Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Brasil entre os mercados prioritários do grupo Pearson

Presente em mais de 70 países, a britânica Pearson, dona do jornal Financial Times, da editora Penguin e de uma vasta operação de negócios na área de educação, tem uma nova estratégia, mais agressiva, no Brasil. O país é um dos quatro mercados prioritários, ao lado de China, Índia e África do Sul, para novos investimentos. A meta é chegar em 2018 como um dos cinco maiores grupos educacionais do país por meio de crescimento orgânico de 20% ao ano e aquisições. Hoje, a Pearson se posiciona entre as dez maiores no mercado brasileiro.

Para subir nesse ranking foi criada uma nova diretoria de negócios estratégicos que será comandada por Guy Gerlach, executivo que presidiu a Pearson desde a sua chegada no país em 1996. “O mercado brasileiro de educação está atravessando um período muito dinâmico e queremos aproveitar essa oportunidade para crescer. Decidimos deslocar um executivo que já conhece bem o mercado local a fim de criar relacionamentos estratégicos para aquisições e outras parcerias”, disse Juan Romero, presidente da Pearson América Latina e que ocupa a presidência da unidade brasileira interinamente. O Brasil é o quarto país mais importante para o grupo britânico que fechou o ano passado com faturamento de US$ 9,7 bilhões.

Segundo Romero, há interesse em negócios de ensinos básico e superior e também de idiomas, as três áreas de atuação da Pearson no Brasil. “Pode ser a compra de uma empresa de educação, mas também um negócio que agrega valor ao que já temos, como por exemplo, de tecnologia ou ensino personalizado”, explicou o executivo, que mora no México, mas passa três semanas do mês no Brasil. Romero não divulga a fatia destinada às compras no país, mas sabe-se que o grupo britânico tem um orçamento mundial para aquisições entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão, por ano.

“A forma de ministrar aulas mudou”

Nos últimos anos, a empresa destinou cerca de US$ 1 bilhão para aquisições na Índia, China e Brasil. A maior fatia foi para o mercado brasileiro, onde a Pearson comprou os sistemas de ensino COC, Dom Bosco, Pueri Domus e Name por R$ 888 milhões em 2011. Além de investir no segmento de apostilas, a companhia quer expandir negócios relacionados a prestação de serviços como, por exemplo, consultorias pedagógica, estratégica e financeira para escolas. Hoje, a venda desse tipo de serviço já representa mais de 50% do faturamento no Brasil e quase 40% no mundo. Esse percentual no país é superior devido aos sistemas de ensino, que demandam consultoria para professores. Atualmente, mais de 540 mil alunos estudando com os sistemas de ensino da Pearson no Brasil.

Entre as novidades da Pearson neste ano está a venda de assessoria financeira e comercial – até com intermediação junto a bancos – para escolas que tenham interesse em expandir o negócio. “Como a Pearson é um grupo grande, temos melhores juros e condições de prazo para obter crédito em bancos e com fornecedores para compra de material e equipamentos”, disse Mekler Nunes, diretor superintendente da área de educação básica da Pearson. O grupo também presta consultoria para definir perfis de escolas mais adequados para certas regiões. A Pearson tem planos de assumir a gestão de escolas de educação básica. “Na Índia, a Pearson assumiu a operação de 35 escolas em 25 cidades. Pensamos em adotar esse modelo no Brasil a partir deste ano”, disse o diretor da área de educação básica da Pearson.

Um dos pontos fortes da companhia é a consultoria pedagógica, que engloba desde a adoção de um currículo bilíngue até capacitação de professores para o aprendizado com plataformas digitais. Há uma grande demanda por esse tipo de treinamento, pois há um número crescente de escolas usando tablets, por exemplo, em salas de aulas – e a maioria dos professores não aprendeu a usar essas novas ferramentas ainda. No ano passado, a Pearson realizou 2 mil cursos de desenvolvimento profissional para 25 mil professores. “Com a tecnologia, a forma de ministrar aulas mudou. Hoje, os alunos têm outras demandas e muitos professores ainda estão ensinando pelo método antigo”, disse Nunes.

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Beth Koike, do Valor Econômico