Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

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JORNALISMO ECONÔMICO
Eleno Mendonça


Falta de planejamento só pode dar nisso, 9/01/06


‘Desde que inventaram o Proálcool, no final dos anos 70, como mais um capítulo do milagre brasileiro, o combustível alternativo tem como características básicas a aprovação geral em termos ambientais e alternativos e a falta de produção firme e suficiente para acompanhar a demanda. A imprensa se esquece de lembrar isso de tempos em tempos, de falar que usineiro sempre se favoreceu de subsídios no Nordeste e que no Centro-Sul sempre atuou sem nenhum compromisso com o consumidor. Podendo ganhar mais, e a lei de mercado dá margem a isso, o setor avança e não quer nem saber das conseqüências.


Quem já passou por falta de álcool na bomba sabe o que estou falando. Mas a mídia abandonou algumas áreas do jornalismo, entre elas a de energia. Hoje ninguém mais se importa em ter na equipe alguém que faça tudo, como prego sempre, mas que tenha afinidade com fontes e segmentos ligados à produção de eletricidade, de álcool, petróleo, gás etc. Assim, como em toda crise, só quando ela surge é que se vai pensar quem poderia cobrir razoavelmente o assunto. O repórter ficará dois ou três meses nisso e seguirá para outra frente de crise ou para o dia-a-dia.


Bem, mas voltando ao caso do álcool. Quando as montadoras partiram sem medida para a produção dos modelos que rodam com gasolina e álcool ou com os dois, houve uma corrida dos consumidores. Acontece que se esqueceram de ver que o álcool já estava com sua produção no tamanho do mercado. Desta forma, ou se ampliava a área plantada ou daria no que deu. Hoje os preços sobem, o consumidor pagou mais por um benefício que não tem e a perspectiva não é animadora, na medida em que não se eleva a produção de álcool da noite para o dia.


Desta forma, é preciso alertar o consumidor quando há essas mudanças de conceito e de comportamento no mercado. Na sexta fizeram uma reunião, antes da qual se chegou até a falar em intervenção do governo no setor, o que seria um absurdo. Se vivemos a chamada economia de mercado, cabe à oferta e à procura a tarefa de adequação.


Bem, mas fizeram a reunião e, adivinhem, não deu em nada. É mais uma trapalhada do governo e que envolve a Fazenda, as Minas e Energia, a Agricultura. Se penderem demais para um lado, provocam desequilíbrios. Por exemplo, não dá para tirar o anidro que se adiciona à gasolina, haverá aumento da poluição. Mas o governo discute uma redução da mistura do álcool na gasolina, de 25% para 20%, o que também pode mexer com os preços da gasolina e afetar a inflação.


O certo é que historicamente os acordos em torno de preços firmados com usineiros sempre resultaram em rompimentos e crises no abastecimento. Esquece-se o governo que em crises passadas o mercado olhava para os preços do açúcar. Na usina, fazer açúcar ou álcool é só questão de virar a chave. Assim, o segmento produz aquilo que lhe é vantajoso. Agora é a hora de especular e aumentar o preço sobre o aumento da demanda do carro flex. Quando inventaram esse motor todo mundo deveria saber que não haveria álcool para acompanhar a força de vendas e do marketing que se formou em torno do modelo.


Agora, nova crise se avizinha. O Brasil, fortemente dependente de gás da Bolívia, onde o presidente boliviano ora adota um discurso de parceria ora de nacionalista estatizante, estimula o consumo do gás para os automóveis. O gás também vem tendo o uso ampliado nas residências e fábricas e as montadoras, de novo, trabalham pesado para criar o motor que roda com gasolina, álcool e gás. Ou seja, ninguém faz estudos da matriz energética, ninguém procura especialistas para perguntar se há base para isso. Depois, bem, depois é só ficar fazendo reuniões e ocupando espaço nos jornais, como consumidor no meio, sem saber de nada.’




CASOY DEMITIDO
Carlos Chaparro


Silenciaram Boris Casoy. Quem? Por quê?, 6/01/06


‘O XIS DA QUESTÃO – Quais as verdadeiras razões que levaram a Rede Record a silenciar Boris Casoy? A pergunta está entalada na goela de quem se informava e organizava seus pontos de vista ouvindo e vendo o telejornal apresentado por Boris Casoy. Ele se tornara voz de referência no nosso telejornalismo, com papel importante na discussão pública brasileira. As suas cutiladas críticas faziam parte de um acervo que interessava não apenas à Record, mas também à sociedade. Logo, os telespectadores têm direito a explicações, sobre as razões que levaram a Record a silenciar a voz de Boris Casoy.


1. Voz silenciada


Ainda é cedo para que sejam reveladas as verdadeiras razões que levaram a Rede Record a demitir Boris Casoy e a sua equipe. Salete Lemos também foi, por acréscimo. Por quê? Algum dia, alguém falará o que hoje ainda não pode ser dito. E quanto ao que foi dito até agora, não dá para engolir. O que se disse e foi publicado por aí é claramente uma versão desajeitada, simplória demais para uma rusga que, tanto nas causas quanto nas conseqüências, vai muito além das aparências.


Com a elegância que o caracteriza, Casoy pouco ou nada dirá, quando voltar da viagem em que se escondeu. Mas, de repente, quem sabe, no desdobramento de negociações que ainda virão (porque, nos rescaldos da briga, há grana alta em jogo), talvez solte revelações que justifiquem aquilo que agora temos vontade de dizer, imitando-o: ‘É uma vergonha!’


