Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fotógrafos levam a pior no show do Police

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 10 de dezembro de 2007


THE POLICE
Mônica Bergamo


Celular, celulite e socos num ‘dia muito amoroso’


‘‘Oi, você já entrou? Oiii? Peraí! Você tá pertinho de mim então, amigaaa!’ É Daniella Cicarelli, na entrada do camarote VIP do show do The Police, ao telefone com Daniella Sarahyba. ‘Ahhh! Linda!’ As duas se encontram. ‘Eu vim de shortinho pra provar que aquela perna não é minha’, diz Sarahyba. Que perna? ‘Ih, polêmica. Saiu na internet uma foto [de Sarahyba cheia de celulite]. Foi maldade. Não era minha perna, não.’ Cicarelli se mostra incomodada com a camiseta do patrocinador do camarote. ‘Vim com outra blusa por baixo. Será que eu posso tirar a de cima?.’ Melhor não. Afinal, não existe almoço, muito menos show de graça: para ver o The Police na mordomia do camarote, os famosos precisam se deixar fotografar com a camiseta da marca da empresa que os convidou.


A miss Nathália Guimarães posa entre as duas Daniellas. E explica o motivo da ida ao show: ‘Olha, eu descobri que muitas músicas que eu já conhecia eram do The Police. Fiquei suuuper feliz e estou amaaando estar aqui’.


‘Ihh, a Luciana Gimenez, ó… não vem’, comenta um dos organizadores. ‘Vanessa da Mata, ó… também não’. Alívio! Surge Susana Vieira com o marido, Marcelo Silva. ‘O mais engraçado é que o The Police era da minha geração, anos 80, mas foi o Marcelo que se virou pra conseguir os convites. Fiquei impressionada, gente!’ diz a atriz. ‘Depois li um jornal pixando tanto a banda que fiquei até com vergonha de gostar!’


Perto de uma parede com o logo de uma companhia de telefonia móvel, Dado Dolabella posa para fotos. ‘É agora que eu levo meu telefone?’. ‘Não. A gente vai mandar pra sua casa’, diz o organizador. ‘Pô, eu pensei que já podia levar…’ Suzana Vieira entra na fila para ganhar o seu aparelho. ‘Estamos fazendo uma promoção do Blackberry. Os famosos tiram fotos e ganham um aparelho’, explica o funcionário da empresa.


Selton Mello, Glória Pires, Renata Sorrah, Thiago Lacerda e Vanessa Lóes já estão no camarote VIP. Um amigo de Santoro reclama dos fotógrafos. O ator se desculpa: ‘Não liga, não. Ele ‘tá’ muito louco’. Cercados por seguranças, Luciano Huck e Angélica chegam na metade do show. Ela sorri para o fotógrafo. No segundo click, Huck diz: ‘A gente quer ver o show, pô!’. Leva a mão à câmera e empurra a repórter -que cai.


É quase meia-noite quando os VIPs descem a rampa do Maracanã. Ellen grita, de braços abertos: ‘Somos jovens, somos felizeeees!’ Na fila da van que os levará para outro ponto da cidade, o amigo ‘muito louco’ de Santoro irrita-se com os flashes e… dá um soco no fotógrafo. Todos dão risada. Susana Vieira comenta: ‘Foi um dia muito amoroso, não é mesmo?’’


 


LETRAS
Ruy Castro


Salta uma palmatória


‘RIO DE JANEIRO – Há tempos, um assalto se frustrou em Florianópolis, SC, porque o carro que os bandidos usavam na operação tinha uma placa fria onde se lia ‘Frorianópolis’. Eles pertenciam àquela corrente literária, pós-naturalista, segundo a qual se deve escrever como se fala.


Mais recentemente, em São Paulo, outro assalto se baldou porque o carro usado pelos elementos para penetrar num condomínio de luxo trazia adesivos com a inscrição ‘Impório Santa Maria’. Não satisfeito, o endereço eletrônico do falso empório era coerente com o erro: www.isantamaria.com.br. Nos dois casos, a Justiça faria bem se, além de condenar os meliantes às penas da lei, também os obrigasse a passar uma temporada na cartilha.


