Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Muito barulho por pouco

No domingo (6/4), a Folha de São Paulo dedicou páginas inteiras de sua ‘Ilustrada’, com artigo e crítica extremamente elogiosa ao novo programa de humor da TV Bandeirantes, o paulistano ‘Custe O Que Custar’.


A correta jornalista Laura Mattos fez comparações aos outros humoristas ainda em atividade na TV brasileira, e chegou a eleger essa nova safra revelada pelo programa, como os mais criativos, modernos e inteligentes. Estimulado por tantas loas fui conferir na segunda (7/4), dia do jornalista, (profissional pelo qual tenho profundo respeito e admiração) a cultuada novidade na Band.


E me permito discordar da jornalista. Confesso que não deu pra rir de nada, basicamente o que vi foi uma espécie de humor papparazzo ou humor ‘de balada’, (com um vestuário dejavu inspirado nos Blues Brothers do maravilhoso John Belushi), um humor metido a low profile, humor ‘publicitário’, humor society, humor blog, ou youmore cover, pois o programa é um clone de um original platino. Ele consiste, essencialmente, em encontrar, extrair comicidade, enchendo o saco do entrevistado. Os textos são fraquinhos, os atores/ repórteres, então…


Comparar essa turma Pizza São Paulo mezzo Huck mezzo Vesgo (pelo menos estes fizeram o mesmo a priori) e mezzo Mesquita, aos geniais John Cleese, Eric Idle ou Michael Palin do Monthy Pithon ou ao espontâneo, talentoso e multifacetado humor clownesco e tipicamente brasileiro de Zé Tindade, Chico Anysio, Tom Cavalcanti, Bussunda, Renato Aragão ou Tiririca, é piada das boas.


Este tipo de repórter urbano pentelho e metido a engraçadinho o Luís Fernando Guimarães (do inteligente e pioneiro ‘Asdrubal Trouxe o Trombone’), também representava na Globo no ‘sitcom’ ‘Minha Nada Mole Vida’, e era muito mais engraçado.


Com os clássicos


Atores de qualidade e talento da nova geração como Selton Mello ou Diogo Portugal, quando fazem esses tipos, costumam ser mais criativos e interessantes. E também não é possível comparar esse humor ao Stand Up Comedy que é um gênero quintessencial e é fundamentalmente um espetáculo/monólogo do tipo banquinho e violão, chansonnier, onde o ator solitário e exposto comunica-se com a platéia através da palavra e do gesto. No CQC, a palavra é vazia e o gesto torpe, onde aquele que se expõe ao ridículo não é o caçador mas  a indefesa caça.


Agora quanto a ser novo ou moderno  prefiro continuar com clássicos como Buster Keaton e Harold Loyd  dos anos 30, Fregolente, Oscarito, Jacques Tati e Peter Sellers dos anos 50 e 60, Andy Kaufman e Cheech and Chong dos anos 70, Jerry Seinfeld dos 90 ou até mesmo o repórter Ernesto Varela dos anos 80.


E Feliz Dia dos Jornalistas.

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