Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Armitage confirma vazamento de informação

Os advogados de Richard Armitage confirmaram na terça-feira (29/8) que o ex-subsecretário de Estado americano é a fonte do colunista Robert Novak no vazamento, em 2003, da identidade secreta da então agente da CIA Valerie Plame. A confirmação põe fim a um longo mistério envolvendo personagens centrais do governo dos EUA.


Novak divulgou o nome de Valerie em coluna publicada em 14 de julho de 2003, dando início a uma vasta investigação para se descobrir quem havia passado a informação confidencial a ele. Foram indicados como suspeitos o então chefe de Gabinete do vice-presidente Dick Cheney, Lewis Libby, e o estrategista político da Casa Branca – e amigo de George Bush – Karl Rove.


Armitage entrou para a lista de suspeitos do vazamento depois da divulgação dos registros de sua agenda de 2003, inicialmente obtidos pela agência Associated Press através de um pedido do Ato de Liberdade de Informação para o Departamento de Estado. Nos documentos, estava o registro de um encontro, em junho daquele ano, com Bob Woodward, do Washington Post. Os advogados confirmaram que Armitage também falou de Valerie para o jornalista – que, por sua vez, nunca escreveu sobre o assunto e revelou apenas no fim do ano passado que havia recebido a informação, sem identificar publicamente sua fonte.


Revelação casual e arrependimento


Ainda segundo os advogados, Armitage teria revelado ‘casualmente’ a identidade da agente secreta para Robert Novak no fim de uma entrevista em seu escritório. Ele sabia da informação porque a havia lido em um memorando escrito pelo subsecretário de Estado para assuntos políticos Marc Grossman.


A pesquisa de Grossman havia sido feita a pedido de Lewis Libby, que havia lido dois artigos – um no New York Times e outro no Washington Post – sobre uma viagem feita por um ex-embaixador americano à África, patrocinada pela CIA, com o objetivo de checar suspeitas de que o Iraque estaria buscando urânio enriquecido no continente para usar em seu programa de armas nucleares. Nenhum dos dois artigos identificava o diplomata, mas era sabido dentro do governo que se tratava de Joseph Wilson, marido de Valerie Plame. Funcionários da Casa Branca queriam saber o quanto ela influenciou na escolha do marido para a tarefa.


De acordo com um livro de Michael Isikoff e David Corn sobre a Guerra do Iraque que será lançado em breve no EUA, e que teve alguns trechos publicados esta semana na Newsweek, Armitage teria dito a colegas do Departamento de Estado que achava que talvez pudesse ser o responsável pelo vazamento. Ele teria se dado conta disso quando Novak publicou uma segunda coluna sobre o assunto em outubro de 2003, onde dava pequenas dicas sobre sua fonte. A partir daí, o Departamento de Justiça foi informado, assim como o FBI. O livro cita o então chefe de inteligência e pesquisa do Departamento de Estado, Carl Ford, dizendo que Armitage contou a ele que podia ser a pessoa que causou toda a confusão e que se arrependia de ter falado mais do que devia ao colunista. Informações de Neil A. Lewis [The New York Times, 30/8/06].