Grupos rebeldes atuantes no Iraque encontraram na divulgação das imagens de suas ações uma maneira de fazer propaganda. A tática de expor decapitações de reféns e atentados terroristas mudou a vida do repórter australiano Michael Ware, correspondente da revista americana Time no país ocupado. Ele foi o primeiro ocidental a receber um vídeo com ameaças a um refém – no caso, um paquistanês.
Depois disso, já recebeu sete fitas de diferentes facções, dentre guerrilhas islâmicas, nacionalistas e independentes. Uma das gravações mostra um suicida ligado ao líder terrorista Abu Musab al-Zarqawi se despedindo dos colegas e entrando num caminhão carregado com explosivos, que, em seguida, vai pelos ares, ao longe. Outra fita mostra mais uma ação liderada por al-Zarqawi: o assassinato do presidente do Conselho de Governo Iraquiano apontado pelos EUA, Izzedine Salam, também com uma explosão.
Para Ware, ter sido escolhido pelos insurgentes como garoto de recados para a mídia ocidental não é algo simples. ‘Esse tipo de coisa nunca é fácil ou confortável’, diz, em entrevista à CNN [8/7/04]. ‘Mas é assim que é cobrir uma guerra: ela tem dois lados. Sinto obrigação de descobrir o máximo que posso sobre ambos’. Ainda assim, o repórter garante que não faria nada que poderia promover ou encorajar seqüestros ou ataques. Após receber a fita com as imagens do refém paquistanês, por exemplo, decidiu que não vai passar para frente nenhuma gravação de seqüestro. ‘Dar três dias de vida ao pobre homem me tornou um participante’, lamenta.
Metade dos EUA é contra imagens da guerra na internet
Uma pesquisa feita pelo Pew Internet and American Life Project mostra que metade dos americanos adultos é contra a publicação na internet das imagens mais violentas da guerra, de decapitações e abusos, por exemplo.
Segundo a AP [8/7/04], ainda assim, milhões de internautas dos EUA procuraram essas fotografias e vídeos na rede por iniciativa própria – 24% deles tiveram acesso a esse tipo de material. Ao todo, 49% dos americanos são contra a divulgação das fotos e 40% são a favor.
O diretor do estudo, Lee Rainie, observa que os americanos em geral defendem a idéia de que, quanto mais informação, melhor. ‘Mas quando se deparam com aplicações desse princípio na vida real, em muitos casos, ficam infelizes’, acrescenta.
A pesquisa concluiu que jovens e democratas tendem a ser mais favoráveis à publicação das imagens fortes do que os mais velhos e os republicanos.