Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Novelas da Globo

Antes de jornalista, sou pai de uma linda menina de 12 anos. Surpreendi-me ao ver, outro dia, no programa Mais Você, de Ana Maria Braga, na TV Globo, matéria sobre a ‘dança na barra’, usada por dançarinas em boates, muitas das quais fazem ‘programas’ ao final do expediente. Surpreendi-me novamente ao ver no portal G1, também da Globo, matéria sobre a tal dança.

As matérias não são gratuitas, apesar de tentarem forçar idéia de que a dança está moda (!!!). São para ver se impulsionam mais um pouquinho o Ibope da novela Duas Caras, que, para mim, é ridícula.

Não quero parecer conservador nem preconceituoso, mas isso não é apelação demais? Por que deveria deixar minha filha exposta a isso? Desligar a TV ou mudar o canal resolve? Por favor, pautem algo a respeito. Não agüento mais ver baixarias na TV (de toda a espécie) e coleguinhas fazendo propaganda disso como se não houvesse mal nenhum.

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A Rádio Difusora Santa Cruz Ltda, de Santa Cruz do Rio Pardo (SP), por meio dos radialistas/comentaristas esportivos Pedro Donizeti Dias (também sócio-proprietário), Ricardo Ramalho e Edson José, tem protagonizado ultimamente incitação à violência contra testemunhas em processo onde figuram requeridos, entre outros, o prefeito e o time profissional da cidade, inclusive valendo-se referidos profissionais de mensagens subliminares, apontando para enfurecida torcida quem são aqueles que estão acabando com time de futebol, num seguinte quadro: ‘O time de futebol vai acabar por causa do casal Celso e Junko Sato Prado’.

A emissora tem cometido deliberadamente ataques à liberdade das pessoas para fazer prevalecer sua política de apoio ao prefeito, seu investidor maior, e com isso apologia a possíveis crimes pelos quais responde o alcaide, além de coagir pessoas que, segundo eles, agem contra a cidade por motivos torpes, pessoais e de perseguição política ao prefeito, homem bom, honesto etc. Ditaram inverdades, que os denunciantes – que eles sabem não ser os denunciantes – não amam a cidade, querem destruir o time de futebol e que deveriam ser repelidos, expulsos do município, numa notória xenofobia cidadã da pior espécie. Lavrado boletim de ocorrência no plantão policial do município, foi feito comunicado/requerimento ao Ministério Público relatando as pressões sofridas. (Celso Prado, funcionário público aposentado, Santa Cruz do Rio Pardo, SP)

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Sempre quer visito o site sinto uma vontade enorme de relatar a importância do Observatório da Imprensa na vida dos estudantes de comunicação, professores e profissionais comunicadores. Enquanto acadêmica, até julho de 2006, visitava o Observatório para pesquisas. Agora, formada, embora não atue ainda na área, sempre que posso venho me reciclar. Além de me inteirar sobre as notícias atuais, tomo uma verdadeira aula de como se faz a notícia com textos bem elaborados. Então, por que não parabenizar quem está por trás da produção de todo este arsenal fantástico? Em nome de todos os internautas, parabéns à equipe do OI. (Ivete Nunes Vieira, aposentada, Florianópolis, SC)

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Fazia parte do estatuto da TV Cultura (salvo engano) uma cláusula que impedia o estímulo ao consumismo. Assim sendo, como uma ‘TV pública’, a TV Cultura não poderia ter anunciantes como, por exemplo, as Casas Bahia, como hoje acontece. Mas essa máscara da TV Cultura como uma ‘TV pública’ – portanto, como um canal de comunicação independente do governo do estado – só engana atualmente os ingênuos. A emissora paulista é um ninho de tucanos pró-Serra. E estes aparecem como isentos em vários programas da emissora.

Na terça-feira (20/11), por exemplo, no decadente Jornal da Cultura, que um dia já foi razoável na condução do jornalista Heródoto Barbeiro e que no momento se degrada, um cientista político da USP, um famoso tucano entre os acadêmicos, foi opinar sobre o plebiscito das reformas constitucionais na Venezuela. Os âncoras simplesmente ignoraram os pontos mais capitais da reforma, fazendo perguntas somente sobre a proposta de reeleição ilimitada. No fundo, levantaram a bola para o cientista tucano bombardear Chávez com argumentos toscos e com um reacionarismo indisfarçável.

Mais: contrariando os manuais do jornalismo, os âncoras não ouviram nenhum intelectual favorável às propostas de Chávez. Para piorar, exibiram a opinião do senador José Sarney se opondo à entrada da Venezuela no Mercosul – e nenhuma a favor. (Paulo Jonas Lima Piva, professor, São Paulo)

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Assisto regulamente ao programa Observatório da Imprensa na TV. Mas ultimamente o programa perdeu seu espírito crítico. Quando do episódio do fechamento da RCTV, na Venezuela, partiu de um pronunciamento do senador José Sarney, como se este tivesse uma ética e moral ilibadas. Desde então parece que o programa perdeu conteúdo, elaboração e legitimidade para questionar a mídia. Na edição de terça-feira (20/11), por exemplo, um dia importante de questionamentos sobre o racismo no Brasil e o papel da imprensa neste contexto, o programa optou por discutir sobre o jornal Lance!, como se o esporte no Brasil estivesse em um patamar educativo, pedagógico, metodológico e construtivo na formação da cidadania brasileira.

Vejam as reportagens da CartaCapital e da Carta Maior sobre a corrupção na organização do Pan-Americano 2007. Não vi um questionamento no programa sobre o papel da grande mídia no evento. E principalmente sobre a Rede Globo, no encerramento do Pan e a delegação cubana. Sugiro que mudem a proposta do programa, já que está caindo na vala comum das mídias do Brasil. (Runildo Pinto, técnico em microinformática, Porto Alegre, RS)

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Jornalista, São Paulo (SP)