O Grupo Traffic confirmou, através de comunicado oficial divulgado na noite de quinta-feira (5/9), a venda do jornal Diário de S. Paulo e dos títulos integrantes da Rede Bom Dia de Comunicações para a Cereja Comunicação Digital, que tem entre seus sócios Mário Cuesta, também dono da editora RMC e da gráfica GMA, em Jarinu (SP).
Segundo o comunicado, o negócio foi fechado na segunda-feira, dia 2 de setembro. “Em razão de um compromisso de confidencialidade entre as empresas os detalhes não serão divulgados”, afirma o texto.
A edição desta semana de Meio & Mensagem deu detalhes da negociação em curso. Desde janeiro, o empresário J. Hawilla colocou à venda a Rede Bom Dia, que publica oito jornais em cidades do interior paulista, como Jundiaí, Bauru, Sorocaba e São José do Rio Preto, além de uma edição para o ABCD, na região metropolitana. Mas o Diário de S. Paulo atraiu mais interessados.
Cuesta fechou negócio e optou por concretizá-lo através da figura jurídica da Cereja Digital, empresa de mídia out-of-home criada em 2007 que, entre outras operações, possui monitores em 87 hipermercados Extra, em 17 estados.
Negócio insustentável
A trajetória do Diário tem sido uma das mais difusas entre os impressos tradicionais da capital paulista. Fundado em 1884 por José Maria Lisboa com o nome Diário Popular, permaneceu na família até 1988, quando foi vendido ao ex-governador Orestes Quércia. Por sua vez, o empresário e político repassou o veículo à Infoglobo, em 2001, por R$ 200 milhões, quando o jornal tinha, em média, circulação de 130 mil exemplares por dia.
O grupo carioca desejava ter uma operação impressa na capital paulista, das poucas atividades de mídia que não exercia em São Paulo. Mudou o nome do jornal, resgatando uma antiga marca dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, sem relação direta com a origem do Diário Popular. A gestão, no entanto, amargou quedas seguidas de circulação – o jornal chegou a vender 30 mil exemplares –, e foi acusada de distanciar o título do cidadão paulistano ao tentar imprimir um contexto mais nacional, influenciada pela linha de O Globo.
Em 2009, a Infoglobo passou o jornal a J. Hawilla, proprietário da empresa de marketing esportivo Traffic, da TV Tem e da Rede Bom Dia. A nova gestão tratou de reabilitar o gosto do público paulistano pelo diário, elevando a circulação para 50 mil exemplares, média que mantém até hoje.
Apesar de ter estancado a tiragem, as receitas do impresso não melhoraram e o negócio – assim como os nove títulos da Rede Bom Dia – se mostrou insustentável. Desde 16 de abril de 2011, a sede do Diário de S. Paulo funciona em Osasco, junto às operações da Rede Bom Dia.
Hawilla chegou a contratar consultorias, realizar enxugamentos e renovar o projeto, mas sem o efeito esperado. Rumores de mercado sobre o preço em negociação da gráfica e do Diário vão de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões.
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Igor Ribeiro, do Meio & Mensagem