Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A mídia e o debate da CPMF

Não há como esconder ou disfarçar: foi visível, quase ostensivo, o apoio da mídia ao fim da CPMF. E não poderia ser diferente: em primeiro lugar porque leitores, ouvintes e telespectadores de todos os níveis sociais e culturais, mesmo em países do primeiro mundo, detestam pagar taxas e impostos. O civismo e o patriotismo esbarram sempre nos interesses individuais, isto é, no bolso.


Em segundo lugar, há que considerar que desta vez, ao se discutir a prorrogação da contribuição, o bloco do ‘não’ foi capitaneado pela poderosa Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a mais articulada e ativa corporação empresarial do país. Assim como seria suicídio confrontar a vontade das audiências, a mídia também não pôde ir contra os interesses dos anunciantes. Com mais dinheiro em caixa há mais investimentos e, com mais investimentos, mais anúncios.


Viva o rei


Há uma terceira explicação, esta mais sutil e subjetiva, para a preferência da imprensa pelo fim do imposto do cheque: a derrota do governo seria mais notícia, renderia mais debates, produziria maior repercussão, faria mais barulho.


Um governo com altas taxas de popularidade, nunca contrariado, tipo rolo compressor, acaba chato, maçante. E até pode ser perigoso.


O jornalismo vive de novidades, movimento, contradições. Exemplo: derrotada a CPMF, já se fala na nova CPMF que vem por aí.


O rei é morto, viva o rei.