E, outro dia, descobriu-se que a demora para deportar o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, do principado de Mônaco para o Brasil, se deve a que os documentos enviados pela polícia brasileira tinham sido traduzidos para um francês incompreensível pelos monegascos. Não houve dicionário que os esclarecesse sobre o que os nossos poliglotas queriam dizer.


Bem, se nem esses dois esteios da sociedade, os bandidos e a polícia, conseguem se entender com as línguas, a quem vamos recorrer? Pesquisa de um programa internacional de avaliação de alunos mostrou que o Brasil está em 48º lugar em leitura entre 56 países estudados. Tal resultado deveria fazer com que os quatro ou cinco últimos ministros da Educação viessem a público estender a mão para uns bolos de palmatória, por sua parcela de responsabilidade nesse vexame.


Tudo mal que o francês seja hoje quase uma língua morta no Brasil. Mas o país que se cuide para que o português também não se reduza por aqui à língua falada. E mal falada -os plurais, por exemplo, a começar pelos presidenciais, já eram.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Outros fundos


‘Domingo de estréia do ‘banco de Chávez’, no dizer da Bloomberg, e o chanceler Celso Amorim aparece na capa do ‘Clarín’. ‘Analisou com pouco entusiasmo o Banco do Sul’, mas com muito o protagonismo da América do Sul, ‘claro que sempre com o eixo central Brasília-Buenos Aires’. Avaliou o novo fundo como ‘alternativa a mais’ de desenvolvimento, junto com Corporação Andina, Banco Interamericano, BNDES.


Já o correspondente do ‘Financial Times’ ouviu os ministros Guido Mantega e Mangabeira Unger, sobre o fundo soberano do Brasil, e atacou o projeto que, ‘não ortodoxo, quer intervir no câmbio’. Alarmou-se com as ‘mudanças radicais, parte de troca maior nos planos de desenvolvimento’. ‘Abandonar ortodoxia’ e ‘a política monetária herdada do governo anterior é errado’, opinou, após ouvir economista do Unibanco.


RESPALDO A EVO


E o assessor Marco Aurélio Garcia surgiu em outra entrevista, na capa do boliviano ‘La Razón’, do grupo do espanhol ‘El País’. Confirmou que a Petrobras vai investir US$ 750 milhões. E que ‘se dará respaldo a Evo Morales’. Disse que o Brasil está ‘confiante sobre as perspectivas de evolução democrática da crise’ na Bolívia.


Ontem mesmo, a oposição boliviana já reclamou de Lula.


A PROTEÇÃO VERDE…


De um lado, os representantes comerciais de EUA e Europa assinaram até texto no ‘Wall Street Journal’ defendendo a liberação do ‘comércio verde’, de produtos ditos ambientais.


De outro, Celso Amorim falou por toda parte da ‘aberração’ de liberar produtos dos países ricos e retirar etanol da lista. Até o presidente chileno do Banco Interamericano entrou em cena, com um artigo no ‘El País’ contra as tarifas de EUA e Europa sobre o etanol.


… NÃO COLOU


Mas no fim dos debates sobre comércio e o clima, ontem em Bali, ‘países ricos e pobres não chegaram a acordo sobre a abertura do comércio em produtos verdes’, deu a Reuters.


O PRÓXIMO ‘ROUND’


A partir de hoje, a conferência sobre aquecimento em Bali ‘entra na fase decisiva’, diz a BBC, e o conflito é outro, para os mesmos ricos e pobres: ‘como tratar o desmatamento’.


Ainda sem a presença -e a posição- da ministra Marina Silva, como cobrou o blog Bali 40 Graus, Amorim disse que ‘vai buscar coalizão com outros países’. Critica créditos de carbono. ‘Se as nações ricas comprarem e continuarem a poluir, não há corte de emissões.’


