Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Governo censura Memórias de uma gueixa

O filme Memórias de uma Gueixa, que concorre ao Oscar nas categorias de fotografia, figurino e direção de arte, foi censurado na China. O governo não explicou a decisão, tornada pública na quarta-feira passada (1/2), de proibir a exibição do longa em território nacional. A imprensa internacional especula que as feridas deixadas pelo Japão na Segunda Guerra Mundial ainda estariam abertas, e a proibição do filme poderia ser um sinal disso.

Memórias de uma Gueixa, que traz duas das principais atrizes chinesas no papel de gueixas japonesas, não é a primeira produção hollywoodiana a ser barrada na China. Sete Anos no Tibete (1997), protagonizado pelo americano Brad Pitt, e Kundun (1997), do cineasta Martin Scorsese, também passaram pelo mesmo problema. Os dois filmes tocam em pontos sensíveis ao governo chinês, como o domínio do país sobre a região do Tibete.

A ampla censura é questionada, entretanto, pelo fato de o país fazer parte, desde 2001, da Organização Mundial de Comércio, o que teria aberto seu mercado para uma quantidade maior de produtos estrangeiros. ‘Hoje, todo mundo enfatiza o mercado chinês, e acontece deste mercado ter estas limitações e regulações’, comenta o diretor de Hong Kong Stanley Kwan, que foi ordenado por censores chineses a cortar cenas da Revolução Cultural de seu recente filme Everlasting Regret. O jeito, diz ele, é aprender a trabalhar com estes fatores.

Produções cinematográficas chinesas são submetidas a exames ainda mais rígidos para poderem ser exibidas no país. Enquanto filmes estrangeiros são analisados por censores, filmes domésticos devem submeter seus roteiros e produto final à aprovação do governo.

A habilidade das autoridades em censurar a indústria cinematográfica, porém, é minada pela internet e pelo mercado negro de DVDs. Memórias de uma Gueixa, por exemplo, já está disponível nas ruas chinesas em versão pirateada. Informações de Min Lee [AP, 4/2/06].