Neste, como em todos os casos de conflitos cabeludos, quando faltam informações, no lugar delas vicejam especulações. E a especulação mais insinuante que corre por aí, entre quem conhece bem os meandros da Record, é que alguém muito poderoso, com balas de alto calibre na agulha (verbas publicitárias, por exemplo), exigiu a cabeça de Boris Casoy, numa fase em que os ácidos comentários do apresentador se tornaram particularmente incômodos para o governo Lula.


Com a misteriosa demissão de Boris Casoy, fechou-se a única janela crítica do jornalismo da Record – e não vem ao caso ajuizamentos sobre o jeito de pensar e dizer do apresentador silenciado.


Quer se goste ou não dele, e das escolhas ideológicas que lhe marcaram o estilo e a personalidade profissional na televisão, a verdade é que Boris Casoy não pertencia apenas à Record. Era uma voz de referência no nosso telejornalismo, com papel importante na discussão pública brasileira. As notícias, as entrevistas e as cutiladas críticas de Boris Casoy faziam parte de um acervo que interessava não apenas à Record, mas também à sociedade. Logo, a sociedade tem direito a informações e explicações.


2. Faltam respostas


– Que razões levaram a Rede Record, aquela, a do bispo Edir Macedo, a demitir e a silenciar Boris Casoy?


A pergunta continua entalada na goela dos milhares de telespectadores que diariamente assistiam ao Jornal da Record apresentado por Boris Casoy, porque acreditavam nele. A resposta, porém, está bem escondida e protegida na intimidade dos bastidores.


Por falar em intimidade dos bastidores, vale a pena ler a coluna ‘Porandubas’, assinado por Gaudêncio Torquato, no site www.migalhas.com.br.


O professor e jornalista Gaudêncio Torquato é uma das pessoas atualmente mais bem informadas sobre as intimidades da política e da mídia brasileiras. Escreve bons artigos de análise política, aos domingos, na página dois do Estadão. Atua como prestigiado consultor nas áreas da comunicação institucional e do marketing político. Quando escreve e fala de política, sabe, portanto, o que diz e do que fala.


Vejam o que Torquato escreveu, em suas ‘Porandubas’ desta semana, sobre o assunto Boris Casoy:


É verdade que Boris Casoy inaugurou um estilo de jorna-lismo na TV. E que o seu ciclo na TV Record poderia estar esgotado. Ou seja, fechou um ciclo. Boris tinha independência editorial para fazer pontuação forte sobre fatos e personagens. Mas a especulação sobre a teia de interesses políticos em torno do perfil polêmico de Casoy tem até sentido. O vice-presidente da República, José Alencar, pertence ao partido dominado pela Igreja Universal – PMR – Partido Municipalista Renovador. Alencar teria pretensões ambiciosas. Boris incomodava. Basta lembrar as cobranças que fazia sobre o affaire Santo André (assassinato do pre-feito Celso Daniel). O azeitamento da máquina televisiva faria parte da estratégia? Será que o jornalista não estava mais ‘rendendo’ o que o grupo esperava dele? Será que se tornou um perfil caro? Ou a saída de BC foi apenas uma questão de rotina?


P.S. Urge acompanhar de perto – com olhos de águia – os movimentos da Igreja de Edir Macedo.


Talvez se possa dizer que a nota aí transcrita é um exercício especulativo. Mas um analista com as responsabilidades e a respeitabilidade de Gaudêncio Torquato não escreve à toa sobre assuntos de tal gravidade. Quem escreve uma nota dessas, sobre a qual coloca o peso do próprio nome, sabe bem o que diz e porque diz. Sabe, pelo menos, o suficiente para sustentar e comprovar o que insinua.


Entretanto, cabe repetir a pergunta:


– Quais as verdadeiras razões que levaram a Rede Record a silenciar Boris Casoy? Ou terá sido ele silenciado por algum poder oculto? – e é sempre bom lembrar que, quanto mais oculto, maior é o poder.


Alguém arriscaria respostas?


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NOTA DE RODAPÉ – Aos eventualmente curiosos, o dicionário esclarece: poranduba é um termo do tupi, que significa notícia, informação, pergunta.’




BRASIL NO HAITI
Antonio Brasil


Brasil no Haiti: uma sinuca de bico, 9/01/06


‘O comandante das forças de paz da ONU, o general brasileiro Urano Bacellar, morreu no Haiti em condições, no mínimo, misteriosas. Ele foi encontrado com um tiro na cabeça no Hotel Montana em Porto Príncipe. As primeiras notícias destacavam a versão do exército brasileiro de ‘morte acidental’. Mas a hipótese mais provável é ‘suicídio’. O governo brasileiro, no entanto, deve acompanhar as investigações. Outro brasileiro, o embaixador Sergio Vieira de Melo, também morreu em importante missão para a ONU. Foi vítima de um ataque ‘suicida’ em Bagdá. Certamente estamos pagando um alto preço pela nossa projeção internacional.


Mas para os jornalistas brasileiros, a tragédia no Haiti levanta questões que merecem ser analisadas e discutidas.


Primeiro: caso a versão de suicídio seja confirmada, o que teria levado um experiente general brasileiro a tomar atitude tão drástica? Depressão, despreparo ou decepção com o seu trabalho no Haiti? Algumas fontes também apontam as ‘pressões’ dos americanos para que o general utilizasse as forças de paz para enfrentar ‘criminosos’ haitianos. Ou seja, utilizar as tropas brasileiras e internacionais para eliminar as milícias que ainda apóiam o governo do presidente Aristide, deposto pelos militares dos EUA.


Segundo: qual seria o verdadeiro papel do exército brasileiro naquele país? Estamos a serviço da ONU ou dos interesses americanos? Quais são as expectativas e o que pensa a população local sobre a presença de tropas estrangeiras no Haiti?


Terceiro: afinal, por que estamos participando de uma missão ‘quase’ impossível em um dos países mais pobres e violentos do mundo? Quais são os interesses geopolíticos brasileiros na região ou na ONU?


Bem sabemos que o governo Lula sonha com um assento permanente no conselho de segurança da ONU. Também sabemos que há uma evidente competição com o presidente Chávez, da Venezuela, pela liderança do populismo na América Latina.


Há alguns meses, alguns parlamentares brasileiros, como os deputados Fernando Gabeira e Babá, já tinham se pronunciado contra a presença dos brasileiros no Haiti. Afinal, lá, estamos diante de uma questão fundamental: somos forças de paz ou tropas de ocupação? Eis a questão!


Um pouco de História


A história do Haiti é uma das mais heróicas e tristes do continente americano. Apesar de ter sido uma das colônias mais ricas e produtivas do império francês no século XVIII, os escravos haitianos conquistaram a independência em uma luta heróica contra os colonizadores. Mas eles pagaram um alto preço por tamanha ‘ousadia’. Sem reconhecimento ou apoio internacional, nem mesmo do governo recém-independente dos EUA, o Haiti virou o Haiti. Sinônimo de miséria absoluta, violência e instabilidade política. O país mais pobre do ocidente.


Em 2004, os americanos, sempre os americanos, depuseram o governo do presidente Jean-Bertrand Aristide. Não estavam satisfeitos com a sua administração e a violência crescente no país. Após o fait accompli, convocaram o apoio e as tropas da ONU para garantir as mudanças e as promessas de eleições democráticas. Situação muito parecida com outro país do Oriente Médio. É nesse ponto que o Brasil entra na história daquele país.


Líder mundial de seqüestros


Chegamos a um dos países mais pobres e conturbados do mundo para uma missão praticamente impossível: preservar a paz e garantir a transição política. Pelo jeito, falhamos nos dois objetivos.


Após tantos meses de decepções e improvisações, hoje não contamos mais com a ‘simpatia’ dos haitianos.


Em um jogo de empurra, as eleições nacionais no Haiti têm sido constantemente adiadas. Deveriam ter acontecido no último domingo. Os adiamentos aumentam ainda mais a tensão no país e a população tende a hostilizar e culpar as tropas estrangeiras.


Os haitianos estão decepcionados com a ONU e com os brasileiros. A situação, que já era ruim – sempre foi -, ficou ainda pior. Assim como no Iraque, o Haiti virou um inferno. Numa relação per capita, com uma pequena população de 8 milhões de habitantes, tem uma média de 40 seqüestros por mês, o Haiti se tornou líder mundial de seqüestros. Assim como o Iraque, não é um lugar fácil para o trabalho dos jornalistas. Não faltam desgraças e muitas notícias. O problema é o descaso ou desinteresse da mídia internacional. A triste verdade é que o mundo não parece muito mais interessado no Haiti. E muito menos no Brasil. Afinal, de onde menos se espera…


Despreparo militar


E qual seria o treinamento militar, preparo ou apoio psicológico e experiência internacional dos nossos comandantes militares?


Acompanhei pelo noticiário brasileiro o treinamento (sic) das tropas brasileiras no Rio de Janeiro. Após algumas semanas de exercícios no estilo ‘Jipe tours’ – aquelas visitas-relâmpago organizadas para turistas estrangeiros pelas favelas cariocas -, os militares brasileiros foram enviados às pressas para o Haiti. O general brasileiro deve ter sentido na pele a frustração de mais uma dos nossos projetos mirabolantes.


Mas não é a primeira vez que o Brasil envia tropas para forças de paz da ONU ou da OEA, Organização dos Estados Americanos. No passado, os militares brasileiros atuaram na região de Suez e na Repíblica Dominicana. Quase sempre a serviço dos interesses dos EUA. Mas não acredito que nessas missões algum militar brasileiro, muito menos um general, tenha se suicidado.


Sem correspondentes no Haiti


Enquanto isso a cobertura brasileira, sempre voltada para temas únicos, tem desprezado a presença e os objetivos das tropas brasileiras no Haiti.


Somos reféns das agencias internacionais americanas como a AP e a Reuters para obter noticias sobre os brasileiros no estrangeiro.


Nenhuma das nossas grandes empresas de comunicação brasileiras correspondentes permanentes no Haiti. Também não temos jornalistas ‘embedded’ ou ‘embutidos’ com as nossas próprias tropas no Haiti. Por que não temos pelo menos um jornalista de plantão no Haiti em regime de pool trabalhando para todos os veículos brasileiros interessados? Reduziria custos e evitaria ser novamente ‘pego de surpresa’.


