Embora se apresente como o quinto maior produtor mundial de conteúdos para TV, a BBC ainda se esforça para ser um player verdadeiramente global. Segundo o presidente de mercados globais da BBC Worldwide, o braço comercial da TV pública britânica, Paul Dempsey, 75% das vendas de conteúdos da empresa são para países de língua inglesa, notadamente Reino Unido, EUA e Austrália. A América Latina representa apenas 2% do faturamento global da companhia. “Deveria ser 10%”, disse Dempsey, que apresentou na manhã desta segunda, 19, a décima edição do Showcase BBC, no Rio de Janeiro. Parte deste desejo está refletido na estratégia de investir em um time para a região e deslocar o centro de decisões sobre a América Latina de Londres para Miami (leia aqui).
Se já tem uma presença forte no Brasil pela distribuição de seus conteúdos e formatos na TV aberta e na TV paga, a BBC Worldwide batalha agora para distribuir seus canais. O BBC HD foi lançado há cerca de um ano e continua restrito a parte da base HD da Net (estima-se cerca de 800 mil assinantes no pacote em que o canal está) e em outras operações de menor porte. Não conseguiu ainda a distribuição na Sky, mas deve entrar na OiTV quando a operadora começar a usar seu novo satélite, o SES-6, no final do ano. A BBC ainda espera distribuir seus demais canais, como o infantil Cbeebies, e não apenas o BBC HD.
Dempsey admite a dificuldade de conseguir distribuição no mercado brasileiro. “Chegamos depois no mercado de pay TV, somos entrantes”, disse a este noticiário. “Mas com isso também temos algumas vantagens. Somos flexíveis, podemos oferecer vários negócios, estamos fortes no digital, nossos programas já são conhecidos e exibidos”, concluiu. A baixa distribuição mina os planos da companhia de produzir conteúdo nacional. O BBC HD vem cumprindo as cotas de programação com aquisições, mas desligou o único profissional que mantinha no Brasil dedicado ao conteúdo local, Yuri Teixeira, cujo contrato terminou em maio e não foi renovado. Segundo o VP executivo para a América Latina, Fred Medina, o canal precisa de produções locais, mas hoje não tem recursos para produzi-las.
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André Mermelstein, do Tela Viva