Friday, 29 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Executivo de jornal é assassinado em Caracas

Pistoleiros não identificados assassinaram na segunda-feira (02/06) Pierre Fould Gerges, vice-presidente do jornal Reporte Diario de La Economia de Caracas, após dezenas de ameaças de morte dirigidas contra o pessoal administrativo do diário durante o último ano. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) exortou hoje as autoridades a conduzirem uma investigação exaustiva e a determinar se o assassinato de Gerges tem relação com o trabalho informativo do jornal.

O assassinato ocorreu pouco depois de Gerges sair do escritório do jornal, por volta de 17h30, em um carro pertencente a seu irmão Tannous Gerges, presidente do diário, segundo informações da imprensa venezuelana. A caminho de visitar sua mãe, Gerges parou em um posto de gasolina em Chuao, um bairro de Caracas. Dois indivíduos não identificados aproximaram-se de Gerges em uma motocicleta preta e dispararam, pelo menos 12 vezes, no pescoço e no tórax, de acordo com informações da imprensa. A polícia de Caracas informou que Gerges foi declarado morto no local do crime.

Iesel Soares, advogada do Reporte Diario de La Economia, disse ao CPJ que Pierre Gerges não havia recebido ameaças diretas. No entanto, vários membros da direção do jornal, incluindo Tannous Gerges, receberam ameaças de morte por telefone e e-mail desde junho de 2007. Dentre as 58 ameaças recebidas pelo jornal, explicou Soares, uma dizia ‘Verás quando cobrarmos com tua família’, informou El Universal, de Caracas. Soares disse ao CPJ que as ameaças não estão vinculadas a uma reportagem específica, mas à linha editorial do jornal, que tem sido crítica à corrupção governamental.

Medidas repressivas

Autoridades venezuelanas disseram que estão realizando uma investigação. Soares informou ao CPJ que os investigadores ainda não divulgaram o motivo, mas estão considerando o trabalho de Gerges como uma possibilidade.

‘Condenamos o brutal assassinato de Pierre Fould Gerges e enviamos nossas profundas condolências à sua família, amigos e colegas’, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ. ‘A investigação deste ataque deve ser exaustiva para determinar se Gerges foi assassinado em represália pelo trabalho informativo do jornal.’

Na Venezuela, a violência letal contra a imprensa não é usual, segundo as investigações do CPJ. Quatro jornalistas morreram em represália direta por seu trabalho desde 1992, sendo o mais recente em 2006. No entanto, a imprensa local sofreu medidas repressivas por parte do governo, enquanto repórteres e fotógrafos foram atacados durante protestos de rua. [Nova York, 3 de junho de 2008]

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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo