Foi lançado na semana passada o projeto Faculty Media Impact, que faz um ranking dos departamentos de ciências sociais de 94 universidades americanas de acordo com o contato de seus professores com a mídia. Coordenado por Rob Borofsky, professor de Antropologia da Universidade do Havaí, o projeto baseou-se em pesquisas no arquivo do Google News para descobrir a frequência com que quase 13 mil professores apareceram em seis mil veículos jornalísticos entre 2006 e 2011. As citações de cada departamento foram computadas, dividas pelo número de professores e ranqueadas relativamente ao financiamento federal recebido pelos programas.
Segundo Borofsky, que dirige o Centro para uma Antropologia Pública, “todos reclamam de citações, mas as usam, e todos reclamam de rankings, mas os usam”. Ele reconhece que seus esforços são imperfeitos, mas disse que as críticas ao método não encerram a discussão sobre como medir o engajamento público da academia.
Borofsky restringiu sua pesquisa a cientistas sociais porque “pessoas lidando com ciências sociais deveriam lidar com preocupações sociais”. Segundo ele, a ausência de incentivos estruturais é um fator que reprime o engajamento cívico. Acadêmicos são julgados por sua pesquisa e ensino, mas “não há recompensa para o serviço cívico”. O professor espera que sua metodologia possa ser adotada por comitês de incentivo.
Citações
O site do projeto ranqueia cada instituição e diz qual dos seus departamentos de ciências sociais pontuou mais. Ele também quantifica o número de citações de cada acadêmico, que reflete a média de aparições do professor na imprensa. O maior número foi de 50 aparições e 40% dos membros contabilizados não tiveram citações na mídia.
Pelo ranking do projeto, em primeiro lugar aparece a Rice University, em Houston, no Texas, seguida pela Southern Methodist University, em Dallas, também no Texas, e pelo Massachusetts Institute of Technology, o MIT, em Cambridge. Segundo o presidente da Rice University, a instituição encoraja seus professores a falar com a mídia, mas muita pesquisa de alta qualidade não é interessante para o público.
George Armelagos, professor de Antropologia da Emory University, em Atlanta, vê mérito no uso de citações, mas com ressalvas. “Podem ser úteis se forem verdadeiras”, disse. Segundo ele, aparições na mídia podem beneficiar a universidade e seus programas, por ser um meio de chamar atenção para um departamento. No entanto, ele diz que a cultura acadêmica sempre desencoraja seus membros a procurar a atenção da mídia, especialmente quando estão começando suas carreiras.
De acordo com Daniel W. Drezner, professor na Tufts University, em Medford, Massachusetts, também há pouca recompensa e muitos riscos ao se engajar com a mídia, pois ideias complicadas frequentemente são mal interpretadas, mal representadas ou resumidas, perdendo, muitas vezes, suas nuances.