‘O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons’ (Martin Luther King)
Quando criticamos a questão do rádio cearense, alguns acham que estamos tentando denegrir o valor deste meio de comunicação no Ceará. Isto, porém não é verdade, pois achamos que a crítica é sempre válida quando as pessoas têm humildade para mudar, crescer e inovar. Nossa crítica pretende ser um canal de discussões para procurar alternativas para a melhoria de nosso rádio e buscar em suas programações valores-cidadãos, oportunidade de discussões, reivindicações abalizadas e, sobretudo, florescer de atitudes na mudança e na melhoria deste meio que tanto fez pelo crescimento de nosso povo e de nosso país.
Não podemos entender a omissão e a conivência de alguns radialistas que não se esforçam para que haja uma mudança nas formas de fazer rádio em nossa terra a partir de uma reviravolta no modo de ser e no modo como são feitos alguns programa de nosso meio de comunicação que está em todos os lares ou no caminho de nosso povo. Vê-se, deste modo, a importância que ele tem para as comunidades e seu papel no cotidiano de nossa população.
Direito à comunicação
A tentativa de melhorar o rádio deve ser de todos os agentes envolvidos nas emissões e de seu consumidor final. É assim que temos insistido veementemente na busca de lutas e numa proposta digna de mudança nas programações e nas formas que hoje temos no rádio cearense. Podemos afirmar claramente que temos profissionais competentes, sérios, dignos e coerentes, porém o abandono promovido pelos que se dizem proprietários de rádios é claro. Basta ouvir programas que muitas vezes sequer têm produção e partem firmes ao improviso e o fazem de qualquer jeito.
Por outro lado, os ouvintes, consumidores, têm cada vez mais perdido o espaço na programação, pois os programas de grande audiência são os que menos oportunizam a vez e a voz de seus ouvintes. O rádio perde a interatividade e deixa seus consumidores apenas ouvindo sem ter a mínima oportunidade de dizer o que pensam da programação ou solicitar alguma coisa do poder público, perdendo o poder da crítica que é o florescer do crescimento e da formação de um povo.
Não podemos entender que os órgãos representativos da sociedade civil tenham fechado os olhos para o rádio, que divulga ideologias, interesses e pensamentos que podem promover a alienação, a discriminação e o atrelamento aos que podem e aos que fazem se for utilizado de maneira indevida. Por isso, achamos que é urgente uma união pelo rádio-cidadão e é preciso que haja um processo de entendimento de que o rádio é uma concessão pública e que o direito à comunicação é vital para o desenvolvimento desta sociedade.
Mobilização e credibilidade
A luta pelo rádio deve ser incessante e deve ser desenvolvida por todos os que estão direta e indiretamente envolvidos no seu processo de construção. Os radialistas devem lutar por um rádio melhor, não só para garantir seu emprego, mas sobretudo para que seu papel social seja reconhecido, valorizado e compreendido por toda sociedade. Hoje temos radialistas que conseguiram sucesso no rádio, mas não se lembram daqueles que estão fora das programações e que muitas vezes passam por dificuldades geradas pelo desemprego que hoje faz parte da realidade da mídia radiofônica, a luta pelo rádio é, portanto, a luta por dignidade, por melhoria das condições de trabalho e por consolidação da justiça social e da dignidade dos que vivem do rádio.
Não podemos aceitar a passividade de alguns que hoje estão no rádio e não levantam a voz por sua melhoria, nem se organizam para que os profissionais de rádio tenham em sua profissão o reconhecimento salarial e a compreensão da importância que os comunicadores sempre tiveram na construção da sociedade. É urgente que se debata e se discuta o meio rádio para que o investimento seja maior, para que novos ouvintes sejam conquistados e para que as programações sejam caracterizadas por um processo de interatividade e discussão sobre o que se diz e o que se faz neste meio.
Nosso rádio precisa de espaços para questionamento de sua prática e conhecimento de suas ações diante da dinâmica social dos dias de hoje. As rádios precisam urgentemente abrir espaços para a crítica saudável de seu processo comunicativo e os que fazem rádio devem ter humildade e abertura para compreender o valor da crítica construtiva daqueles que acreditam no crescimento e na valorização de um meio que faz parte da história de nosso povo sempre ativamente e com força de mobilização e credibilidade.
Importante para o povo
Os grandes nomes de nosso rádio não podem se acomodar nos louros de sua vitória individual, mas devem gritar pela melhoria coletiva de um meio de comunicação que sempre foi e será o florescer da liberdade e do grito dos excluídos. O rádio sempre fez parte da história das populações e nunca se eximiu da luta por um mundo melhor, por isso é preciso união, força e valorização de todos os que o fazem e que o ouvem. O rádio precisa de todos para crescer e precisa ser acreditado, inclusive pelos os que o fazem.
O rádio precisa de investimentos, como melhoria dos estúdios, contratação de profissionais para produção, pesquisa e criação de programas adequados ao público crescente. Temos que lutar para que os canais de interação com o ouvinte sejam aumentados, precisamos de emissões sem ruídos, temos que exigir espaços para explicação do que tem sido feito pelos poderes relacionados ao povo. O rádio que temos, mesmo com todos os seus problemas, ainda é um meio que faz parte da vida de todos nós e está conosco em todos os lugares de nosso cotidiano, por isso sua importância não deve ser esquecida ou negligenciada para o bem de nosso povo e dos que o fazem.
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Presidente da Associação dos Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE