Todas as vezes que interesses militares se tornam públicos, a questão da Amazônia reaparece na mídia.
Há alguns anos, circularam na internet cópias de um suposto livro escolar norte-americano no qual se dizia que a floresta era uma área internacional. O texto do livro era confuso, mal escrito e tinha erros de concordância e de ortografia. O caso ganhou os jornais e o embaixador dos EUA disse ao Estado de S.Paulo que aquilo era uma mentira.
Há bem pouco tempo, o tal e-mail voltou a circular. Isto ocorreu justamente quando se discutia se as despesas militares deveriam ser aumentadas ou reduzidas.
Pouco tempo depois do aumento dos soldos dos militares e da controvérsia criada pelo general Augusto Heleno, que criticou publicamente a política demarcatória brasileira, ocorreu a divulgação da matéria referente aos temores de internacionalização da Amazônia. Um caso típico de divulgação oportuna de informação ou contra-informação.
Informação e contra-informação
Mesmo não sendo muito perspicaz, nem dono de um QI privilegiado ou senhor de uma impressionante rede de relacionamentos, há bastante cheguei à modesta conclusão de que a Amazônia está se transformando no bode do Exército. Toda vez que os militares querem alguma coisa ou se sentem contrariados, o bode é retirado do armário, levado à imprensa e exibido na tela luminosa da sala de estar dos contribuintes. Com isto os brasileiros são obrigados a discutir o que será feito com o mesmo.
Devemos proteger o bode? A quem pertence o bode, aos brasileiros ou aos gringos? Nosso bode será roubado? Quanto é necessário para cuidar deste bode?
Ora, se continuarem assim, o povo vai ficar com o saco cheio do bode e mandar que o próprio, os militares brasileiros e os supostos invasores se lixem.
Não estou nem um pouco preocupado com o que ocorrerá com este bode verde oliva. Se os políticos e seus amigos empresários não derem fim à floresta e a mesma for indevidamente invadida, a malária, o cólera, a dengue, o tifo e as cobras cuidarão bem dos gringos. Os que restarem poderão ser empalados nas árvores que querem internacionalizadas. Na Amazônia existe pau suficiente para empalar dezenas de milhares de exércitos norte-americanos. Na pior das hipóteses, o que restou da floresta pode continuar a ser incendiada e os gringos ficarão com um terreninho argiloso sujeito a cheias anuais e sem qualquer utilidade ecológica.
Acho melhor os interessados na informação e contra-informação sobre o bode tomarem cuidado. Deste jeito, os brasileiros começarão a ficar com o saco cheio das bobagens despejadas na mídia pelos milicos e seus lustra-botas e dirão apenas: ‘Que se lixe o bode!’
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Advogado, Osasco, SP