Em sua coluna de domingo [3/9/06], a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, tratou do ‘sagrado espaço’ das capas dos jornais. ‘Leitores pensam que as matérias mais importantes do dia têm de estar lá. Os editores também, mas eles querem mais do que isto. Eles querem uma mistura de matérias que atraia os leitores para o jornal, mas querem também que eles ‘mergulhem’ no interior do jornal para saber mais’, avalia ela.
Segundo a ombudsman, o Post é mais tradicional em sua capa do que no seu interior, mas os leitores são ainda mais tradicionais do que o Post. O leitor Michael D. Tate afirmou não gostar de matérias sem valor de notícia na capa, como artigos sobre assuntos cotidianos. Já o leitor que se identificou apenas como Gary disse achar ridículo o Post colocar fotos sem importância na primeira página, como algumas dos jogadores de futebol americano em banheira quente, com tantos fatos mais importantes acontecendo no mundo.
‘O que deve ser colocado na página 1?’. Deborah fez a pergunta ao editor-executivo Leonard Downie Jr. ‘Nós definitivamente queremos indicar aos leitores o que é mais importante no noticiário. Queremos mostrar artigos que só podem ser encontrados no Washington Post. Queremos surpreender e fazer com que os leitores se interessem por nossas histórias. Queremos fazer isto tudo e fornecer um apanhado das notícias do dia, sejam elas locais, nacionais ou internacionais’, respondeu ele.
Deborah também questionou como as matérias são escolhidas para serem impressas na capa. Os editores encontram-se duas vezes ao dia para falar sobre a edição do dia seguinte. No encontro das duas da tarde, os editores das seções falam sobre suas melhores matérias para a página 1. Ao fim da reunião, o editor-chefe presente decide quais são as melhores para a capa.
Segundo a ombudsman, os editores querem fortes matérias locais para a capa, porque o Post é um jornal local. Antes do encontro da noite, há uma outra discussão sobre as matérias de capa e as primeiras páginas das seções, já diagramadas, são mostradas. Geralmente, a capa fica com seis matérias – aquelas mais importantes do dia e também as que focam o lado humano, geralmente com fotos. ‘A capa não quer ser desinteressante’, conclui Deborah.