QUEM PAGA?


Diz o ‘Washington Post’ que ‘preservar as florestas é a questão-chave’ em Bali, mas as partes, ricos e pobres, não concordam ‘sobre quem deve pagar’.


AINDA ALARMANTE


Desde sexta, Google News e Yahoo News destacam, do Brasil, a queda no desmatamento. Mas já observando que, se não desapareceu como chegaram a prever, a Amazônia ‘segue alarmantemente’ sendo cortada.


A BATALHA PELA ÁFRICA


Na manchete do site do ‘FT’, ontem, ‘União Européia está perdendo a batalha pela África, diz líder do Senegal’. Disse mais -que a ‘pesada’ pressão européia por acordos bilaterais pode levar à ‘ruptura sísmica’ dos continentes. Contrastou com a atitude de China e Índia, no comércio.


Já a Reuters destacou o temor externo com o favorito na eleição sul-africana. No enunciado, ‘Lula ou Chávez?’.


A CRISE OU O PASTOR?


Não foi só o ‘New York Times’ que destacou ‘o fim do sonho americano’, quinta passada. Também o ‘Wall Street Journal’, na reportagem de capa ‘Como a crise de crédito imobiliário atingiu os grupos imigrantes pobres’. Abrindo o texto, a história de Naira Costa (foto), que comprou a crédito, estimulada pelo pastor brasileiro de sua igreja, na região de San Francisco.


Dia seguinte e o ‘JN’ dá a história na submanchete, com a mesma Naira, mas nem menção à crise de crédito. A edição focou o ‘golpe imobiliário’ do ‘pastor de igreja evangélica’.


‘EARTHQUAKE’


O fato no norte de Minas Gerais apareceu na cobertura, inicialmente, como ‘terremoto’, por sites e demais. Aos poucos, Record News e as Globos passaram a ‘tremor de terra’, até ‘de médias proporções’, mas que levou a uma morte ‘pela primeira vez’ no país. No exterior, a morte da criança ecoou de imediato, com ‘earthquake’ nos títulos.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Ibope medirá audiência em DVD e micro


‘O Ibope vai começar a medir audiência de TV não só no televisor. Com a chegada da TV digital, que favorece a distribuição de conteúdo televisivo em vários suportes, o instituto se prepara para fazer aferições em tocadores de DVD, telefones celulares, microcomputadores e minitelevisores digitais.


Além disso, o Ibope irá computar a audiência de programas gravados pelo telespectador em DVDs e DVRs, o que deverá causar impacto nos números. Atualmente, o Ibope só consegue medir a audiência do programa que está sendo transmitido naquele momento e visto apenas em televisores.


O Ibope desenvolveu um novo peoplemeter, o Dib-6, que consegue detectar o conteúdo que está sendo visto pelo telespectador. Uma outra versão do Dib-6 é um software que pode ser instalado em celulares.


Segundo Dora Câmara, diretora do Ibope Mídia, a tecnologia já está pronta, mas ainda não há previsão do início das medições. Isso depende do número de televisores, conversores e receptores móveis de TV digital no mercado.


Dora afirma que 2008 será um ano de observação do comportamento do consumidor de TV digital. Só depois é que a implantação do Dib-6 deverá ser discutida com emissoras.


A executiva diz que a atual tecnologia do Ibope já está apta a captar a audiência de aparelhos digitais, independentemente do Dib-6.


CORTE O SBT demitiu na última sexta seis profissionais do ‘Charme’, de Adriane Galisteu. A loira agora só tem um diretor e uma produtora exclusivos. A explicação é que seu programa, um game, não precisa de tanta produção. Também na sexta, foi demitida toda a equipe que fazia o ‘Viva a Noite’.


CROSS SHOW Ana Maria Braga vai gravar hoje no Projac, no Rio, para onde seu programa deve mudar em 2008. Ela visitará a casa de ‘Big Brother Brasil’.


