresça’. ‘E se ele não conseguir, ele tem de ficar de castigo no canto e se acalmar’, ironizou ela.