Na cultura do ‘jeitinho’ e da falta de planejamento, na hora H temos que confiar nos mesmos correspondentes que cobrem o mundo inteiro dos estacionamentos de Nova Iorque e Londres. Também recorremos a improvisações emergenciais e enviamos as nossas ‘estrelas’ para fazer um jornalismo improvisado. Eles sempre acabam cobrindo os acontecimentos internacionais com grande atraso e sem qualquer contextualização. Uma cobertura internacional desleixada, amadoristica e acomodada. Uma cobertura que prefere culpar o publico, acusado de ignorância e desinteresse pela própria incompetência.


Sinuca de bico


Mas temo que reconhecer que não eh fácil cobrir e entender os problemas do Haiti. Segundo a jornalista brasileira Cristiana Mesquita, editora regional para a América Latina e Caribe da APTN, Associated Press Television News e que jah esteve por diversas vezes no Haiti, deveríamos evitar comparações apressadas: ‘Apesar da musica do Caetano, o Brasil não é o Haiti. Só para você ter uma idéia, daqui a 20 anos, com muito trabalho e sorte, as favelas mais ‘barra pesada’ de Porto Príncipe como Cite Soleil e Belair vão se parecer com a Rocinha no Rio de Janeiro. Não há comparação’. E acrescenta em tom de alerta: ‘As forcas da ONU não ousam entrar em certas favelas e enfrentar as gangues de simpatizantes pro-Aristide. Também não conseguem trazer paz para a população em geral. A pobreza eh proporcional à frustração dos haitianos. Os militares brasileiros estão numa verdadeira sinuca de bico’.


Mas em meio a mortes misteriosas e uma crescente decepção popular, para Cristiana, talvez ainda haja uma ultima esperança para os brasileiros: ‘Os haitianos adoram o futebol brasileiro. Vamos ver se este ano como em 94 as ruas do Haiti vão estar decoradas de verde e amarelo com milhões torcendo pelo Brasil na copa do mundo. Em vez de militares ou diplomatas, talvez devêssemos enviar jogadores de futebol para o Haiti’.’




JORNALISMO & BASTIDORES
Milton Coelho da Graça


Até que ponto uma festinha é legal?, 6/01/06


‘Um jornalista importante e respeitado pela opinião pública decide fazer uma festa de aniversário, com tudo a que tiver direito – inclusive caviar, champanhe e lugar gênero Daslu. Gosto não se discute. Mas você acha razoável que essa festa seja bancada por pessoa de currículo duvidoso – sob sérias e fundadas suspeitas de enriquecimento ilícito com dinheiro público? Estamos falando em tese, basta responder sim ou não, sem alusões pessoais.


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Essa Monica continua uma danada


Um leitor da Folha, citado pelo ombudsman Beraba, escreveu uma curta frase que todas as redações deveriam afixar em suas paredes: ‘A mídia está devendo’. Bem, Monica Bergamo não deve. Ela foi atrás do namoro José Dirceu-Paulo Coelho, apadrinhado pelo biógrafo Fernando Morais – uma superpauta que deu e certamente ainda dará muito caldo. Nos Pirineus viu Zé Dirceu rezar, Paulo revelar segredos sobre sua fortuna e os dois juntinhos ouvirem Roberto Carlos a noite inteira. Babem à vontade, crianças, Paulo contou que ganhou 130 mil dólares para escrever um texto de 6 mil batidas, menos de cinco laudas e mais do que nenhum de nós vai ganhar durante todo este Ano Novo. Para quem não leu e quer saber toda essa linda estória natalina, é só acessar o site da Folha de S. Paulo.


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Cuidado, o carcará quer te ver e ouvir


O novo diretor-geral da ABIN, dr. Buzanelli, está interessado em maior aproximação com os cursos de jornalismo (A) e já criou mais 25 escritórios pelo País (B). Somando A + B: a idéia deve ser ir enchendo as redações com arapongas, ou melhor, carcarás. Daqui a alguns anos jornalista só vai poder trocar idéias na rua.


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Caixa Econômica contra pequenos jornais


A Caixa Econômica Federal está processando pequenos jornais e rádios por terem divulgado um e-mail sobre suposta fraude na mega-sena. Houve realmente um erro desses meios de comunicação, que deveriam também ter ouvido ‘o outro lado’. Mas a reação da Caixa é totalmente desproporcional, com pedidos de indenizações etc., quando a melhor maneira de desmentir fraudes nos sorteios da Caixa seria aceitar um controle externo e a publicação regular de cálculos baseados na Lei das Probabilidades, comprovando matematicamente a correção dos resultados.


É possível fraudar resultados da mega-sena e de outros sorteios, isso já ocorreu várias vezes no mundo. Na Pensilvânia, Estados Unidos, a fraude foi cometida diante de milhões de testemunhas que acompanhavam o sorteio pela televisão. A própria Loteria Federal (ainda no tempo em que havia um concessionário) foi manipulada e um dos fraudadores era o próprio fiscal do Governo.


Para que ameaças e processos ‘em defesa da credibilidade e transparência da Caixa’, quando a instituição deveria se preocupar muito mais em defender sua credibilidade e transparência nas transações com a GTech? Repito: a melhor maneira de demonstrar que os sorteios estão acima de qualquer suspeita seria publicar uma auditoria por matemáticos da Universidade de Brasília, que está ali bem pertinho dessa muvuca.’




JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu


Originalérrimo, 6/01/06


‘Numa entrevista, digamos, meio bizarra, com o ator do momento, Lázaro Ramos, a última pergunta da revista OI foi esta:


— Lázaro é um nome originalérrimo. De onde seus pais tiraram?


Educado, o moço respondeu:


— Originalérrimo aqui! Na Bahia é um nome muito comum, que nem um simples João.


Janistraquis ficou impressionado:


‘Considerado, o entrevistador nunca ouviu falar em Lázaro, aquele lazarento (no bom sentido) que ressuscitou e virou santo de prestígio. Ainda bem que o ator global ainda não fez o papel daquele aleijado sem nome a quem o Mestre encontrou, alquebradérrimo, e ordenou-lhe: ‘Levanta-te e anda!’. E por falar nisso, o que o Mestre diria ao entrevistador, hein? Certamente algo como reage e pasta, ó incréu!’


(Leia no Blogstraquis a íntegra da originalérrrima entrevista)


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A gente podemos…


Por que as pessoas escrevem tão mal no Brasil? O considerado José Inácio Werneck, que há anos está mais próximo do inglês que do português, tem uma respeitável opinião sobre o doloroso assunto:


(…) Não sou nem nunca fui gramático, mas o padre Malheiros, de meus tempos no que então se chamava Ginásio, deixou-me alguns ensinamentos básicos, hoje esquecidos ou desprezados em nosso país. As edições online, aí incluídas as dos grandes jornais do Rio e de São Paulo, são um horror, parecem escritas pelo primeiro analfabeto que passa na esquina.


Confira no Blogstraquis a íntegra do artigo originalmente escrito para a revista eletrônica Argumento.


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Só no Brasil!


A considerada Olívia Nascimento Torres, de São José dos Campos, envia notícia publicada na Folha Online, na qual se lê, escondidinha debaixo do título Vítima de roubo reconhece ladrão vestindo suas roupas na praia:


Onze pessoas –entre eles três menores de idade– foram presos neste domingo em Caraguatatuba, no litoral de São Paulo, acusados de integrar uma quadrilha de ladrões de residências.


A polícia chegou à quadrilha depois que as vítimas de um roubo viram dois dos suspeitos andando na praia com suas roupas. Um rapaz usava uma bermuda, um par de tênis e um cordão de ouro que seriam das vítimas. Uma mulher de 20 anos que o acompanhava também usava tênis que teriam sido roubada.


Olívia desconfia que tais excentricidades só acontecem no Brasil:


‘Aqui é o lugar onde mais existe redator ruim e ladrão burro, pode acreditar’, escreveu ela, ao que Janistraquis redargüiu: ‘No caso dos larápios, pode não ser burrice, Olívia, mas aquela certeza de impunidade que acabou com o PT, por exemplo…’


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Boa notícia


Deu na coluna do Claudio Humberto:


Privatização da morte


O vírus da privatização coça a cabeça de José Serra e Andrea Matarazzo. A dupla privatizará os cemitérios paulistanos.


Janistraquis, que tem uns 40 parentes na construção civil, festejou:


‘Considerado, agora sim, os paulistanos vão ter mesmo onde cair mortos!’


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Tremendo porre


O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo janelão, que é um convite às convulsões eméticas, pode-se ver o presidente Lula furioso por causa do aumento do álcool, pois Roldão nos enviou o seguinte despacho:


Na Revista do Correio deste domingo, Jaguar, o famoso freqüentador de bares, se equivoca quando diz que a cidade de Pilsen, origem da renomada cerveja desse nome, fica na Alemanha.


Pilsen (Pizen, em tcheco) fica na Boêmia ocidental, na República Tcheca, a 91km a sudoeste da capital, Praga.


Janistraquis e eu ficamos perplexos e desorientados com a revelação de que Jaguar não entende de cerveja e meu secretário expeliu, depois de alguns instantes de catatonia:


‘Se Lula dominasse os destilados como Jaguar não domina os fermentados, o Brasil sairia dessa ressaca braba… entendeu?’


Não.


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Um horror!


Resultado na Capital dá novo ânimo a cadeirante, eis o título da editoria de esportes do Diário do Rio Doce, de Governador Valadares. O lead informava:


Mesmo sem disputar uma única prova este ano, o atleta cadeirante Domingos Jorge Moreira se superou, sagrando-se vice-campeão da sua categoria na 7ª Volta Internacional da Pampulha, no último dia 4, em Belo Horizonte. O resultado animou tanto o valadarense, que ele já pensa em disputar novamente a tradicional Corrida de São Silvestre, no dia 31, em São Paulo.


A considerada leitora Anna Beatriz Ladeira, de Teófilo Otoni (MG), que enviou o despacho, estranhou:


‘Quer dizer que os atletas que participam de jogos em cadeiras de rodas são chamados de cadeirantes? Que nome mais feio! É isso mesmo? Existe essa palavra? Não a encontrei em nenhum dicionário. Acho que os jornalistas andam inventando demais, vocês não acham?’


Janistraquis foi pesquisar e garante que o, digamos, neologismo existe e os buscadores da internet estão repletos de ‘cadeirantes’. Mas a palavra é deveras um horror.