CENSURA As emissoras concorrentes da Globo não permitiram que Maria Rita cantasse ‘Tá Perdoado’, integrante da trilha de ‘Duas Caras’, no show da festa de lançamento da TV digital em São Paulo, no último dia 2.


PROFISSIONAIS 1 Agora é oficial: a série ‘Os Amadores’ está confirmada na programação da Globo em 2008. Deve estrear em abril. A direção artística da rede aprovou, na semana passada o projeto de temporada apresentado pelo diretor José Alvarenga.


PROFISSIONAIS 2 Desde 2005 o programa tenta emplacar na grade da Globo. O problema é juntar o elenco _Murilo Benício, Matheus Nachtergaele, Otávio Muller e Cássio Gabus Mendes.


TROQUE Dan Stulbach está fazendo aulas mágica para interpretar o protagonista de ‘Queridos Amigos’, minissérie que estréia em fevereiro. Já está quase craque. Nos intervalos das gravações, diverte o elenco fazendo objetos desaparecerem.’


 


Janaina Fidalgo


Nigella descomplica ceia com boas dicas


‘Natal, para quem fica encarregado da ceia, pode ser sinônimo de estresse e correria. Quando os convidados chegam, descansados e perfumados, o coitado que passou o dia cozinhando já está desmilingüido. Quem se identifica com a situação acima vai se surpreender com a praticidade e descomplicação de Nigella na série que estréia hoje no GNT.


Nas mãos da britânica simpática, até o preparo de um banquete pré-Natal parece fácil (e, ainda assim, delicioso). E não só. Ela, cabelo e maquiagem impecáveis, ainda consegue sair para tomar um drinque rápido com as amigas enquanto as aves assam no forno (!).


Tudo bem, é um programa de TV. Tudo soa perfeito e fácil. Mas, seguindo certas dicas da moça, é de fato possível receber sem sofrer e aproveitar a festa.


A primeira delas é: não complique. Nigella cria um cardápio simples, com cara de trabalhoso. À primeira vista, ninguém diria que o cuscuz com uvas-passas, páprica e sementinhas de romã foi feito em menos de dez minutos. Mas foi.


A outra dica é: prepare-se. Tenha todos os ingredientes necessários à mão antes de começar a fazer qualquer coisa.


Na hora, é só montar os pratos, como ela faz com os rolinhos de presunto cru com figo seco.


E, enquanto os convidados se divertem, Nigella está entre eles, aprumada, desfrutando do encontro.


NATAL COM NIGELLA


Quando: hoje, às 18h


Onde: GNT’


 


CULTURA
Valmir Santos


Movimento de teatro critica Funarte


‘Grupos de teatro do movimento Redemoinho criticam a gestão de Celso Frateschi na presidência da Funarte, o braço das artes cênicas do Ministério da Cultura. O 4º Encontro Nacional do Redemoinho, ocorrido durante três dias da semana passada, em Porto Alegre, foi marcado pelo cancelamento do convênio de R$ 50 mil assinado com o órgão federal que apoiou edições anteriores.


Em documento de balanço divulgado na noite de quarta-feira, os grupos alegaram ‘demora da disponibilização dos recursos firmados’, sinalizados a quatro dias da abertura, e ‘dificuldade de comunicação’ com a Funarte.


No encontro, por exemplo, o ator e um dos fundadores do grupo Galpão (MG), Chico Pelúcio, afirmou que a relação ‘está ruim’ e que era preciso mostrar que ‘estamos insatisfeitos com o tratamento que a Funarte deu ao Redemoinho’.


O também ator Frateschi, nome ligado à aprovação da pioneira Lei de Fomento paulistana (2002), se disse decepcionado e reclamou de ‘leviandade’. Segundo ele, a responsabilidade pelo atraso do repasse é do próprio movimento, por razões de documentação, e mesmo assim haveria ‘tempo hábil para ser realizado’.


O Redemoinho diz que a negociação vinha desde julho e a verba não poderia ser usada porque liberada de fato quando a reunião ‘já estava em andamento’.


