Como os atentados do 11/9 mudaram as notícias? O Project for Excellence in Journalism, iniciativa da Faculdade de Jornalismo da Universidade de Columbia, levantou a questão [11/9/06] e observou que, tomando como parâmetro os noticiários noturnos americanos, os ataques terroristas em Washington e Nova York geraram um aumento da cobertura do conflito global e de notícias de política externa, e causaram diminuição da cobertura de assuntos locais. Entretanto, a mistura de notícias hard news (de última hora) com matérias de comportamento manteve-se a mesma neste tipo de programa.
Tais informações foram divulgadas no relatório Tyndall da empresa ADT Research, que monitora os telejornais noturnos nos EUA. O relatório examinou quatro anos de telejornais nas redes ABC, CBS e NBC anteriores a 2001 (ou seja, de 1997 a 2000), e os quatro anos posteriores (de 2002 a 2005). O número de minutos destinados à cobertura de política externa subiu 102%; de conflito armado, 69%; e de terrorismo, 135%. Já assuntos domésticos registraram queda de 50%. Temas envolvendo drogas, cigarro e bebidas diminuíram 66%.
Um aumento de notícias estrangeiras não é surpreendente; tropas americanas estão atualmente lutando no Iraque e no Afeganistão e o tema do terrorismo é uma preocupação em todo o mundo. No entanto, o que é menos óbvio é o efeito na mudança no tom geral dos telejornais. O autor do relatório, Andrew Tyndall, afirmou que seu trabalho sugere que são os eventos, e não os jornalistas que cobrem os eventos, que determinam o conteúdo dos noticiários. ‘A grande lição é que nós exageramos na influência que os jornalistas têm no ‘agenda setting’ (hipótese segundo a qual a mídia tem o poder de determinar as pautas do dia)’, observou.