Após a Ofcom, agência reguladora de comunicações do Reino Unido, ter recebido uma enxurrada de críticas de telespectadores sobre práticas de racismo no Celebrity Big Brother, o reality show de celebridades exibido pelo Channel Four anunciou que não tolerará a prática do bullying – ato de perseguir e agredir moralmente a vítima – ou racismo no programa.
Shilpa Shetty, uma das atrizes mais conhecidas da Índia, é um dos nove rostos famosos trancados na casa e vem sofrendo com a atitude de alguns brothers. Uma panelinha se formou para hostilizá-la: seu sotaque é satirizado, um participante teria xingado a atriz e outro a teria chamado de ‘paki’ [termo racista usado no Reino Unido para se referir a paquistaneses] – esta última alegação é negada pelo Channel Four. A atriz chegou a ser chamada de ‘cachorra’ e caiu aos prantos. Um brother recusou-se a comer a comida preparada pela indiana.
‘Estamos avaliando este assunto seriamente. O Big Brother não admitirá bullying ou racismo’, afirmou um porta-voz do programa. ‘Estamos monitorando todos os participantes e tomaremos medidas apropriadas para reprimir este tipo de comportamento. As interações sociais e a dinâmica do grupo são partes importantes do roteiro do Big Brother e os telespectadores têm o direito de ver isto retratado de modo preciso. Entretanto, isto deve equilibrado com a nossa tarefa de não divulgar material que possa causar ofensas não justificáveis’.
Grande repercussão
O caso foi parar nas capas dos tablóides britânicos, como o Daily Star e o Daily Mirror. Até esta terça-feira (16/1), a Ofcom tinha recebido cerca de 60 vezes mais queixas sobre o racismo sofrido por Shilpa do que o número de reclamações sobre as imagens do enforcamento de Saddam Hussein exibidas pelos canais britânicos.
Mais de 1.500 pessoas assinaram uma petição online para pôr fim às atitudes racistas contra Shilpa no programa. A colunista Carole Malone, que foi a segunda eliminada do reality show, afirmou que a atriz indiana é uma mulher forte e que conseguirá lidar com a situação. ‘Shilpa sente que ela representa a comunidade asiática e não quer decepcioná-la tendo atitudes de retaliação’, opina Carole. Informações de Robin Millard [AFP, 16/1/07].