Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fórum de Davos tem debate sobre imprensa

O jornalismo teve sua vez no Fórum Econômico Mundial, na semana passada, em Davos. Debate sobre a crise enfrentada pela imprensa convencional reuniu o publisher do New York Times, Arthur Sulzberger Jr., James Kelly, editor-executivo da revista Time, Hu Shuli, editor da chinesa Caijing, e o secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas, Aidan White.

White criticou o jornalismo movido a lucro, e afirmou que a mistura entre os interesses comerciais e editoriais nas organizações de comunicação está ‘matando a confiança do público na imprensa tradicional’. Ele completou que os cortes excessivos de funcionários editoriais prejudicam – e muito – a qualidade do trabalho jornalístico. ‘Como escândalos recentes têm provado, os cortes não estão funcionando; temos que voltar ao jornalismo de qualidade’, ressaltou.

O secretário-geral, segundo nota da FIJ [27/1/06], falou sobre a necessidade da restauração dos valores do jornalismo – ‘a comunicação feita por informações confiáveis, o mais perto possível da verdade e apurada por pessoas com princípios’. Ele elogiou o compromisso de Sulzberger e Kelly com a tentativa de enxergar a qualidade do jornalismo como a chave do sucesso em um futuro incerto, mas enfatizou que mais empresários e administradores de companhias de mídia deveriam mudar sua maneira de conduzir o negócio.

Sulzberger apoiou White em diversas questões, mas discordou com sua afirmação de que os modelos econômicos atuais das organizações de mídia causam um impacto negativo no jornalismo. ‘Capitalismo é um mecanismo de auto-correção’, afirmou.

White insistiu que é preciso convencer os ‘cabeças-duras’ da indústria de que ‘cortes que prejudicam a qualidade também aceleram o declínio da indústria tradicional. Isso seria desastroso para todos – jornalistas, pessoas que investem na mídia e o público em geral’. O secretário-geral lembrou ainda que, enquanto perde em qualidade, a indústria tradicional vem sendo ultrapassada por fontes independentes de informação, representadas principalmente pela blogosfera.