Com representantes de 37 grupos de 11 Estados, o encontro decidiu que a principal ação política em 2008 será a mobilização pela aprovação do projeto de lei que institui um Fomento em nível federal. No dia 27 de março, em que se comemora o Dia do Teatro, os artistas lerão aos seus espectadores um manifesto sobre o programa. O documento também será encaminhado ao presidente Lula e a deputados e senadores.


O evento divulgou ainda carta aberta à prefeitura de Porto Alegre cobrando providências quanto à ordem de despejo sofrida pela Terreira, sede da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, onde aconteceu o encontro -o grupo completa 30 anos em 2008.


A próxima edição do Redemoinho ocorrerá em dezembro de 2008, em Salvador.


O movimento de coletivos surgiu em 2004 como rede brasileira de espaços de criação, compartilhamento e pesquisa teatral. E vem se afirmando pela proposição de políticas públicas para a área.’


 


CINEMA
Folha de S. Paulo


Greve de roteiristas nos EUA entra na 5ª semana


‘O otimismo que rondava as conversas sobre a greve dos roteiristas de Hollywood -que está na quinta semana- diminuiu. Na última sexta-feira, a Alliance of Motion Picture and Television Producers acusou a Writers Guild da América de demora nas negociações. Nick Counter, da Alliance, apresentou um ultimato e disse que só volta a negociar após receber nova proposta.’


 


CIDADE ILUSTRADA
Pedro Cirne


David Lloyd lança suas impressões de SP


‘‘Se São Paulo fosse um restaurante, a chuva seria uma das especialidades da casa. Não oferecida aos fregueses em porções moderadas, mas derramada no prato de sopa a partir de uma concha gigante, quando você ainda nem pensou em pedir nada -e a qualquer momento durante a refeição.’


A frase acima, do quadrinista britânico David Lloyd, está no livro ‘São Paulo’, que será lançado hoje à noite, em evento para convidados, e na próxima quarta, em noite aberta para autógrafos.


Conhecido por ser co-autor, ao lado de Alan Moore, da história em quadrinhos ‘V de Vingança’, no início dos anos 80, Lloyd esteve por duas semanas em São Paulo no ano passado.


Seu livro é o sétimo da série ‘Cidades Ilustradas’, que já focou Curitiba e Rio de Janeiro, sempre por artistas diferentes. ‘São Paulo’ não tem quadrinhos, mas textos escritos por Lloyd e ilustrações baseadas em fotos que ele tirou em seus passeios.


‘Tentei evitar estereótipos, mas não pensei em deixar algo deliberadamente de lado por conta disso’, conta Lloyd. ‘O livro traz as minhas impressões e sentimentos de quando estive aí, é o meu ponto de vista.’


Assim, estão lá paixões divididas por britânicos e brasileiros, como futebol e Fórmula 1, mas também ícones paulistanos como o Masp, o Edifício Itália, a Rodoviária do Tietê, o parque Ibirapuera e… o trânsito caótico.


Elogios e críticas


Há muitos elogios a São Paulo no livro, mas também críticas. ‘É uma pena que tantas pessoas não tenham possibilidade de acesso a uma melhora em suas vidas’, diz. Sobre o lado bom da cidade, ele cita o povo e seu potencial. O primeiro exemplo é a casa de Estevão Silva da Conceição, construída ao longo de 20 anos na favela Paraisópolis, decorada com copos, talheres, relógios parados e outros objetos. ‘Um trabalho notável de arte verdadeira’, definiu Lloyd na obra.


No início do livro, o britânico escreveu que sabia pouco sobre São Paulo e que sua idéia era senti-la sem preconceitos. Página a página, guiado pelas belas ilustrações e pelos comentários, é possível acompanhar as descobertas de Lloyd. E, mesmo que o leitor seja nascido e criado na cidade, é possível que ele próprio aprenda um pouco mais sobre São Paulo.


