O jornalista americano Glenn Greenwald, responsável por divulgar os documentos vazados pelo ex-técnico da Agência de Segurança Nacional dos EUA Edward Snowden, anunciou na terça-feira (15/10) sua saída do jornal The Guardian. Greenwald, que também é advogado e escritor, mora no Rio de Janeiro e trabalhava no diário britânico desde 2012.
“Minha parceria com o Guardian foi extremamente prolífica e completa. Eu tenho grande estima pelos editores e jornalistas com quem trabalhei e tenho muito orgulho do que conquistamos”, escreveu ele em seu blog. “A decisão de sair não foi fácil, mas eu recebi uma oportunidade única que nenhum jornalista poderia recusar”.
Jennifer Lindauer, porta-voz do Guardian, elogiou Greenwald, classificando-o de “extraordinário”. “Foi fantástico trabalhar com ele. Nosso trabalho em conjunto no último ano demonstrou o papel crucial que o jornalismo investigativo responsável pode ter em fiscalizar os que estão no poder”, dizia a declaração. “Estamos, é claro, desapontados com a decisão de Glenn de seguir em frente, mas compreendemos o apelo desta nova função que foi oferecida a ele. Desejamos tudo de bom”.
Site de notícias
Em sua declaração, o jornalista não entrou em detalhes sobre a “oportunidade única” que recebeu porque, segundo ele, a notícia de sua saída do Guardian vazou antes do tempo. A notícia foi dada pelo site BuzzFeed, que afirmou se tratar de um veículo de internet financiado por um filantropo. Em entrevista ao site, Greenwald contou que continuará a morar no Brasil e que terá uma equipe no Rio de Janeiro, mas que a organização terá como centros principais Nova York, Washington e São Francisco. Segundo ele, o veículo será um site de notícias. “Eu estou trabalhando no processo inteiro, mas meu foco sera a unidade de jornalismo politico”.
Ao longo desta quarta-feira (16/10), surgiram especulações sobre o projeto de Greenwald, até que foi confirmado se tratar de um site financiado pelo fundador do eBay, Pierre Omidyar. Em entrevista ao crítico de mídia Jay Rosen, professor de jornalismo da NYU, o empresário afirmou que investiria, inicialmente, 250 milhões de dólares no projeto, ainda sem nome. A decisão de criar o site surgiu de sua “preocupação sobre a liberdade de imprensa nos EUA e no resto do mundo” e, segundo ele, todo o lucro será reinvestido no jornalismo.
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