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Bronca


O considerado Renzo Sansoni, que de vez em quando perde a paciência e põe a boca no megafone, despachou lá de Uberlândia:


Por que a Globo está com esta bola toda, mandando e impondo no futebol brasileiro? Deixando de fora, e chupando dedo, as outras emissoras, igualmente brasileiras, igualmente legalizadas neste país, pagando os mesmos impostos, empregando muita gente, exercendo concorrência saudável e ética!


Que democracia é esta, em que o poder financeiro é o patrão? O que podem fazer nossos colunistas esportivos para botar a boca no trombone, mostrando ao cidadão comum esta aberração nojenta e perniciosa, onde o poder da emissora é global, intransferível e ditatorial? Quem mais está por trás disso? Onde estão nossos políticos sadios?!?!?!?!


Falou, Sansoni!


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Nota Dez


Nosso Mestre Deonísio da Silva escreveu em sua coluna do Jornal do Brasil:


‘Os Deuses vendem quando dão./ Compra-se a glória com desgraça./ Ai dos felizes, porque são/ Só o que passa’.’ Estes versos de Fernando Pessoa estavam e estão em Mensagem, seu livro de estréia. Em 31 de dezembro de 1934, autor e obra foram atingidos por uma das maiores injustiças de toda a literatura de língua portuguesa. Concorrendo ao prêmio Antero de Quental, patrocinado pelo Secretariado de Propaganda Nacional, do governo Salazar, o poeta perdeu para o padre franciscano Vasco Reis, que se inscrevera com Romaria, ‘um momentâneo abuso de água benta’, segundo o respeitado crítico João Gaspar Simões (…)


Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo que nos leva à reflexão.


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Errei, sim!


‘PRATA MAIS SARNEY – Perguntinha maldosa do meu secretário: ‘Considerado, o que José Sarney e o teatrólogo-colunista Mário Prata têm em comum?’.


— O bigodão, arrisquei.


— Mário Prata não usa bigode.


— O jaquetão…


— Prata não veste nem paletó, considerado!


— Então, não faço a menor idéia.


— É que ambos não leram Quincas Borba, do velho Machado!!!


Recusei-me a acreditar, porém Janistraquis exibiu os jornais. Na Folha, o festejado autor de Marimbondos de Fogo e O Dono do Mar citou: ‘Aos vencidos, batatas’, a propósito da votação, na Câmara, da emenda da reeleição; em O Estado de S. Paulo, referindo-se ao julgamento de Guilherme de Pádua, o dramaturgo-cronista ensinou: ‘E aos perdedores, as batatas, como queria Machado’.


Ah!, mísera, infame memória! É certo que intelectuais de tal jaez leram Machado; todavia, a frase é diferente daquela divulgada por Mário Prata e Sarney; ‘ao vencedor, as batatas’, costumava repetir, em seu delírio, o filósofo Quincas Berro d’Água. Quer dizer, Quincas Borba!’ (abril de 1997)’


100 DISCURSOS HISTÓRICOS
José Paulo Lanyi


O velho discurso de Ano Novo, 6/01/06


‘Contemplo, na Superinteressante, uma sucessão de fotos de desastres naturais. Em uma delas, vejo a imagem do Katrina, captada por um satélite. A legenda nos remete, oportunamente, à nossa ‘insignificância’ diante do poder da natureza.


Até certa medida na contramão das idéias nietzschianas, devo concordar com a afirmação de que nós, pobres mortais, não passamos de… pobres mortais. Somos células da ‘maldita raça humana’, como definiu Mark Twain.


Não quero afirmar a agonia, nunca despejei bile no chope da esperança. De posse da bandeja da realidade, desafio-a, simplesmente, a me impedir de ser feliz.


Odeio réveillons, não gosto de estourar champanhe e abomino o fogaréu das estrelas. O ano que entra é um ano que desconheço. Isso é ruim? Não, pois, ordinariamente, nunca se sabe como se vai acordar no dia seguinte. Nunca solto fogos antes de dormir. E o dia seguinte é, no plano psicológico, ‘controlável’. No curso dessa lógica, um ano inteiro é tempo demais para uma comemoração antecipada.


No dia primeiro, contudo, encho-me de vigor e lembro-me da frase de Balzac: ‘Só tenho certeza da minha coragem de leão e do meu invencível trabalho’.


É a única promissória de que poderemos dispor, incondicionalmente: a nossa vontade, a letra de todas as garantias ao longo dos meses misteriosos com que teremos de conviver.


Por isso, estimo-lhe a bravura necessária, sobretudo para vencer a si mesmo, uma vez mais – ou, quem sabe, pela primeira vez, o que será ainda mais grandioso.


Em 2006, leia História. A História é a superação. Homens e mulheres que nos inspiram, no silêncio do passado, a altivez e o realismo, a criatividade e o avanço insofreável. Esta quadriga semântica conduz a vitórias e derrotas – nada mais do que meros trechos de uma longa jornada de propósitos e ações épicos.


Sugiro, nessa linha, a leitura de uma obra que descobri no entroncamento entre o que fiz e o que me permitirei fazer nos próximos meses. ‘100 Discursos Históricos’ (Editora Leitura), de Carlos Figueiredo, é uma fornalha de pensamentos. Não se iluda, não espere se deleitar com o tédio que resulta da superioridade ou da exaltação modorrenta. O alto ou o rasteiro são produtos de uma época e de suas circunstâncias.