SÃO PAULO


Autor: David Lloyd


Editora: Casa 21 (R$ 65; 88 págs.)


Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, São Paulo)


Lançamento: hoje, às 19h (para convidados)


Noite de autógrafos: quarta-feira (12/12), às 19h, na livraria HQ Mix (pça. Roosevelt, 142, São Paulo, tel. 0/xx/11/3259-1528)’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 10 de dezembro de 2007


THE POLICE
Lauro Lisboa Garcia


Quem detém os direitos pelas imagens, afinal?


‘Uma das cenas mais curiosas na área VIP do show do Police era um simpático moleque de uns 8 anos empoleirado no ombro do pai cantando com toda a força dos pulmões letras inteiras de Message in a Bottle, Don’t Stand so Close to Me e outras. Daria uma bela imagem para ser publicada, mas os fotógrafos credenciados foram impedidos de fazer qualquer registro do público dentro do estádio. Um contra-senso ridículo na era do YouTube, das câmeras digitais de bolso, dos celulares capazes de captar imagens de alta resolução.


Aos profissionais, confinados na sala de imprensa, só foi permitido registrar as duas primeiras músicas do Police. Depois deveriam sair do estádio. Enquanto o moleque se esgoelava no final de Syncronicity II, os fotógrafos já eram retirados da área na frente do palco. Um deles, na lateral, tentou um último clique na direção de Andy Summers e Sting, mas foi impedido pela mãozona do segurança na frente da lente. Na cara desse mesmo segurança, um dos convidados VIPs tirou da bolsa uma câmera semiprofissional, com lente dotada de zoom que dava pra ver os pés-de-galinha do cantor. Outro VIP com câmera de vídeo igualmente poderosa registrava músicas inteiras da banda. Nenhuma câmera de tevê teve permissão de gravar o show, por ser de exclusividade da Globo.


Quando o Police esteve no Maracanãzinho em 1982, nem se sonhava com telefone celular no Brasil. Oi, alô, a realidade hoje, claro, é outra. Não se ganha mais dinheiro com vendas de discos, da mesma maneira como está fora de controle os direitos pela imagem. Antigamente, como eram poucos, os que levavam câmeras para os shows não passavam na revista e tinham de deixá-las na entrada.


Na sala de imprensa, um dos fotógrafos profissionais comentou: ‘Os VIPs vão ter imagens muito melhores do que as nossas, porque além de terem recuo melhor vão poder ficar o show inteiro com suas maquininhas.’ Episódios como esses vêm se repetindo. No show de Cat Power no TIM Festival, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, um fotógrafo tentou fazer uma imagem além do limite permitido (as tais das duas primeiras músicas) e quase apanhou de um segurança da cantora. Dois minutos depois ela chamou o público para mais perto do palco e o que se viu foi todo mundo levantar automaticamente as câmeras digitais e celulares, com 8, 10 megapixels. Uma piada. Qualquer um deles poderia vender as fotos para revistas ou jornais interessados.


Seja decisão ‘da produção internacional’ – como consta no relatório da assessoria de imprensa do Police para confirmação do credenciamento -, ou por norma das casas de shows, o aviso ‘é proibido fotografar ou filmar sem prévia autorização’ caiu no vazio. O público descaradamente ignora.


A democratização da imagem por esses meios é discutível, mas supostamente não traria maior prejuízo para os artistas do que a pirataria de CDs. Sting não vai ficar pobre por causa de uns pedaços de shows exibidos na internet. Vai lá no YouTube. Já tem um monte de cenas do show de anteontem no Maracanã, captadas pelo público, além das imagens gravadas da transmissão pelo canal Multishow. Da apresentação do Police na Argentina há 29 vídeos. Como brincou um fotógrafo, fazendo o trocadilho mais óbvio e repetido nos últimos dias, polícia para quem precisa.’


