Dois ex-funcionários do governo britânico irão a julgamento no fim de janeiro sob acusação de violar o Ato de Segredos Oficiais. Leo O’Connor, ex-pesquisador parlamentar, e David Keogh, ex-funcionário do escritório de comunicações, são acusados de vazar informações de um documento confidencial sem autorização legal para fazê-lo.
O documento em questão descreve um encontro entre o presidente americano George W. Bush e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, na Casa Branca, em 2004. Na conversa, os dois líderes teriam discutido a possibilidade de bombardear a sede da emissora de TV do Catar al-Jazira.
Keogh e O’Connor foram presos no início de 2004, liberados sob fiança e indiciados em novembro do ano passado. Segundo o Ato de Segredos Oficiais, é crime possuir informação do governo, ou documento de um funcionário da coroa, e repassá-la sem base legal para fazê-lo. Promotores afirmam que Keogh teria passado o documento para O’Connor entre abril e maio de 2004. Segundo o juiz Timothy Workman, o julgamento terá início em uma audiência preliminar em 24/1.
O caso criou polêmica ao ser divulgado pelo Daily Mirror, em novembro. Baseado em fontes anônimas, o jornal contava detalhes do encontro entre Bush e Blair, onde o primeiro-ministro teria dissuadido o presidente da idéia de bombardear os escritórios da al-Jazira em Doha, capital do Catar. A reportagem afirmava também que suas fontes discordavam sobre se esta parte da conversa poderia ser considerada uma brincadeira ou se a sugestão de Bush era algo a ser levado a sério.
A notícia provocou a ira de funcionários da al-Jazira, que na ocasião chegaram a criar um blog para discutir o assunto. Blair teria afirmado desconhecer qualquer proposta americana contra a emissora, e o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, classificou as alegações do jornal de ‘bizarras e inconcebíveis’. Informações da AP [10/1/06].