Daí, na mesma passagem, encontrarmos um Cortez general e um Cortez animalesco, na ante-sala de uma das vitórias mais tonitruantes da história das guerras. ‘É preciso que o mau cheiro de vossos cadáveres empeste o ar e torne impossível a respiração dos inimigos de Espanha’, exortou ele, nada sutil, em face de sua tropa de quatrocentos homens, com 12 cavalos, 32 escopetas e quatro canhões, secundada por tribos aliadas. O chamado inspiraria o êxito sobre um exército de quinhentos mil homens do Império Asteca.


O imperador romano Tibério julgava arriscado refrear os apetites mundanos de seus súditos. ‘…Se com isto só pretendem censurar os vícios; se depois de terem conseguido esta glória, e com ela terem igualmente fomentado ódios infinitos, pretendem ainda fazer recair os mesmos ódios sobre mim; sabei, padres conscritos, que eu também não folgo de ser alvo de inimizades…’.


Em outra direção, o filósofo Epicuro, vulgarizado e incompreendido em sua teoria sobre o bem-viver, reforça o pensamento sobre o que se pode esperar de mais um ano. No discurso ao seu discípulo Meneceu conhecido como ‘Carta à Felicidade’, o sábio chama a atenção para uma das qualidades essenciais do espírito: ‘… O princípio de tudo isso, e por sua vez o maior bem, é a prudência. Devemos considerá-la superior mesmo à filosofia, porque é a fonte de todas as virtudes e nos ensina que não se pode chegar a ser feliz sem a prudência, a beleza e a justiça e que a prudência, a beleza e a justiça não podem existir sem felicidade. De fato, as virtudes estão intimamente ligadas à felicidade e a felicidade é inseparável delas’.


Temos vivido sob o arco da eletrônica, o que ajuda muito, mas também pode atrapalhar as mentes preguiçosas, por si sós já atabalhoadas. Vê-se, ouve-se ou lê-se em profusão – a Internet também está aqui para isso. Mas pouco se reflete sobre o que fazer com todos esses sinais. Antes, sobre o que queremos, podemos ou conseguimos fazer disso tudo.


Desejo-lhe, pois, muita leitura e reflexão em 2006. São hábitos que conduzem à coragem e à prudência. É meio caminho andado, em casa, no jornalismo, em todos os quadrantes da vida.’




MERCADO DE TRABALHO
Eduardo Ribeiro


Ano começa com mudanças intensas e promete, 5/01/06


‘Para quem imaginava um início de ano morno, sem grandes emoções, 2006 já mostra um vigor acima do normal e promete ser um ano bom, quem sabe o melhor dessa década em termos de mercado de trabalho.


A Editora Globo, a segunda maior do País no segmento de revista, prepara-se para receber um novo comando a partir do próximo dia 16 de janeiro. Paulo Nogueira assume a Direção Editorial, sucedendo Aluízio Falcão Filho, e leva consigo Helio Gurovitz, para ser o diretor de Redação da revista Época, cargo até então ocupado pelo próprio Aluízio. Gurovitz foi muitos anos da Folha de S.Paulo, mas estava há alguns anos na Abril, empresa que também abrigou Paulo Nogueira por 24 anos. Ou seja, uma dupla da Escola Abril chega para dar um novo tom às publicações da Globo, particularmente Época.


A atual equipe, pelo que apurou este J&Cia, esta aparentemente tranqüila, embora saiba das possíveis alterações que acabarão sendo feitas na redação. Numa revista como Época ninguém é ingênuo a ponto de achar que uma mudança dessa magnitude se faz sem que se mexa também nas pessoas. Paulo Nogueira e Helio Gurovitz vão mexer na equipe e na revista. Há, no entanto, a esperança de que façam isso com parcimônia, sem radicalismo, após uma análise minuciosa da capacidade de cada profissional. Afinal, Época é a segunda maior revista do País graças em grande parte a esse grupo formado por Paulo Moreira Leite e ajustado por Aluízio Falcão Filho. Ambos terao ainda pela frente o desafio de fazer ajustes com um borderô que não é lá dos maiores, ou seja, não terão muita margem para atrair nomes consagrados do jornalismo.


Também na Record o ano começa surpreendente com o anúncio da saída de Boris Casoy da emissora. Embora há tempos já se venha falando dessa saída (sempre desmentida pela Record e pelo próprio Boris e equipe), ninguém imaginava que seria uma coisa assim tão repentina e muito menos em plena época de festas. Mas foi o que ocorreu e com Boris saíram o fiel escudeiro Dacio Nitrini (diretor executivo do Jornal da Record), a editora-chefe Selma Lins e a comentarista de economia Salete Lemos.


As razões da rescisão contratual já foram amplamente divulgadas, inclusive por este Comunique-se, e agora o que o mercado aguarda é uma definição da emissora sobre o que vai acontecer com a equipe. Boris a formou há mais de uma década, quando foi para o SBT, e com ela permaneceu até agora, com pequenas e raras mudanças. Estão com ele por todo esse tempo repórteres, pauteiros e todo o staff de produção e edição. Boris nunca abriu mão de ter uma equipe ao seu feitio, fiel, bem remunerada e que o entendesse por música. Negociou em bloco quando foi para a Record e nem será de se estranhar se acabar fazendo o mesmo, caso seja efetivamente convidado por outra emissora. A questão pendente é exatamente essa: caso ele não se acerte com outra emissora, o que acontecera com a equipe que o acompanha no Jornal da Record? Difícil saber, uma vez que o novo diretor, Douglas Tavolaro, passa a ter carta branca e cacife para fazer as mudanças que julgar necessárias. Terá interesse em manter profissionais que eram da confiança de Boris, Nitrini e Selma? Terá interesse em manter a atual folha de pagamento daquela equipe ou vai aproveitar para reduzir a massa salarial do jornalismo?


O telejornal, claro, vai mudar e assumir uma nova feição. O que se diz é que será inspirado na vitoriosa fórmula do Jornal Nacional, com uma dupla de apresentadores, possivelmente tendo como nome masculino Celso de Freitas. Do mesmo modo que a revista Época, que ganhara, sob a batuta da dupla Paulo Nogueira-Helio Gurovitz, um novo perfil informativo, também o Jornal da Record vai ter cara nova. Ou quase nova.


Difícil prever tudo o que ocorrerá, mas uma coisa é certa: essas alterações ensejarão uma movimentação no mercado interessante, abrindo várias oportunidades em função da dança das cadeiras.


Juntem-se a isso os desfalques que as campanhas políticas começarão a provocar nas redações, e os investimentos editoriais que a mídia já começou a fazer com vistas a Copa do Mundo, e temos aí um cenário que promete boas novas para o mercado jornalístico.


Se não houver nenhum desvio por conta de questões políticas e econômicas, 2006 realmente será um bom ano para a imprensa e para o jornalismo brasileiro. E, claro, para o nosso tão sofrido mercado.


Eu, ao menos, acredito nisso.


Ainda de férias, aproveito para desejar a todos os leitores um Feliz 2006, com muita saúde, alegria e boas notícias.’


Comunique-se


Record tem 30 dias para regularizar funcionários


‘A Rede Record e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo (SJPSP) chegaram a um acordo nesta quinta-feira (05/01) após uma mesa redonda de negociações na Delegacia Regional do Trabalho. A emissora tem agora um prazo de 30 dias para regularizar a situação de seus funcionários que trabalham como Pessoas Jurídicas (PJ). Caso a empresa não cumpra a proposta, caberá à entidade levar o caso ao Ministério Público do Trabalho, para este tomar as medidas necessárias.


A Record argumentou que estas PJ´s estão amparadas legalmente pela chamada MP do Bem, mas um representante do Sindicato alegou que a MP não revogou o artigo 3º da CLT, que afirma que os profissionais que trabalhem mais de seis horas diárias regularmente devem ser contratados de acordo com suas regras.


O Sindicato já realizou ação similar com diversas empresas jornalísticas nos últimos meses. Em quatro casos – Folha de S. Paulo, Editora Três, Jornal Cidade de Jundiaí e TV Bandeirantes – a ação seguiu para o Ministério Público. O caso da TV Bandeirantes é o mais grave, pois a emissora mantém mais de 100 trabalhadores como PJ´s de forma irregular, segundo o próprio SJPSP.’




WEBJORNALISMO
Mario Lima Cavalcanti


Bom início de ano para o jornalismo digital, 3/01/06


‘Passadas as festas de fim de ano, é hora de vasculhar a Rede em busca de novidades. E não demorou para que uma surgisse. Estava eu lendo meu e-mail no primeiro dia útil deste ano quando me deparei com uma notícia do Estadão sobre a adoção do jornalismo digital pelo prêmio Pulitzer, o Oscar da imprensa norte-americana. O que pode parecer um fato sem muita importância devido às inúmeras premiações similares e a possíveis descréditos por parte de concursos desse tipo, deve ser encarado como uma evolução significativa.


O prêmio Pulitzer foi criado em 1917 em homenagem ao jornalista húngaro Joseph Pulitzer, que havia morrido seis anos antes e é tido como o homem que revolucionou o jornalismo nos Estados Unidos. Hoje, o Pulitzer é considerado por muitos o maior prêmio que um veículo ou um jornalista norte-americano pode receber. Para ilustrar o peso da tradição da premiação por lá, quem tem um Pulitzer ganha uma espécie de rótulo eterno de respeito. Agora, pouco menos de um século depois, a edição 2006 do prêmio abraça a mídia digital abrindo concursos para reportagens publicadas em portais e, acreditem, weblogs.


Segundo a notícia publicada no Estadão, de acordo com o regulamento, candidatos à categoria Pulitzer Internet podem inscrever apenas material que contenham textos e imagens publicados em portais e blogs. Para o momento, não são aceitos áudios e vídeos. Os ganhadores da edição desse ano, cujas inscrições vão até o início de fevereiro, serão anunciados em abril.


O que se mostrou uma verdadeira tendência em 2005, o interesse de instituições tradicionais pelas novas mídias parece ter entrado o novo ano com a mesma força. Vamos ver a aceitação e as escolhas da nova categoria do Pulitzer. No mais, vale a pena conferir o site do prêmio, que traz informações sobre os ganhadores do ano passado, assim como a história da premiação e um dos desejos que seu inspirador, ainda segundo notícia do Estadão, deixou registrado no testamento: ‘a vontade de instituir um prêmio que estimulasse o jornalismo e as artes’.


Feliz 2006.’




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