 


LIVROS
Roberta Pennafort


Os verdes anos de Vera Fischer


‘A repórter chega à cobertura de Vera Fischer, no Leblon. Na sala, dá de cara com a parede coalhada de quadros pintados pela atriz. Dois minutos depois, ela aparece. A deusa sorri – mas não é só ensaio para as fotos que virão a seguir. Vera diz que está feliz, e parece feliz, de fato. Aos 56 anos recém-comemorados, plantou uma árvore, deu à luz dois filhos e escreveu um livro. Um, não, três!


O primeiro deles ela lança hoje, pela Editora Globo, na Livraria da Travessa, no Rio. A autobiografia (ela prefere chamar de diário) Vera, a Pequena Moisi (Editora Globo, 200 págs., R$ 29 ) – apelido que ganhou dos pais alemães quando criança, que soa como ‘ratinho’ na língua deles -, decepciona quem está em busca de detalhes de sua conturbada vida, relatos sobre noitadas regadas a álcool e drogas (há muito extintas), histórias de bastidores de novelas e confissões sobre seus (ruidosos) relacionamentos amorosos. Já para os que têm curiosidade sobre os anos que precederam o concurso de Miss Brasil que a alçaria à fama é leitura leve e até saborosa, que não dura mais do que três horas.


Prefaciado por Flavio Marinho, o livro – que, para o dramaturgo, mostra como ‘os anos verdes influenciaram os anos maduros’ do furacão loiro -, vai até seus 14 anos, bem antes de a jovem catarinense ficar conhecida por sua beleza no País todo. Fala de sua rica convivência com os pais, a avó e a tia, das travessuras com as amigas, da paixão pelos Beatles e por Ingrid Bergman, do primeiro beijo, aos 13 anos (dado num garotinho que namorava outra).


Os 29 capítulos foram escritos em diferentes épocas em cadernos pessoais e reunidos sem que haja uma ordem cronológica. Todos são recheados com lindas fotos, da Vera mãe, filha, neta, símbolo sexual. Entre relatos sobre a família e declarações de amor aos filhos, Rafaela, de 27 anos, que mora com ela, e Gabriel, de 14, que vive com o pai, Felipe Camargo, e o modo nada ortodoxo com que os criou (ela afirma ser contra a imposição de qualquer tipo de limite), o leitor se depara com frases que podem ser do escritor Oscar Wilde ou do personagem Buzz Lightyear, de Toy Story. E ainda listas de filmes e livros preferidos e reflexões próprias sobre sua personalidade.


Ela logo se revela: ‘Gosto de mitologia, de fadas, duendes, demônios, anjos, deuses, espaços, movimentos. (…) De romantismo, poesia, de coisas preciosas, do sempre, dos contos das mil e uma noites. Serei Sherazade porque mil histórias vou inventar. Para não morrer? Sim, para não morrer.’ Sobre sexo, conta que, depois de ler Sade e Henry Miller percebeu que o sexo está ‘aliado às maldades, às perversões, às maldições’. Mais adiante, garante: ‘Sou a mais feliz das mulheres que conheço. Só por existir. Não sei se me nasceram ou se eu me nasci. Acho que quis nascer.’


Na entrevista que deu ao Estado, na quinta-feira passada, a atriz, que está sem namorado há tempos (adoraria ter alguém que lhe dissesse ‘eu te amo’) e pretende voltar ao teatro em breve, diz que escreveu tudo sem mostrar a ninguém. ‘Gabriel leu a primeira página, e adorou’, pontua. Vamos a ela (ao trecho que fala de uma sessão de fotos para a Playboy, há sete anos, em Paris): ‘Um lindo casaco de peles cobria meu corpo. E mais nada. Lá embaixo, carros, transeuntes, bicicletas, ônibus. Todos iam e vinham. Eu só de olho. Na hora em que eu arrancasse o agasalho seria um deus-nos-acuda. Não deu outra.’


Lá pelo meio do livro, relembra os anos de rebeldia da adolescência. Ao falar do pai, diz que ‘ele não entendia eu ser menina e ter iniciativa masculina. Por isso me batia. E muito’. Por ter saído com um ‘namoradinho’, na adolescência, chegou a levar um soco no rosto. ‘Eu subi para o quarto e escrevi no meu diário: ?Vou matar meu pai?. Não precisei fazê-lo. A vida se encarregou disso. Ele morreu de câncer.’


Os outros dois livros de Vera ainda não têm editora. O segundo, que ela pretende lançar no meio de 2008, será uma continuação da autobiografia, enfocando o concurso de miss e sua vida a partir de então, a carreira de atriz, os casamentos com Perry Salles e Felipe Camargo (com quem ela conta ter ótimo relacionamento hoje em dia, a ponto de mandar presentes até para sua namorada). O terceiro é um romance.


‘Eu achei que as pessoas não iam se interessar pelo meu livro, porque ninguém gosta de saber da infância das pessoas, mas quem leu até agora curtiu. As pessoas vão me conhecer melhor’, ela acredita, ao falar de Vera, a Pequena Moisi. Sim, Vera está feliz. Depois de tantos altos e baixos, concluiu, como diz no livro, que ‘a vida é atroz, mas também é boa, é para ser bem vivida’.’


 


Francisco Quinteiro Pires


Coletânea de textos escritos por judeus no Brasil


‘O que pensavam e sentiam os judeus vindos dos países do Leste Europeu para morar no Brasil na primeira metade do século 20? A resposta está contida em 30 contos de 13 autores selecionados no pioneiro O Conto Ídiche no Brasil (Humanitas, 402 págs., R$ 35), que será lançado hoje, às 20 horas, no Centro da Cultura Judaica.


O pioneirismo se deve à diversidade de contistas e de abordagens. E pelo duplo movimento de entender a terra desconhecida e de preservar as raízes. ‘Os contos tratam da dificuldade de adaptação, da estranheza das coisas novas e dos problemas brasileiros, mas o ídiche é usado também para preservar a cultura’, explica Genha Migdal, professora da USP e organizadora da publicação ao lado da docente Hadasa Cytrynowicz. A coletânea tem textos traduzidos do ídiche, escritos antes e depois da 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Os resultados negativos operados pelo Holocausto na cultura judaica se fazem sentir nas letras.


O idioma revela o universo judaico, ameaçado pelo anti-semitismo crescente na primeira metade do século passado. O ídiche nasceu no vale do Rio Reno, na Alemanha, no século 10º e sua base germânica recebeu a influência do latim vulgar. Ele tomou contato com as línguas eslavas depois da Peste Negra (século 14) e ganhou estrutura gramatical nos anos 1920.


Serviço


O Conto Ídiche no Brasil. Hadasa Cytrynowicz e Genha Migdal (org.). Centro da Cultura Judaica. R. Oscar Freire, 2.500. Hoje, 20 h’


 


TELEVISÃO
Julia Contier


Aposta independente


‘O GNT já escalou para a grade de 2008 os vencedores do seu pitching, que seleciona entre projetos quais terão uma chance no canal.


Os escolhidos são quatro. Dilemas de Irene, da Youle Produções, que mistura humor e prestação de serviço. A série é um almanaque de dicas sobre dilemas cotidianos que as mulheres enfrentam. O programa brinca com diversas situações, desde tirar a mancha de champanhe do vestido até trocar pneu em uma estrada deserta.


Na linha Supernanny, um Mundo pra Chamar de Seu, da Mutante Filmes ensina as pessoas a terem hábitos mais ecológicos. A cada semana, um personal ecologist visita uma família ou um condomínio e dá sugestões de como reduzir o desperdício e até mesmo ganhar dinheiro com seu lixo.


O divertido Pet.Doc, da Urca Filmes, mostra como o animal de estimação é tratado como membro da família por algumas pessoas.


Em uma cidade de Minas Gerais, existe uma comunidade formada apenas por mulheres que sobrevive isolada há mais de um século. Essa é a história retratada em Noiva do Cordeiro, da Canal Imaginário.’


 


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