A Rede Record de televisão vem mudando sua programação desde que foi comprada pela Igreja Universal do Reino de Deus. No início, o intuito da compra era direcionar os trabalhos da emissora na evangelização, com programas educativos, baseados nos ensinamentos bíblicos e com planos de se tornar um canal diferente dos demais, focalizado principalmente na qualidade da programação.
Nos primeiros meses a Record apresentou programação igual ou inferior às demais emissoras de canal aberto do Brasil. Após um tempo entre altos e baixos, decidiu investir pesado o dinheiro dos fiéis e entrar na disputa pela audiência – daí então tomou os padrões globais de programação.
Antes o que era proibido foi liberado em nome do ‘crescimento da evangelização’. Hoje é possível ver nas novelas da Record o mesmo teor erótico presente em novelas da Globo, o que era condenado veemente pelos pastores da Universal. Programas de namoro também são comuns na emissora de Edir Macedo. O investimento em equipamentos modernos, infra-estrutura e artistas mostram que a rede não mede esforços para chegar ao primeiro lugar.
Diferença única
Mas a programação não ganha qualidade e se tornou como as demais existentes, seguindo a linha de raciocínio da Rede Globo. Programas culturais ocupam pouco espaço na grade. A banalização do sexo e a traição entre casais já fazem parte da rotina das novelas; casamentos católicos que antes eram proibidos agora são apresentados nos folhetins.
O setor de jornalismo é bom, profissionais experientes foram contratados para montar um trabalho jornalístico de qualidade. Apenas o programa Balanço Geral, apresentado por Geraldo Luiz no estado de São Paulo, apresenta todos os dias uma linha de jornalismo sensacionalista.
A emissora preferiu entrar na briga pela audiência do que manter a linha de pensamento adotada após ser comprada pela Igreja Universal. Para isso, o erotismo, o sensacionalismo e a mesmice de programas sem qualidade tomaram conta da programação. Comparando com as outras emissoras abertas do país, a qualidade é igual ou inferior. A única diferença é que a Record tem dinheiro para gastar.
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Jornalista precário, Santo Antonio do Aracanguá, SP