Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Pedido de desculpas é seguido por ameaça de bomba

Após causar polêmica com uma série de charges do profeta Maomé, o jornal dinamarquês Jyllands-Posten se desculpou pelos desenhos na segunda-feira (30/1). Um dia depois, entretanto, a redação do diário teve que ser evacuada depois de receber uma ameaça de bomba.


O Jyllands-Posten comprou briga com a comunidade muçulmana em setembro do ano passado, ao publicar 12 charges brincando com a imagem do profeta. Um dos desenhos mostrava Maomé usando uma bomba no lugar do turbante. Além de consideradas ofensivas, as imagens incomodaram porque, pelo Islã, não é permitido retratar o profeta.


Líderes muçulmanos na Dinamarca pressionaram o governo a punir o jornal, mas o primeiro-ministro Anders Fogh Rasmussen se recusou a vê-los, afirmando que – apesar de não concordar com os desenhos – não poderia censurar a imprensa.


Ameaça e boicote


Há algumas semanas, o diário afirmou que seu desenhista chegou a ser ameaçado de morte. A revolta muçulmana aumentou porque um jornal norueguês reproduziu as charges. Líderes religiosos na Arábia Saudita, que na semana passada retiraram seu embaixador de Copenhague, deram início a um movimento de boicote a produtos dinamarqueses. A companhia de enlatados Arla Food anunciou que dois de seus funcionários no país foram espancados por clientes enfurecidos.


Para piorar a situação, escandinavos foram alertados a não viajarem para Gaza e Cisjordânia depois que a Brigada dos Mártires de al-Aqsa ordenou que todos os suecos e dinamarqueses deixem os territórios. Um grupo militante iraquiano se juntou ao protesto sugerindo o ataque a alvos dinamarqueses e noruegueses.


Diante de todos estes problemas, o editor-chefe do Jyllands-Posten, Carsten Juste, reconheceu que as charges causaram ‘sérios desentendimentos’. Em declaração, ele afirmou que os desenhos não tinham como objetivo ‘ser ofensivos, mas acabaram ofendendo muitos muçulmanos. Por isso, nós pedimos desculpas’. O pedido de desculpas foi aceito por um importante grupo muçulmano dinamarquês, responsável pelo início das manifestações contra o jornal. Quando tudo parecia resolvido, houve a ameaça de bomba na noite de terça-feira (31/1). Informações de Nicholas Watt [The Guardian, 31/1 e 1/2/06].