Tribunal de Paris rejeitou, na segunda-feira (16/1), processo por difamação contra o jornal britânico The Guardian aberto por Olivier Martinelli, funcionário do partido Front National, de Jean-Marie Le Pen, como informa Jon Henley [The Guardian, 17/1/06]. Martinelli, chefe de gabinete de Le Pen, alegou que um artigo publicado pelo diário em 17/10/02 continha uma citação de Peter Hain, então ministro britânico para a Europa, chamando-o de ‘neonazista’.
A matéria informava que Hain havia criticado a decisão do político conservador Norman Tebbit em participar de um debate com Martinelli na Oxford Union, sociedade de debates associada à Universidade de Oxford. Hain teria expressado sua indignação com conservadores ‘dividirem um palanque com um neonazista’.
A juíza Anne-Marie Sauteraud determinou que a expressão ‘neo-nazista’ se referia à ‘ideologia política e ao regime da Alemanha de Hitler’ e poderia ainda ‘inspirar ações criminais de natureza racial’. No entanto, ela alegou que ‘o termo em questão não continha imputação de nenhum mau procedimento específico contra a pessoa vítima de crítica’ e, portanto, não poderia ser considerado difamatório.
O ex-correspondente político do Guardian Nicholas Watt e o editor Alan Rusbridger poderiam, se considerados culpados, ter registros criminais na França. ‘O Guardian está satisfeito em ter ganhado este caso. Nós sempre alegamos que estávamos simplesmente fazendo nosso trabalho de cobrir a política britânica de maneira justa e precisa’, afirmou Watt.